terça-feira, 31 de agosto de 2010

A desmercantilização da informação

Reproduzido do conversaafiada.com.br

Emir: internet é a desmercantilização da informação

Publicado em 27/08/2010
Emir Sader: a nova mídia tem compromisso com o direito de todos


O Conversa Afiada tem o prazer de reproduzir o artigo que Emir Sader escreveu a pedido do Azenha, do Viomundo.
No I Encontro dos Blogueiros, promovido pelo Instituto Barão de Itararé, a intervenção de Emir abriu, com brilhantismo, essa discussão.
Clique aqui para ler Blogueiros apoiam Cloaca e processam Serra.

Leia, na integra o post do Emir:



ESFERA PUBLICA X ESFERA MERCANTIL


O neoliberalismo é a realização máxima do capitalismo: transformar tudo em mercadoria. Foi assim que o capitalismo nasceu: transformando a força de trabalho (com o fim da escravidão) e as terras em mercadorias. Sua história foi a crescente mercantilização do mundo.

A crise de 1929 – de que o liberalismo foi unanimemente considerado o responsável – gerou contratendências, todas antineoliberais: o fascismo (com forte capitalismo de Estado), o modelo soviético (com eliminação da propriedade privada dos meios de produção) e o keynesianismo (com o Estado assumindo responsabilidades fundamentais na economia e nos direitos sociais).

O capitalismo viveu seu ciclo longo mais importante do segundo posguerra até os anos 70. Quando foi menos liberal, foi menos injusto. Vários países – europeus, mas também a Argentina – tiveram pleno emprego, os direitos sociais foram gradualmente estendidos no que se convencionou chamar de Estado de bem-estar-social.

Esgotado esse ciclo, o diagnóstico neoliberal triunfou, voltando de longo refluxo: dizia que o que tinha levado a economia à recessão era a excessiva regulamentação. O neoliberalismo se propôs a desregulamentar, isto é, a deixar circular livremente o capital. Privatizações, abertura de mercados, “flexibilização laboral” – tudo se resume a desregulamentações.

Promoveu-se o maior processo de mercantilização que a história conheceu. Zonas do mundo não atingidas ainda pela economia de mercado (como o ex-campo socialista e a China) e objetos de que ainda usávamos como exemplos de coisas com valor de uso e sem valor de troca (como a água, agora tornada mercadoria) – foram incorporadas à economia de mercado.

A hegemonia neoliberal se traduziu, no campo teórico, na imposição da polarização estatal/privado como o eixo das alternativas. Como se sabe, quem parte e reparte fica com a melhor parte – privado – e esconde o que lhe interessa abolir – a esfera pública. Porque o eixo real que preside o período neoliberal se articula em torno de outro eixo: esfera pública/esfera mercantil.

Porque a esfera do neoliberalismo não é a privada. A esfera privada é a esfera da vida individual, da família, das opções de cada um – clube de futebol, música, religião, casa, família, etc.. Quando se privatiza uma empresa, não se colocam as ações nas mãos dos indivíduos – os trabalhadores da empresa, por exemplo -, se jogam no mercado, para quem possa comprar. Se mercantiliza o que era um patrimônio público.

O ideal neoliberal é construir uma sociedade em que tudo se vende, tudo se compra, tudo sem preço. Ao estilo shopping center. Ou do modo de vida norteamericano, em que a ambição de todos seria ascender como consumidor, competindo no mercado, uns contra os outros.

O neoliberalismo mercantilizou e concentrou renda, excluiu de direitos a milhões de pessoas – a começar os trabalhadores, a maioria dos quais deixou de ter carteira de trabalho, de ser cidadão, sujeito de direitos -, promoveu a educação privada em detrimento da publica, a saúde privada em detrimento da pública, a imprensa privada em detrimento da pública.

O próprio Estado se deixou mercantilizar. Passou a arrecadar para, prioritariamente, pagar suas dívidas, transferindo recursos do setor produtivo ao especulativo. O capital especulativo, com a desregulamentação, passou a ser o hegemônico na sociedade. Sem regras, o capital – que não é feito para produzir, mas para acumular – se transferiu maciçamente do setor produtivo ao financeiro, sob a forma especulativa, isto é, não para financiar a produção, a pesquisa, o consumo, mas para viver de vender e comprar papéis – de Estados endividados ou de grandes empresas -, sem produzir nem bens, nem empregos. É o pior tipo de capital. O próprio Estado se financeirizou.

O neoliberalismo destruiu as funções sociais do Estado e depois nos jogou como alternativa ao mercado: se quiserem, defendam o Estado que eu destruí, tornando-o indefensável; ou venham somar-se à esfera privada, na verdade o mercado disfarçado.

Mas se a esfera neoliberal é a esfera mercantil, a esfera alternativa não é a estatal. Porque há Estados privatizados, isto é, mercantilizados, financeirizados; e há Estados centrados na esfera pública. A esfera pública é centrada na universalização dos direitos. Democratizar, diante da obra neoliberal, é desmercantilizar, colocar na esfera dos direitos o que o neoliberalismo colocou na esfera do mercado. Uma sociedade democrática, posneoliberal, é uma sociedade fundada nos direitos, na igualdade dos cidadãos. Um cidadão é sujeito de direitos. O mercado não reconhece direitos, só poder de comprar, é composta por consumidores.

Na esfera da informação, houve até aqui predomínio absoluto da esfera mercantil. Para emitir noticias era necessário dispor de recursos suficientes para instalar condições de ter um jornal, um rádio, uma TV. A internet abriu espaços inéditos para a democratização da informação.

A democratização da mídia, isto é, sua desmercantilização, a afirmação do direito a expressar e receber informações pluralistas, tem que combinar diferentes formas de expressão e de mídia. A velha mídia é uma mídia mercantil, composta de empresas financiadas pela publicidade, hoje aderida ao pensamento único. Uma mídia composta por empresas dirigidas por oligarquias familiares, sem democracia nem sequer nas redações e nas pautas dos meios que a compõem.

A nova mídia, por sua vez, é uma mídia barata nos seus custos, pluralista, crítica. O novo espaço criado pelos blogueiros progressistas faz parte da esfera pública, promove os direitos de todos, a democracia econômica, política, social e cultural. A esfera pública tem expressões estatais, não- estatais, comunitárias. Todas comprometidas com os direitos de todos e não com a seletividade e a exclusão mercantil.

São definições a ser discutidas, precisadas, de forma democrática, aberta, pluralista, de um fenômeno novo, que prenuncia uma sociedade justa, solidária, soberana. A possibilidade com que estão comprometidos Dilma e Lula de uma Constituinte autônoma permite que se possa discutir e levar adiante processos de democratização do Estado, de sua reforma em torno das distintas formas de esfera pública, desmercantilizando e desfinanceirizando o Estado brasileiro.

Dilma dispara

Do viomundo.com.br

28 de agosto de 2010 às 9:37

Dilma tem 24 pontos de vantagem; 12% ainda não sabem que é candidata de Lula

Dilma abre 24 pontos de vantagem sobre Serra na pesquisa Ibope
Crescimento da candidata petista foi de oito pontos porcentuais se comparado ao levantamento anterior feito pelo mesmo instituto
28 de agosto de 2010 | 0h 00

Daniel Bramatti – O Estado de S.Paulo


Após dez dias de exposição dos candidatos à Presidência no horário eleitoral, a petista Dilma Rousseff abriu 24 pontos de vantagem sobre o tucano José Serra. Se a eleição fosse hoje, ela venceria no primeiro turno, com 59% dos votos válidos.
Segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, Dilma chegou a 51% das intenções de voto, um crescimento de oito pontos porcentuais em relação ao levantamento anterior do mesmo instituto, feito às vésperas do início da propaganda eleitoral.
Desde então, Serra passou de 32% para 27%. Marina Silva, do PV, oscilou de 8% para 7%. Somados, os adversários da petista têm 35 pontos, 16 a menos do que ela.
A performance de Dilma já se equipara à de Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de 2006. Na época, no primeiro turno, o então candidato petista teve 59% dos votos válidos como teto nas pesquisas.
Geografia do voto.
Dilma ultrapassou Serra em São Paulo (42% a 35%) e tem o dobro de votos do adversário (51% a 25%) em Minas Gerais – respectivamente primeiro e segundo maiores colégios eleitorais do País.
No Rio de Janeiro, terceiro Estado com a maior concentração de eleitores, a candidata do PT abriu nada menos do que 41 pontos de vantagem em relação ao tucano (57% a 16%).
Na divisão do eleitorado por regiões, Dilma registra a liderança mais folgada no Nordeste, onde tem mais que o triplo de votos do rival (66% a 20%%). No Sudeste, ela vence por 44% a 30%, e no Norte/Centro-Oeste, por 56% a 24%.
A Região Sul é a única em que há empate técnico: Dilma tem 40% e Serra, 35%. A margem de erro específica para a amostra de eleitores dessa região chega a cinco pontos porcentuais. Mas também entre os sulistas se verifica a tendência de crescimento da petista: ela subiu cinco pontos porcentuais na região, e o tucano caiu nove.
Ricos e pobres. A segmentação do eleitorado por renda mostra que a candidata do PT tem melhor desempenho entre os mais pobres. Dos que têm renda familiar de até um salário mínimo, 58% manifestam a intenção de votar nela, e 22% em Serra.
Na faixa de renda logo acima – de um a dois salários mínimos -, o placar é de 53% a 26%. Há um empate entre a petista (39%) e o tucano (38%) no eleitorado com renda superior a cinco salários.
Também há empate técnico entre ambos no segmento da população que cursou o ensino superior. Nas demais faixas de escolaridade, Dilma vence com 25 a 28 pontos de vantagem.
A taxa de rejeição à candidata petista oscilou dois pontos para baixo, mas se mantem praticamente a mesma desde junho, próxima dos 17%. No caso do candidato tucano, 27% afirmam que não votariam nele em nenhuma hipótese.
A disparada da candidata apoiada pelo presidente Lula disseminou a expectativa de que ela vença a eleição. Para dois terços da população, a ex-ministra tomará posse em janeiro como sucessora do atual presidente. Apenas 19% dos eleitores acham que Serra será o vitorioso.
Mulheres. Com boa parte de sua propaganda direcionada à conquista do eleitorado feminino – dando destaque à possibilidade de uma mulher assumir pela primeira vez a Presidência -, Dilma cresceu mais entre as mulheres (nove pontos) que entre os homens (cinco pontos).
Na simulação de segundo turno, a vantagem de Dilma entre as mulheres é agora praticamente a mesma que entre os homens, um fato inédito na campanha. O próprio Lula sempre teve mais votos entre os homens.
A pesquisa mostra que 57% dos eleitores já assistiram a pelo menos um programa do horário eleitoral.
Segundo o Ibope, 50% dos brasileiros preferem votar em um candidato apoiado pelo presidente, e 9% tendem a optar por um representante da oposição. Do total do eleitorado, 88% sabem que Dilma é a candidata de Lula.
O governo do presidente é considerado ótimo ou bom por 78% dos brasileiros. Outros 4% consideram a gestão Lula ruim ou péssima.

Mercadante à caminho da virada em Sampa

Publicado no viaomundo.com.br

28 de agosto de 2010 às 9:54

Ibope: Mercadante sobe 9 pontos e Alckmin cai 3

Ibope: Mercadante cresce 9 pontos em SP; Alckmin lidera com 47%
28 de agosto de 2010 • 06h05 • atualizado às 08h59

do Terra


O candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, lidera a corrida eleitoral com 47% das intenções de voto e venceria no primeiro turno caso as eleições fossem hoje, é o que aponta a pesquisa Ibope divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo neste sábado (28). Aloizio Mercadante (PT) cresceu nove pontos e agora registra 23%, seguido por Celso Russomanno (PP) que foi lembrado por 8% dos entrevistados.
De acordo com a última pesquisa Ibope, divulgada no dia 30 de julho, o candidato tucano tinha 50% das intenções de voto contra 14% de Mercadante.
Segundo o novo levantamento, o candidato do PSB, Paulo Skaf, tem 2% e Fábio Feldmann (PV), 1%. Os outros candidatos não pontuaram. Os votos brancos e nulos somam 7%. Enquanto 11% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.
Na pesquisa espontânea – quando não é apresentada ao eleitor uma lista com o nome dos candidatos – Alckmin aparece à frente com 29% das intenções de voto. Mercadante tem 18%, seguido por Celso Russomanno que assinalou 4%. Paulo Skaf e Anaí Caproni pontuaram 1%. Os demais candidatos não foram citados. Votos brancos e nulos somam 8% e 38% dos eleitores se mostraram indecisos.
Encomendada pelo jornal O Estado de S. Paulo e pela Rede Globo , a pesquisa foi realizada entre os dias 23 e 28 de agosto, com 1204 entrevistados em todo Estado, e registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 23 de agosto de 2010, sob o número 26048/2010.
*****
Minas Gerais
Antonio Anastasia 35%; Hélio Costa 33%
DF
Roriz 36%; Agnelo Queiroz 36%
Rio
Cabral 56%; Gabeira 14%
Pernambuco
Eduardo Campos 69%; Jarbas 20%
Senado em SP
Marta 36%; Netinho 24%; Quércia 21%; Tuma 14%

Dilma mostra que tem brilho próprio e não é efêmera como obra de marketing político

Os erros fatais da aposta no "poste"

Mais sábio dos estrategistas do DEM, no segundo semestre do ano passado o ex-deputado Saulo Queiroz confidenciava a jornalistas: quando Dilma começar a aparecer na campanha, estaremos perdidos. Saulo estava empenhado em demonstrar ao partido que Aécio Neves seria o único candidato competitivo. Mas pegara a fantasia da mídia de que o "poste" Dilma Rousseff jamais decolaria.
O desesperado Saulo tentava desviar o partido do Titanic que se avizinhava. Fazendo tratamento quimioterápico, com peruca para esconder a perda de cabelos, Dilma já estava saindo da toca. Imagine quando tivesse os cabelos de volta, todo arrumadinho e começar a soltar a prosa mineira com naturalidade, insistia ele, em pânico porque, na outra ponta, o que se tinha a oferecer era José Serra.
Em vão! Assim como acreditou nos analistas econômicos em 1998, e não se preveniu para a maxidesvalorização, agora a mídia acreditava cegamente nos analistas políticos - e insistia que bastaria o "poste" ser exposto à luz da campanha para desaparecer.
Até duas semanas atrás, dia sim, dia não, os gênios da análise política diziam - e Serra repetia - que a campanha estava escondendo Dilma. A candidata saía de um tiroteio na CBN. E era acusada de estar sendo escondida. Enfrentava o Roda Viva, e a acusação persistia.
Diziam isso ao mesmo tempo em que acusavam Lula de dar super-exposição a Dilma.
Agora, Dilma aparece. Conclusão: pegou a herança de votos de Lula e começa a ampliar com seus próprios votos. Em São Paulo, Lula atrai o voto petista; Dilma está avançando nos votos tucanos.
E está a inspirar os analistas póstumos do jornal


Da Folha
Imagem de Dilma perante o eleitor mostra avanço além da tutela de Lula
MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
ALESSANDRO JANONI
DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA



Na última pesquisa Datafolha, Dilma Rousseff (PT) abriu 20 pontos de vantagem sobre José Serra (PSDB) na disputa pela Presidência. Ela ampliou seu alcance a todos os segmentos sociais, tornou-se mais conhecida, cristalizou o vínculo com Lula e começa a transmitir, de acordo com os dados publicados hoje, que tem luz própria.
A simpatia pela candidatura petista espraiou-se inclusive em redutos sagrados do tucanato, como o Estado de São Paulo, sua capital e os segmentos mais elitizados do eleitorado. E essa evolução, principalmente em território inimigo, dá-se mais pela imagem da criatura do que pela tutela de seu criador.
O grupo de eleitores que quer votar na candidata de Lula, mas não o faz por desconhecer Dilma, é hoje residual. Dos oito pontos que a ex-ministra ganhou no último mês, apenas três vieram do estrato fiel ao presidente. A maior parte chegou de subconjuntos que não são totalmente favoráveis a Lula.
A petista conseguiu, nesse espaço de tempo, comunicar a segurança da continuidade e associar sua imagem à capacidade técnica necessária para assumir o cargo que pleiteia, sem o contraponto de uma oposição clara e contundente a essas mensagens.
Sem considerar a cobertura jornalística, com entrevistas e agenda em horário nobre, e projetando-se apenas os 35% de brasileiros que dizem ter visto a propaganda petista na TV, tem-se cerca de 47 milhões de eleitores.
Eles viram a petista em seu momento mais confortável, sem o ruído negativo de, por exemplo, alguma pergunta incômoda. E para a maioria, segundo o Datafolha, Dilma é a candidata com melhor desempenho na TV.
O saldo é a percepção predominante, neste momento, de que a petista é a mais preparada para manter a estabilidade econômica, defender os pobres, combater a violência, cuidar da educação, combater o desemprego e até a mais simpática.
Sobraram a Serra, até aqui, o alento de sua experiência política, o recall da área da saúde e a pecha de defensor dos ricos.
Dizer que Dilma não é Lula é insuficiente. Neste momento, pode até ser positivo para a petista. A Dilma, por outro lado, basta manter a aura conquistada. A ex-ministra deve provar que não é efêmera, como qualquer moda impulsionada pelo marketing.

Dilma dispara também no Ibope

Dilma abre 24 pontos de vantagem sobre Serra na pesquisa Ibope

Crescimento da candidata petista foi de oito pontos porcentuais se comparado ao levantamento anterior feito pelo mesmo instituto

28 de agosto de 2010 | 0h 00
  • Daniel Bramatti - O Estado de S.Paulo
Após dez dias de exposição dos candidatos à Presidência no horário eleitoral, a petista Dilma Rousseff abriu 24 pontos de vantagem sobre o tucano José Serra. Se a eleição fosse hoje, ela venceria no primeiro turno, com 59% dos votos válidos.
Segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, Dilma chegou a 51% das intenções de voto, um crescimento de oito pontos porcentuais em relação ao levantamento anterior do mesmo instituto, feito às vésperas do início da propaganda eleitoral.
Desde então, Serra passou de 32% para 27%. Marina Silva, do PV, oscilou de 8% para 7%. Somados, os adversários da petista têm 35 pontos, 16 a menos do que ela.
A performance de Dilma já se equipara à de Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de 2006. Na época, no primeiro turno, o então candidato petista teve 59% dos votos válidos como teto nas pesquisas.
Geografia do voto. Dilma ultrapassou Serra em São Paulo (42% a 35%) e tem o dobro de votos do adversário (51% a 25%) em Minas Gerais - respectivamente primeiro e segundo maiores colégios eleitorais do País.
No Rio de Janeiro, terceiro Estado com a maior concentração de eleitores, a candidata do PT abriu nada menos do que 41 pontos de vantagem em relação ao tucano (57% a 16%).
Na divisão do eleitorado por regiões, Dilma registra a liderança mais folgada no Nordeste, onde tem mais que o triplo de votos do rival (66% a 20%%). No Sudeste, ela vence por 44% a 30%, e no Norte/Centro-Oeste, por 56% a 24%.
A Região Sul é a única em que há empate técnico: Dilma tem 40% e Serra, 35%. A margem de erro específica para a amostra de eleitores dessa região chega a cinco pontos porcentuais. Mas também entre os sulistas se verifica a tendência de crescimento da petista: ela subiu cinco pontos porcentuais na região, e o tucano caiu nove.
Ricos e pobres. A segmentação do eleitorado por renda mostra que a candidata do PT tem melhor desempenho entre os mais pobres. Dos que têm renda familiar de até um salário mínimo, 58% manifestam a intenção de votar nela, e 22% em Serra.
Na faixa de renda logo acima - de um a dois salários mínimos -, o placar é de 53% a 26%. Há um empate entre a petista (39%) e o tucano (38%) no eleitorado com renda superior a cinco salários.
Também há empate técnico entre ambos no segmento da população que cursou o ensino superior. Nas demais faixas de escolaridade, Dilma vence com 25 a 28 pontos de vantagem.
A taxa de rejeição à candidata petista oscilou dois pontos para baixo, mas se mantem praticamente a mesma desde junho, próxima dos 17%. No caso do candidato tucano, 27% afirmam que não votariam nele em nenhuma hipótese.
A disparada da candidata apoiada pelo presidente Lula disseminou a expectativa de que ela vença a eleição. Para dois terços da população, a ex-ministra tomará posse em janeiro como sucessora do atual presidente. Apenas 19% dos eleitores acham que Serra será o vitorioso.
Mulheres. Com boa parte de sua propaganda direcionada à conquista do eleitorado feminino - dando destaque à possibilidade de uma mulher assumir pela primeira vez a Presidência -, Dilma cresceu mais entre as mulheres (nove pontos) que entre os homens (cinco pontos).
Na simulação de segundo turno, a vantagem de Dilma entre as mulheres é agora praticamente a mesma que entre os homens, um fato inédito na campanha. O próprio Lula sempre teve mais votos entre os homens.
A pesquisa mostra que 57% dos eleitores já assistiram a pelo menos um programa do horário eleitoral.
Segundo o Ibope, 50% dos brasileiros preferem votar em um candidato apoiado pelo presidente, e 9% tendem a optar por um representante da oposição. Do total do eleitorado, 88% sabem que Dilma é a candidata de Lula.
O governo do presidente é considerado ótimo ou bom por 78% dos brasileiros. Outros 4% consideram a gestão Lula ruim ou péssima. 

Procurando Godard

Reproduzido do Estadão

Cinema

Godard vai ganhar um Oscar honorífico – se a Academia o encontrar

Hollywood já mandou e-mails, deu telefonemas e até enviou uma carta por FedEx para ele. Mas o diretor da Nouvelle Vague só faz ignorar a indústria do cinema

 A Academia de Cinema dos Estados Unidos quer dar um Oscar honorífico ao francês Jean-Luc Godard, um dos pais da Nouvelle Vague. Mas ele não parece muito interessado em receber. Desde a última terça, Hollywood vem tentando contato com o diretor de todos os modos, sem sucesso. A academia já começa a desconfiar de que o francês a está ignorando ostensivamente.

“Nós estamos tentando fazer contato com ele desde as 7 da manhã de terça-feira, e até agora não tivemos nenhum retorno”, disse ao site
Hollywood Reporter o diretor-executivo Bruce Davis. “Já tentamos pelo telefone, fax e e-mail, por meio de vários amigos e associados. Nós até enviamos uma carta formal por FedEx.”

Godard, que já se declarou comunista, tem sido desprezado pelos americanos ao longo da sua carreira, de mais de 50 anos e 70 filmes, embora tenha sido figura proeminente da Nouvelle Vague, nos anos 1960, e tenha influenciado gente como Bernardo Bertolucci, Martin Scorsese e Steven Soderbergh.

A mudança de atitude da academia americana chama, por isso, atenção. Mas a demora na resposta de Godard não deve ser entendida necessariamente como uma retaliação do diretor francês pelo tratamento previamente recebido. Godard, de 79 anos, não possui agentes que o representem e evita a internet – seu instrumento de trabalho ainda é uma máquina datilográfica. Para piorar, mantém em segredo o número de seu telefone.

Ainda que venha a retornar as ligações da academia, a sua presença na premiação, marcada para novembro, é absolutamente incerta. Primeiro, porque Godard tem medo de avião. Segundo, porque é avesso a eventos públicos. Em 2007, ele deveria ter comparecido a uma celebração da Academia Europeia de Filmes, na qual receberia um troféu por sua vida e carreira. Na última hora, porém, resolveu ficar em casa e enviar uma mensagem enigmática em seu lugar. Agora, mais uma vez, o final da história está aberto.

Brasil perto de estar entre os 7 países mais ricos do mundo

As apostas sobre o PIB brasileiro

Por Robson Barbosa
Do Terra
Economia internacional Brasil se aproxima de ser a 7ª maior economia, mas terá desafios
Peter Fussy
Direto de São Paulo

Embora tenha quebrado o ritmo de avanço da economia brasileira, a crise global de 2008 ajudou o País a subir duas posições entre os maiores Produtos Internos Brutos (PIB) do mundo, de décimo em 2007 para oitavo lugar no ano passado. Estimativas recentes da Bloomberg apontam que a soma das riquezas geradas em território nacional entre o segundo trimestre de 2009 e o primeiro de 2010 atingiu US$ 1,8 trilhão, deixando a Espanha mais para trás e se aproximando da Itália, a sétima colocada. De acordo com economistas, o Brasil se favoreceu de uma retração dos "rivais", da valorização do câmbio e precisar superar desafios antes de se consolidar no grupo das sete maiores economias do mundo.

Dilma vence Serra em SP, por 42% a 35%

Dilma abre 24 pontos de vantagem sobre Serra na pesquisa Ibope

Crescimento da candidata petista foi de oito pontos porcentuais se comparado ao levantamento anterior feito pelo mesmo instituto

28 de agosto de 2010 | 0h 00
Daniel Bramatti - O Estado de S.Paulo

Após dez dias de exposição dos candidatos à Presidência no horário eleitoral, a petista Dilma Rousseff abriu 24 pontos de vantagem sobre o tucano José Serra. Se a eleição fosse hoje, ela venceria no primeiro turno, com 59% dos votos válidos.
Segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, Dilma chegou a 51% das intenções de voto, um crescimento de oito pontos porcentuais em relação ao levantamento anterior do mesmo instituto, feito às vésperas do início da propaganda eleitoral.
Desde então, Serra passou de 32% para 27%. Marina Silva, do PV, oscilou de 8% para 7%. Somados, os adversários da petista têm 35 pontos, 16 a menos do que ela.
A performance de Dilma já se equipara à de Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de 2006. Na época, no primeiro turno, o então candidato petista teve 59% dos votos válidos como teto nas pesquisas.
Geografia do voto. Dilma ultrapassou Serra em São Paulo (42% a 35%) e tem o dobro de votos do adversário (51% a 25%) em Minas Gerais - respectivamente primeiro e segundo maiores colégios eleitorais do País.
No Rio de Janeiro, terceiro Estado com a maior concentração de eleitores, a candidata do PT abriu nada menos do que 41 pontos de vantagem em relação ao tucano (57% a 16%).
Na divisão do eleitorado por regiões, Dilma registra a liderança mais folgada no Nordeste, onde tem mais que o triplo de votos do rival (66% a 20%%). No Sudeste, ela vence por 44% a 30%, e no Norte/Centro-Oeste, por 56% a 24%.
A Região Sul é a única em que há empate técnico: Dilma tem 40% e Serra, 35%. A margem de erro específica para a amostra de eleitores dessa região chega a cinco pontos porcentuais. Mas também entre os sulistas se verifica a tendência de crescimento da petista: ela subiu cinco pontos porcentuais na região, e o tucano caiu nove.
Ricos e pobres. A segmentação do eleitorado por renda mostra que a candidata do PT tem melhor desempenho entre os mais pobres. Dos que têm renda familiar de até um salário mínimo, 58% manifestam a intenção de votar nela, e 22% em Serra.
Na faixa de renda logo acima - de um a dois salários mínimos -, o placar é de 53% a 26%. Há um empate entre a petista (39%) e o tucano (38%) no eleitorado com renda superior a cinco salários.
Também há empate técnico entre ambos no segmento da população que cursou o ensino superior. Nas demais faixas de escolaridade, Dilma vence com 25 a 28 pontos de vantagem.
A taxa de rejeição à candidata petista oscilou dois pontos para baixo, mas se mantem praticamente a mesma desde junho, próxima dos 17%. No caso do candidato tucano, 27% afirmam que não votariam nele em nenhuma hipótese.
A disparada da candidata apoiada pelo presidente Lula disseminou a expectativa de que ela vença a eleição. Para dois terços da população, a ex-ministra tomará posse em janeiro como sucessora do atual presidente. Apenas 19% dos eleitores acham que Serra será o vitorioso.
Mulheres. Com boa parte de sua propaganda direcionada à conquista do eleitorado feminino - dando destaque à possibilidade de uma mulher assumir pela primeira vez a Presidência -, Dilma cresceu mais entre as mulheres (nove pontos) que entre os homens (cinco pontos).
Na simulação de segundo turno, a vantagem de Dilma entre as mulheres é agora praticamente a mesma que entre os homens, um fato inédito na campanha. O próprio Lula sempre teve mais votos entre os homens.
A pesquisa mostra que 57% dos eleitores já assistiram a pelo menos um programa do horário eleitoral.
Segundo o Ibope, 50% dos brasileiros preferem votar em um candidato apoiado pelo presidente, e 9% tendem a optar por um representante da oposição. Do total do eleitorado, 88% sabem que Dilma é a candidata de Lula.
O governo do presidente é considerado ótimo ou bom por 78% dos brasileiros. Outros 4% consideram a gestão Lula ruim ou péssima. 

Ciganos: o bode expiatório do racismo e do neofascismo

Matéria da Editoria:
Internacional

28/08/2010

"Prendam Carmem e Esmeralda!"
Os ciganos representam uma das comunidades mais inofensivas e pacíficas do mundo, e seus ideais figuram na bandeira que adotaram em 1971: azul em cima (o céu do país que os recebe), verde abaixo (o território em que pisam), e uma roda no meio, que simboliza o nome de seu hino: "Guedem, guedem" (andai, andai). Por sua fragilidade material e política, os povos ciganos têm sido o bode expiatório perfeito do racismo e do neofascismo que os governantes da União Européia encarnam, hoje, como Silvio Berlusconi e Nicolas Sarkozy.
Data: 26/08/2010

Para o governo da França (país berço dos direitos do cidadão e do racismo científico), o errar pelo mundo sem emprego fixo dos ciganos (ou povo rom) equivale, uma vez mais, a se levar a liberdade demasiado a sério. Mas os ciganos começaram a perambular (e não pela própria vontade) quando a França não existia como nação.

Sem uma cultura escrita que tenha esclarecido suas origens com precisão, os povos rom têm mil anos carregando de um lado para outro suas tralhas, e com o que mais lhe pesa: o clima de medos e preconceitos que todas as sociedades, religiões, culturas e regimes políticos têm deles guardado.

Os historiadores consagrados apenas os nomearam. No estudo inquietante do mundo mediterrâneo na época de Felipe II (1800 páginas), Fernando Braudel lhes dedica, em pé de página, uma só linha em que diz: “...do trato dado aos ciganos espanhóis enviados às galeras, não por causa de um delito, mas por causa da necessidade de que houvesse pessoas para remar”.

De acordo com os preconceitos da época, Cervantes narrou a história de um amor entre Preciosa e um jovem da nobreza que decide comprar a criança, raptada e criada por uma velha cigana cheia de malícia. E Shakespeare, mais indulgente, introduziu os ciganos em cinco de suas obras: Caliban, Como Gostais, Romeu e Julieta, Antônio e Cleopatra e Otelo.

No início do século XIX, quando no bairro Sacromonte, em Granada, os ciganos andaluzes começaram a difundir a arte flamenca ou ciganoandaluz que vinham aperfeiçoando desde o século XV, produziu-se um sobressalto. Fusão da voz com a guitarra e o corpo que, anós depois, consagrariam o par de mulheres mais famosas da cultura cigana: Esmeralda e Carmem, mulheres lendárias.

Esmeralda (Victor Hugo, Nossa Senhora de Paris, 1831) e Carmem (Prosper Merimée, 1845), foram algo mais que simples personagens lendárias na literatura romântica. Foram uma explosão: a revelação do que as mulheres almejavam para si, faiscando engenho, sempre se rendendo os homens e à vida que, acima de tudo, amam a liberdade.


Sensualidade recôndita
Santa Joana intuiu em seu favorito e estranho poema Primeiro sonho, e que a gramática masculina da Real Academia castigou com a definição de ciganada ou ciganear: enganos com os quais só se pode conseguir o que se deseja.

No fundo, o desejo de liberdade que José Martí entendeu assim: “Deixam na memória os ciganos as cores de um sonho brilhante...Como que persegue o cigano sem consciência um ideal que não há de encontrar jamais” (Entre flamencos, 1883).

Em El amor brujo (ballet, 1925), e Bodas de sangre (teatro, 1933), os andaluzes Manuel de Falla e Federico García Lorca sublimaram a tragédia dos ciganos. Tia Añica la Piñaraca, famosa cantora andaluz, dizia, de sua arte: quando canto com gosto, sai sangue de minha boca.

Temidos, expulsos, explorados, escravizados, marginalizados, dispersos pelo mundo, os povos rom souberam conservar sua cultura e uma férrea tradição de hábitos e costumes que, para sobreviver, não podiam senão serem muito conservadores.

Apesar das duríssimas condições de vida, os ciganos deram ao mundo personagens famosos: atores (Charles Chaplin, Yul Brynner, Michael Caine); guitarristas de jazz, rock e flamenco (Django Reinhardt, Ron Wood, Camarón de la Isla, Tomatito), bailarinas (Carmen Anaya); baladistas (Sandro, Diego el Cigala), Augusto Krogh (premio Nobel de Medicina, 1920). Até Bill Clinton se jacta de ser sobrinho tataraneto de Charles Blythe, rei dos ciganos da Escocia (1847)!

Alguns estudiosos associam o povo cigano com o povo judeu. No entanto, os ciganos não se regem por livros sagrados, não reclamam territórios, não defendem o nacionalismo e tampouco formaram grandes grupos financeiros.

Os ciganos representam uma das comunidades mais inofensivas e pacíficas do mundo, e seus ideais figuram na bandeira que adotaram em 1971: azul em cima (o céu do país que os recebe), verde abaixo (o território em que pisam), e uma roda no meio, que simboliza o nome de seu hino: Guedem, guedem (andai, andai).

Por sua fragilidade material e política, os povos rom tem sido o bode expiatório perfeito do racismo e do neofascismo que os governantes da União Européia encarnam, hoje, como Silvio Berlusconi e Nicolas Sarkozy. Ou personagens como a inglesa Viviane Reding, que preside a Comissão para Justiça e os Direitos Fundamentais dos Cidadãos Europeus (sic).

Em abril passado a senhora Redign qualificou de inaceitáveis as discriminações sofridas por essa minoria étnica (que não se dignou a nomear). Depois (muito
british, ela), retificou, dizendo que não estava a favor nem contra as propostas francesas. Ou seja, a expulsão dos ciganos do país da tolerância.

Nada de novo. Os reis Luis XII (1504), Francisco I (1538) e Carlos IX (1560) expulsaram os ciganos da França, e no início da Segunda Guerra Mundial o regime de Vichy seguiu com a tradição. Prendeu 30 mil ciganos e entregou 15 mil aos nazis que acabaram nos fornos dos crematórios.
(*) John Steinsleger é jornalista e escritor argentino e tem uma coluna no La Jornada

Tradução: Katarina Peixoto

Tudo que não era sólido se esfarela no ar

Matéria da Editoria:
Política

28/08/2010

O colapso político do projeto do PSDB no Brasil
Sem programa, sem agenda e sem candidato com cara definida, o PSDB arrasta-se pela campanha à espera de um milagre e com um objetivo central: não perder o controle de São Paulo, onde sua blindagem também começa a fazer água. O crescimento do candidato do PT, Aloisio Mercadante, já detectado por pesquisas, acendeu a luz vermelha no quartel general tucano. Mudando de identidade e de estratégia a cada semana, campanha de Serra dá sinais de desespero e tenta se agarrar em velhas denúncias requentadas. Desorientação tucana é expressão do colapso da agenda política do PSDB para o país.
Data: 27/08/2010

Por que, na contramão da maré nacional, os tucanos ainda são fortes em São Paulo? A pergunta, feita pelo sociólogo Emir Sader em seu blog nesta página, expressa a percepção cada vez mais forte de que o PSDB ingressou em uma fase de acentuado declínio. Se esse declínio é de longo, médio ou curto alcance só o tempo dirá. Mas há fatos que apontam para o fim de um ciclo político ou, ao menos, o fim de uma agenda política e econômica que, no Brasil, foi abraçada principalmente pelo PSDB. Um deles é o fato de o candidato tucano à presidência da República, José Serra, ter sido ultrapassado pela candidata Dilma Rousseff (PT) em São Paulo, o reduto mais forte do PSDB e maior colégio eleitoral do país com cerca de 30 milhões de eleitores.

Segundo o Instituto Datafolha, Dilma tem 41% das intenções de voto em São Paulo, contra 36% de Serra. Na pesquisa anterior do mesmo instituto, Dilma tinha 34% e Serra, 41%. A candidata do PT também ultrapassou Serra no Rio Grande do Sul e no Paraná. No Estado governado pela tucana Yeda Crusius, Dilma passou de 35% para 43%, enquanto Serra caiu de 43% para 39%. De modo similar, no Paraná, a candidata do PT saltou de 34% para 43% e Serra caiu de 41% para 34%.

Dilma Rousseff também está na frente dos dois maiores colégios eleitorais depois de São Paulo. Em Minas, passou de 41% para 48% (Serra caiu de 34% para 29%) e no Rio de 41% para 46% (Serra caiu de 25% para 23%). No plano nacional, ainda segundo o Datafolha (último instituto a apontar a ultrapassagem de Dilma sobre Serra), a candidata petista tem 49% das intenções de voto, contra 29% de Serra. Esses números correspondem à pesquisa divulgada pelo Datafolha dia 26 de agosto.

Curitiba é hoje a única das grandes capitais do país onde Serra tem vantagem (40% x 31%), mas mesmo aí a diferença vem caindo. Repetindo indicadores e tendências que vêm sendo apontadas por outros institutos (como Vox Populi, Sensus e Ibope), Dilma cresce em quase todos os segmentos do eleitorado.

O início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, que era considerado um trunfo pela campanha de Serra, só fez a vantagem de Dilma aumentar. Na pesquisa realizada pelo Datafolha, 54% dos entrevistados disseram que o programa de Dilma é melhor e que ela tem um melhor desempenho na TV. Serra ficou com apenas 26% de apoio neste quesito. Além disso, a percepção de vitória da candidata governista só aumenta: ainda segundo o Datafolha, 63% dos eleitores acreditam que Dilma vencerá a eleição presidencial.
O fim da Terceira Via
A queda de Serra, para além dos problemas que sua candidatura enfrenta na campanha eleitoral, expressa o declínio da agenda política do PSDB no Brasil. O fato de Serra esconder o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e utilizar a figura do presidente Lula em seu programa é a confissão de derrota de um programa. Uma derrota que não se limita ao caso brasileiro. O cientista político José Luís Fiori associa esse declínio ao fracasso da agenda da chamada Terceira Via em todo o mundo (
ler artigo nesta página):
O que mais chama a atenção não é a derrota em si mesma, é a anorexia ideológica dos dois últimos herdeiros da “terceira via”. Não se trata de incompetência pessoal, nem de um problema de imagem, trata-se do colapso final de um projeto político-ideológico eclético e anódino que acabou de maneira inglória: o projeto do neoliberalismo social-democrata.
Campanha sem identidade
Essa é a chave para compreender a desorientação da campanha de Serra, que muda de cara todas as semanas. Já tivemos o Serra bonzinho, o malvado, o seguidor de Lula, o destruidor do Mercosul. A cada pesquisa e a cada ampliação da vantagem de Dilma muda a estratégia da campanha tucana. A mais recente é tentar ressuscitar o caso fraudulento de um suposto dossiê que teria sido elaborado por pessoas ligadas ao PT. Nos últimos dias, a denúncia foi requentada e voltou para as páginas dos jornais e para o programa de Serra. No contexto atual, é um tiro no pé, visto que evidencia o clima de desespero que vai tomando conta do PSDB.

Desespero acentuado pela situação do partido em nível nacional, onde seus candidatos escondem Serra de suas propagandas na TV, no rádio e mesmo em panfletos. Um dos casos mais patéticos ocorre no Rio Grande do Sul, onde a governadora tucana Yeda Crusius omite o nome de Serra de suas falas no rádio e na TV. Serra, por sua vez, não faz questão de aparecer ao lado de Yeda, que ostenta quase 50% de rejeição do eleitorado nas pesquisas que vêm sendo divulgadas.

Sem programa, sem agenda e sem candidato com cara definida, o PSDB arrasta-se pela campanha à espera de um milagre e com um objetivo central: não perder o controle de São Paulo, onde sua blindagem também começa a fazer água. O crescimento do candidato do PT, Aloisio Mercadante, já detectado por pesquisas, acendeu a luz vermelha no quartel general tucano.

Combate ao tráfico na fonte

Inaugurado no Rio laboratório de alta tecnologia para combater lavagem de dinheiro

Por: Agência Brasil
Publicado em 27/08/2010, 15:29
Última atualização às 15:29

Rio de Janeiro - A Polícia Civil do Rio de Janeiro recebeu o primeiro Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD) do país. Na unidade, serão analisados dados com o objetivo de produzir provas, com base em materiais coletados pela Justiça. De acordo com a coordenadora do laboratório, Patrícia Alemany, a experiência está sendo replicada pelo Ministério da Justiça para outros estados e dará suporte às grandes investigações.
“Não basta prender os criminosos, pois mesmo na prisão eles conseguem controlar a quadrilha que fica fora. A Polícia Civil visa hoje a [acabar] com o fluxo financeiro dessas quadrilhas, principalmente de combate ao tráfico de drogas e à milícia no Rio de Janeiro”, destacou a Alemany. O convênio para a implantação da unidade foi assinado na noite de quinta-feira (26) entre o Ministério da Justiça e a Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Segundo a delegada que coordena o projeto, no laboratório, será possível analisar um número de dados complexos por meio de softwares sofisticados para a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico. Ela afirmou que São Paulo, Minas Gerais e Bahia em breve também vão receber um laboratório de alta tecnologia para combater a lavagem de dinheiro.
O chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Allan Turnowski, destacou a importância do laboratório no combate à criminalidade.
“Essa inauguração representa um marco na história da Polícia Civil. O laboratório vai mexer com o coração das quadrilhas, monitorando financeiramente [as quadrilhas], atingindo o que é mais importante dos bandidos. Nossos policiais foram qualificados em Brasília, no Ministério da Justiça, e estão preparados para desenvolver esse trabalho”, afirmou Turnowski.
O secretário nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri, também falou da importância de se combater o crime organizado.
“O crime organizado é uma indústria, nós só podemos acabar com ela se nos debruçarmos na inteligência policial. Precisamos perceber com inteligência que essa indústria é mantida com equipamentos avançados e cortá-las suas raízes”, observou Balestreri.

Serra destorce a lógica. Ou ele pensa que está vencendo a eleição presidencial?

27 de agosto de 2010 às 13:37

Os dossiês e o submundo das campanhas eleitorais

por Luiz Carlos Azenha
Existe um submundo nas campanhas eleitorais, pouco investigado pela mídia. Fica na confluência do trabalho de arapongas do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), dos “agentes informais” da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), dos delegados ou ex-delegados de polícia com os pesquisadores contratados por campanhas para levantar a sujeira de adversários.


Esses dados podem nem mesmo ser usados durante a campanha, mas podem aflorar se forem convenientes para o assassinato de reputações ou oferecerem alguma perspectiva de causar impacto eleitoral.


Em 2008, por exemplo, tivemos uma tentativa preliminar de desqualificar a então ministra Dilma Rousseff com o dossiê dos gastos de cartão corporativo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso:
Dossiê da Casa Civil contra FHC foi decisão de governo, anunciou na época o Estadão, sugerindo na manchete uma conspiração governamental.


Tivemos outros “dossiês” desde então, como a carta apócrifa com supostas acusações ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, um caso único em que a própria vítima (ou suposta vítima) desqualificou o “dossiê”:
“Vítima” de “dossiê” da Folha reclama que a Folha inventou dossiê, eu escrevi na época.


Mais além, tivemos a reportagem da revista Veja com o sindicalista Wagner Cinchetto, tentando atribuir ao PT — e não a José Serra — a operação Lunus, que afastou Roseana Sarney da corrida eleitoral em 2002.


Hoje, aliás, Cinchetto estrela a página A8 do Estadão: É uma tentativa de desqualificar Serra na mão grande, diz ele.


Leandro Fortes, que acompanhou de perto o caso Lunus, rebateu essa “teoria” sobre o caso Lunus aqui.


Nunca é demais lembrar o discurso do próprio José Sarney, no Senado, denunciando o caso Lunus como uma operação que beneficiava José Serra. O discurso está aqui.


No caso da violação do sigilo de contribuintes por funcionários da Receita Federal, em Mauá, há várias possibilidades:
1. Que, de fato, possa ter partido de gente ligada a campanhas eleitorais;
2. Que possa ter sido crime comum, de gente disposta a promover achaques e extorsões;
3. Que tenha sido um serviço de contrainteligência, ou seja, “plantar” um problema para explorar no momento certo.
Ou seja, é prematuro chegar a uma conclusão a partir de fragmentos de informação, especialmente quando esses fragmentos podem ser descontextualizados para uso eleitoral.


É muito importante lembrar do grampo sem áudio, que derrubou Paulo Lacerda da ABIN e que nunca se materializou. Nem precisa mais aparecer o áudio: o objetivo político daquela denúncia de Veja foi atingido.


Agora, com José Serra em queda e o reduto eleitoral tucano em São Paulo ameaçado pela candidatura de Aloízio Mercadante, o uso de um ou mais dossiês faz sentido político, já que os eleitores mais suscetíveis a esse tipo de denúncia são os de classe média, para os quais o sigilo de dados financeiros conta.


José Eduardo Dutra, o presidente do PT, foi hábil ao lembrar que houve outras ocasiões em que dossiês foram usados pela oposição com a mídia se preocupando apenas em repercutir o conteúdo, sem denunciar o uso de dossiês.


Ou seja, tudo depende da conveniência política.


Seja como for, parece que chegou o momento Ali Kamel da campanha: serão algumas capas da revista Veja, sempre trazendo “bombas”, devidamente repercutidas no Jornal Nacional, com as manchetes produzidas pelos jornais enfeitando a propaganda eleitoral de José Serra.


Qual o impacto de um mês disso no resultado da eleição? A ver.

Nunca antes neste país

Ministro do Trabalho prevê menor taxa de desemprego da história em 2010

Publicado em 27/08/2010, 17:55
Última atualização às 18:01
O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, afirma que taxa de desemprego baterá recorde até o final do ano (Foto: José Cruz/ABr)


Rio de Janeiro - A geração de empregos com carteira assinada no Brasil vai bater recorde de agosto até o fim do ano. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou nesta sexta-feira (27) que a taxa de desemprego deve fechar o ano em torno de 7%.
Segundo ele, o mercado de trabalho está aquecido e a economia ajuda a alavancar a abertura de vagas. “A partir de agosto teremos meses consecutivamente recordes (na geração de emprego). A economia brasileira está indo muito bem. As acomodações que tinham de acontecer já aconteceram. A tendência é que agosto, setembro, outubro e novembro sejam recordes. Minha avaliação é que teremos taxa de desemprego – da população que busca emprego – de menos de 7%, que é o mais baixo índice histórico”, disse Lupi.



A previsão é que sejam gerados este ano 2,5 milhões de vagas formais e que serão mais de 15 milhões, desde o início do governo Lula. "Percentualmente, o que chama atenção este ano é a construção civil, mas quantitativamente é o segmento de serviços. A partir deste mês (agosto), o comércio varejista e atacadista passará a mais contratações."
Em julho, o índice de desemprego nas seis maiores regiões do país caiu para 6,9 por cento, segunda menor taxa da série. Na média do ano, a taxa está em 7,3 por cento.
Com informações da Reuters e Agência Brasil