quinta-feira, 10 de junho de 2010

A bola da copa ganha críticas: até onde a discussão tem fundamento?


08/06/2010 - vermelho.org.br

Bruno Padron: A bola da discórdia

Desde 1970 a Copa do Mundo ganhou bola própria, desenhada e desenvolvida para contribuir com o espetáculo. A deste ano, Jabulani (celebração em bantu, um dos dialetos sulafricanos) vem sendo muito criticada por brasileiros, espanhóis, dinamarqueses, uruguaios... Só nos resta saber se a discórdia é puramente técnica ou comercial.

Por Bruno Padron
A bola, para quem gosta de futebol, é quase uma divindade. Há quem a trate com tanto carinho que a associa a um grande amor, havendo reciprocidade entre os amantes. Quão mais se dá amor a bola, mais ela demonstra gratidão. E aí vale dormir junto, conversar, fazer cafuné... Qualquer gesto que possibilite à bola retribuir e repousar onde todo mundo quer, dentro do gol. Este, por sinal, é visto como um orgasmo, mas para o Parreira é só um detalhe.

Se o objetivo fundamental do jogo é o gol, nada melhor do que o desenvolvimento de novas tecnologias na confecção da bola onde o privilégio seja dado aos atacantes. Resumindo, quem a projeta pensa nela balançando as redes.

Por isso, é até natural que os goleiros sempre reclamem. Mas quem disse que vida de goleiro era fácil? Afinal de contas, onde eles jogam nem a grama tem coragem de nascer.

Mas as críticas à Jabulani não se restringem aos goleiros. O centroavante Luis Fabiano a chamou de “sobrenatural”, ao comentar sobre o destino incerto da bola quando esta parte dos pés ou da cabeça rumo ao gol. Os mais comedidos, como Xabi Alonso, da Espanha, disseram que ela era “diferente”. De fato, as principais reclamações dizem respeito a chutes e cruzamentos, cuja trajetória da bola é sinuosa em demasia.

É compreensível que bolas novas tragam alguma dificuldade de adaptação, e existem bolas melhores e piores mesmo, mas a classificação desta como mais um adversário soa como exagero. E este pode ser justificado pela sua marca.

A bola da Copa é fabricada pela patrocinadora da FIFA, e no futebol de hoje, onde jogadores usam até roupas íntimas por contrato, as críticas carecem de maior credibilidade. Por mais autoritária que seja a concepção da bola, ao não ouvir os principais atores do espetáculo, os contratos individuais dos atletas com outras marcas colocam sob suspeita as opiniões sobre a bola. Até mesmo os jogadores patrocinados pela mesma tem suas impressões cercadas de dúvidas.

No fim da Copa, quem vencer nada mais dirá sobre a bola e toda essa polêmica será esquecida. E esse tipo de assunto só ganha importância quando existem vários jogadores na Copa que não sabem exatamente o que fazer com a redonda. Sinal dos tempos...

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