quinta-feira, 29 de abril de 2010

O mundo à beira de novo colapso financeiro?

28/04/2010

O mercado quer sangue

Portugal acaba de inaugurar a temporada de sacrifícios no altar do mercado para tentar acalmar os deuses das finanças.
Em uma medida extraordinária, o pais ibérico antecipou de 2011 já para 2010 uma série de medidas visando cortes de gastos estatais. Entre as principais, está a limitação em 75% da chamada remuneração líquida de referência (que varia entre 420 euros e 1.257 euros) para o recebimento do seguro-desemprego por desempregados.
O primeiro-ministro português, José Sócrates, deixou claro que as medidas visam responder "ao ataque especulativo sem fundamento à divida soberana portuguesa".
O prêmio (spread) exigido por investidores para comprar títulos da dívida de Portugal (na comparação com o pago pela Alemanha, o mais baixo da União Europeia) já se aproxima do pedido à Grécia quando o país anunciou, na semana passada, que precisa ser socorrida para não reestruturar sua dívida.
Falava-se na semana passada em US$ 60 bilhões para os gregos. Agora, em US$ 150 bilhões. Se for isso mesmo e o problema se estender a países como Portugal, Irlanda e até Espanha, estaremos diante, mais uma vez, de águas nunca antes navegadas _como ocorreu no início da Grande Recessão de 2008/2009.
Agências de classificação de risco rebaixaram a dívida portuguesa ao seu pior nível em termos históricos, grega (reduzida a "lixo") e, agora, a da Espanha. Embora estejam desacreditadas, as notas dessas agências aparecem em muitos contratos de bancos e em papéis que circulam no mercado. Quando um país é rebaixado, o refinanciamento de suas dívidas se torna ainda mais complicado.
A atual crise na Europa é consequência do alto endividamento de seus países e de um cenário de baixo crescimento (leia a coluna Beco sem saída). Dificilmente esse nó será desatado tão cedo, sem graves consequências de longo prazo.
Com um mercado altamente engessado e com um setor produtivo e agrícola extremamente dependente de subsídios, a União Europeia se assemelha mais a um transatlântico enferrujado. Neste ano, no melhor cenário, poderá crescer apenas 1%. Sem o PIB aumentando mais rapidamente, todos os problemas ficam maiores, pois dívidas e déficits são calculados pelo mercado sempre como proporção do PIB.
Quanto mais cresce esse denominador (o PIB), menores ficam os problemas estruturais.
Os EUA, com uma economia bem mais aberta, dinâmica e sem amarras e sem grandes obrigações para demitir ou contratar, já estão apontando para um crescimento de 3% do PIB neste ano. Mantida essa tendência, seus problemas de endividamento, hoje em alta, podem começar a diminuir no médio prazo.
O caso da Europa é grave porque, além de endividada, terá de fazer cortes profundos para aplacar a ira do mercado e provar que terá como honrar suas dividas.
Isso, infelizmente, só tende a segurar ainda mais o crescimento do PIB e a reforçar o aparecimento de uma série de números ruins.


Fernando Canzian, 41 anos, é repórter especial da Folha. Foi secretário de Redação, editor de Brasil e do Painel e correspondente em Washington e Nova York. Ganhou um Prêmio Esso em 2006 e é autor do livro "Desastre Global - Um ano na pior crise desde 1929". Escreve às segundas-feiras na Folha Online.

Aliados de Serra promovem jogo sujo na rede

26/04/2010 - vermelho.org.br

Leandro Fortes: Aliados de Serra promovem jogo sujo na rede

Há baixarias de todos os lados, mas o PSDB montou um esquema na internet que inclui a ação de hackers e a propagação de calúnias variadas. O 'herói' da operação (pelas costas) de Serra na internet é Eduardo Graeff, tesoureiro nacional do PSDB. Ele comanda um "ninho de brucutus" cujo objetivo é espalhar insultos ou replicar mentiras na rede mundial de computadores.

por Leandro Fortes para a Carta Capital
Na manhã da segunda-feira (19), o publicitário Marcelo Branco, contratado para coordenar a campanha de Dilma Rousseff na internet, não sabia, mas estava prestes a encarnar o papel de Davi. Na noite do mesmo dia, menos de 24 horas depois de colocar no ar um jingle para comemorar 45 anos de existência muito semelhante ao slogan de campanha do PSDB, a Globo iria capitular a um movimento iniciado justamente por uma mensagem postada por Branco no Twitter, o microblog que se tornou febre no mundo. “Jingle de comemoração dos 45 anos da TV Globo embute, de forma disfarçada, propaganda pró-José Serra”, avisou o tuiteiro, antes das 10 da manhã. Poucas horas depois, o comercial estava fora do ar.

“O Golias piscou”, comemorou, em seu blog pessoal, o Tijolaço.com, o deputado Brizola Neto (PDT-RJ), herdeiro político do avô, o ex-governador do Rio Leonel Brizola, que lutou até morrer, em 2004, contra o poder da família Marinho. O pedetista fez mais barulho, inexplicavelmente, do que o PT. Isso porque, com o Twitter de Branco, os petistas venceram a primeira batalha da guerra que se anuncia, sem quartel e sem trégua, na internet durante a campanha eleitoral. Até o departamento jurídico da emissora entrou em campo para precipitar o fim da campanha publicitária. Segundo Ricardo Noblat, jornalista da casa, advogados da empresa consultaram o futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lewandowski, e chegaram à conclusão de que o melhor era interromper a exibição do comercial.

O desfecho da história ilustra bem como vão funcionar estratégias montadas por todos os partidos, mas, sobretudo, entre petistas e tucanos, cujo alvos são as chamadas redes sociais da internet (Twitter, Orkut, Facebook e YouTube), que acumulam cerca de 60 milhões de usuários . Com o auxílio de especialistas, a rede tem sido mapeada de forma a estabelecer modelos de comportamento e de perfil dos usuários. Isso inclui análise permanente dos blogs, a partir de referências positivas, negativas e neutras. Tudo organizado e transformado em relatórios quase diários para os comandos das campanhas.

No caso do PT, os assessores dizem pretender usar a web para disseminar o verdadeiro currículo de Dilma Rousseff, em contraposição à famosa ficha falsa do Dops, veiculada primeiramente pela Folha de São Paulo, depois de circular por sites de extrema-direita e imundar, em forma de spam, e-mail por todo o País. A ideia é mostrar, por exemplo, que a ex-ministra nunca participou diretamente da luta armada, nunca foi terrorista e foi condenada pelos tribunais da ditadura por crime de “subversão”, a dois anos de cadeia — embora tenha sido esquecida na prisão, onde ficou por três anos. De resto, suberversivos eram considerados todos que contestatavam a legitimidade do regime ditatorial, entre eles José Serra e o ex-presidente Fernando Henrrique Cardoso.

Quem cuida do contúdo de internet para o PSDB é Arnon de Mello, filho do ex-presidente, atual senador e aliado recente de Lula, Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Arnon é um dos donos da Loops Mobilização Social e se apresenta como economista formado pela Universidade de Chicago e mestrado em Harvard, diretor do jornal Gazeta de Alagoas e funcionário do banco americano Lehman Brothers, epicentro da mais grave crise econômica mundial desde o crack de 1929. Um de seus sócios é João Falcão, ex-secretário de cultura de Olinda (PE), filho de Joaquim Falcão, ex-diretor da fundação Roberto Marinho e ex-integrante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Falcão pai também é um dos autores do livro DR. Roberto, de 2005, uma biografia autorizada do falecido dono das Organizações Globo.

A Loops foi a responsável, na internet, pela campanha do deputado Fernando Gabeira (PV) à prefeitura do Rio de Janeiro, em 2008. Gabeira acabou derrotado pelo atual prefeito, Eduardo Paes, do PMDB. O parlamentar verde, contudo, deverá contratá-la outra vez, desta feita para a campanha ao governo estadual. Por enquanto, a Loops se dedicará à captação de doações e ao monitoramento de informações divulgadas na internet sobre Serra, sobretudo, às que circulam no ambiente das redes sociais. A empresa não terá plena autonomia na campanha tucana. Estará subordinada à agência de publicidade digital Sinc, do empresário paulista Sérgio Caruso, ligado ao publicitário José Roberto Vieira da Costa, o Bob, homem de confiança do ex-governador. O nome de Caruso foi avalizado pelo ex-deputado do PSDB e atual presidente da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa), Márcio Fortes, um dos responsáveis pela arrecadação de fundos no comitê serrista.

O PSDB ainda mantém outras frentes na internet. Participam da tropa virtual as empresas Knowtec e Talk Interactive. A primeira, com sede em Florianópolis, tem uma longa lista de serviços prestados ao antigo PFL, atual DEM, por meio de uma ligação histórica com o ex-senador Jorge Bornhausen. Em Brasília, tem como cliente a Confederação Nacional de Agricultura, presidida pela senadora Kátia Abreu. Quando o PFL mudou de nome em 2007, o novo portal do partido na internet foi montado pela Knowtec.

As duas empresas são administradas pelo mesmo executivo, o engenheiro Luiz Alberto Ferla. Jovem e atual conselheiro político da Juventude DEM, Ferla está à frente do Instituto de Estudos Avançados (IEA) de Florianópolis, ONG dona de um contrato de 4,6 milhões de reais com a prefeitura de São Paulo assinado sem licitação. O contrato prevê uma consultoria voltada à reformulação do portal de notícias da prefeitura paulistana, obra que, no fim das contas, saiu por cerca de 500 mil reais. Após o contrato vir a público, o prefeito Gilberto Kassab decidiu cancelá-lo.

A Knowtec foi a primeira empresa brasileira a ir aos Estados Unidos, no ano passado, em nome dos tucanos, para tentar contratar os marqueteiros virtuais que fizeram sucesso na campanha do presidente democrata Barack Obama. Joe Rospars, da Blue State Digital, e Scott Goodstein, da Revolution Messaging, acabaram, porém, por fazer uma opção ideológica. Preferiram negociar com a Pepper, de Brasília, para então fechar um contrato de consultoria para o PT. Alegaram não trabalhar em campanhas de partidos conservadores. Desde então, a dupla tem aparecido na capital federal para opinar na estrutura de internet da candidatura petista. Em 2008, Rospars e Goodstein conseguiram que Obama arrecadasse, via internet, 750 milhões de dólares, por meio de 31 milhões de doadores (93% doaram até cem dólares).

Tudo indica que os marqueteiros de Obama se livraram de uma fria. A Knowtec está entre as companhias de tecnologia de informática investigadas pelo Ministério Público Federal no escândalo de corrupção do Distrito Federal. Em 1° de outubro de 2008, quando ainda era o orgulho do DEM e cotado para vice na chapa de Serra, o ex -governador José Roberto Arruda assinou com a Knowtec, via Secretaria de Comunicação Social, um contrato de 8,7 milhões de reais. A função da empresa era cuidar do portal de notícias do governo.

Os responsáveis pelo contrato foram os jornalistas Weligton Moraes e Omésio Pontes, assessores diretos de Arruda na área de Comunicação. A dupla foi flagrada alegremente no festival de propinas filmado pelo delator Durval Barbosa. Moraes, chefe do esquema de publicidade do governo distrital, foi preso por participar da tentativa de suborno de uma testemunha do caso. Ficou 60 dias no presidio da Papuda, até ser solto recentemente. Pode ser o próximo a fechar acordo de delação premiada com a Polícia Federal.

De acordo com documentos levantados por CartaCapital no sistema de acompanhamento de gastos do Distrito Federal, apesar de o contrato ter sido de 8,7 milhões de reais, a Knowtec já embolsou 12,6 milhões. Como o prazo final do contrato é somente em 1° de outubro de 2010, é possível que a empresa ainda receba mais dinheiro nos próximos seis meses. Segundo dados do Siggo, há ao menos uma nota de empenho ainda pendente, no valor de 700 mil reais.

Ninho de brucutus

Loops, Sinc, Knowtec e Talk Interactive formam a parte visível da estratégia de campanha virtual do PSDB, mas há um fator invisível que, antes mesmo de ter se tornado efetivo, virou um problema. E atende pelo nome de Eduardo Graeff. Atual tesoureiro nacional do PSDB, Graeff é um tucano intimamente ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem foi secretário-geral no Palácio do Planalto e para quem, até hoje, redige discursos e artigos. Também é muito ligado a Eduardo Jorge, a quem sucedeu na Secretaria-Geral da Presidência. Os dois estão na origem da desastrosa reunião de apoio político, realizada no apartamento de FHC, em março, entre o ex-presidente e o ex-governador Joaquim Roriz, causa de grande constrangimento na campanha de Serra.

No ano passado, Graeff ficou responsável pela montagem de um núcleo interno com vistas a elaborar um projeto de campanha virtual para as eleições de 2010. O tesoureiro foi escolhido por ser espécie de guru da web no ninho tucano, graças a um site mantido por ele, desde 2003, o “eagora”, que tanto pode ser interpretado como “Ágora eletrônica” como pelo sentido da pergunta “e agora?”, segundo informações da página na internet.

Graeff organizou um grupo de tuiteiros e blogueiros para inserir mensagens na rede social da internet, inicialmente com conteúdo partidário a favor da candidatura de Serra. A realidade, no entanto, tem sido outra. Em vez de militantes tucanos formais, a rede de Graeff virou um ninho de brucutus que preferem palavrões, baixarias e frases feitas a qualquer tipo de debate civilizado. O objetivo dessa turma é espalhar insultos ou replicar mentiras na rede mundial de computadores. Não que do lado petista não prolifere um pessoal do mesmo nível a inundar a área de comentários de portais e blogs com a mesma falta de criatividade e torpeza. Termos como “tucanalha” ou absurdas teses conspiratórias fazem sucesso entre essa esquerda demente. Mas nada se compara, até agora, à ação orquestrada do lado da oposição.

Em consequência dessa estratégia, a assessoria jurídica de Serra o teria aconselhado a se afastar de Graeff e impedir que o nome do ex-secretário seja associado, organicamente, à campanha presidencial.

Ao menos um site ligado ao PSDB, replicado no Twitter, é assumidamente voltado para desqualificar o PT, o governo do presidente Lula e a candidatura de Dilma Rousseff. Trata-se do "Gente que mente" , mantido, segundo a direção do PSDB, por “simpatizantes” do partido. Na verdade, o site é criação de Cila Schulman, ex-secretária de Comunicação Social do governo do Paraná durante as gestões Jaime Lerner (DEM), entre 1994 e 2002. Cila trabalhou ainda na campanha de Kassab e presta serviços à presidência nacional do DEM. É filha de Maurício Schulman, ex-presidente do extinto Banco Nacional de Habitação (BNH) durante o governo do general Ernesto Geisel (1974-1979), e último presidente do Bamerindus, banco falido em 1994 e incorporado ao HSBC.

Na equipe do PT, coube a Branco elaborar uma rede de comunicação virtual tanto para controlar conteúdo como para neutralizar a ação de trogloditas e hackers. Para se ter uma ideia, apenas nos três primeiros dias de funcionamento do site da presidenciável petista, lançado na rede na segunda-feira 19, foram registrados 7 mil ataques de hackers, sem sucesso, baseados em um servidor registrado na Alemanha — expediente clássico da guerrilha virtual. Por enquanto, ainda não é possível identificá-los, mas os petistas registraram os IPs (identificadores dos computadores usados).

Uma semana antes, o site do PT havia sido invadido, “pichado” com mensagens pró-Serra e reprogramado de modo a direcionar os usuários para o site do PSDB. Em seguida, foi a vez da página do PMDB. Acusados pelos petistas de terrorismo virtual, os tucanos contra-atacaram com um pedido à Polícia Federal para investigar o caso e deixar o assunto em pratos limpos. Os tucanos atribuem aos petistas a estratégia de se fazerem de vítimas e colocar a culpa nos adversários.

Um dos sites clássicos utilizados contra a pré-candidata do PT é o “Porra Petralhas”, repleto de baixarias, mas focado, em comum a outras páginas do gênero, em colocar em Dilma Rousseff a pecha de “terrorista” e “inexperiente”, coincidentemente, duas teclas sistematicamente repetidas pela mídia nacional. O site não tem autor conhecido. Também no Twitter, o “Porra Petralhas” atua de forma massiva, sempre com xingamentos e acusações. A foto utilizada no perfil insinua um beijo na boca entre Dilma e Hugo Chávez, presidente da Venezuela, dentro de uma moldura de coração. Dois outros perfis de microblog, “Dilma Hussein” e o conhecido “Gente que Mente”, ajudam a desqualificar a candidata nas redes sociais. Um “retuíta” o outro, como se diz no jargão da internet.

Procurado por CartaCapital, Graeff mandou dizer que não vai se manifestar sobre o assunto. De acordo com Carlos Iberê, assessor de imprensa do PSDB, o ex-secretário participou apenas da formação do núcleo interno que discutiu a questão da campanha da internet e agora se dedica exclusivamente à função de tesoureiro. Cila Schulman não foi encontrada. A assessoria de Luiz Alberto Ferla informou não saber de “nada oficial” a respeito dos contratos ou do papel da empresa na campanha.

Fonte: Carta Capital
Reproduzido do blog Vi o Mundo

EUA preparam arma do "fim do mundo" não nuclear

26/04/2010 - vermelho.org.br

EUA preparam arma do "fim do mundo" não nuclear

Em uma recente entrevista dada ao jornal americano The New York Times, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, revelou que sua administração deu sinal verde para o estudo e desenvolvimento de um novo tipo de conceito de ataque militar, sem o uso de armas nucleares mas com o mesmo poder destrutivo. Tal conceito chama-se Prompt Global Strike, um sistema de ataque com mísseis e armamento "convencional" que pode atingir qualquer ponto do planeta em até uma hora.
Apoio político e financeiro ao projeto não falta. Robert Gates, o secretário da Defesa, revelou na emissora americana ABC que a administração já abraçou o Prompt Global Strike. Prova disso são os US$ 250 milhões que Obama pediu ao Congresso para explorar a tal alternativa, que combina tecnologia militar e aeroespacial de ponta. John McCain, candidato presidencial republicano em 2008, também já manifestou o seu apoio a um programa que tem tanto de "caro como de essencial".

As reservas relativas à nova geração dos mísseis Trident, inicialmente pensados para incorporar o "Prompt Global Strike", fez com que muita gente no Departamento de Defesa se virasse para alternativas. A resposta deverá ser um míssil cujo projeto chama-se X-51: uma arma que os radares de Pequim e Moscou teoricamente não confundirão com um míssil nuclear.

Utilizando tecnologia espacial da NASA, esta será a única arma não nuclear capaz de atingir velocidade de Mach-5 (5.793 quilômetros por hora) e que utiliza os efeitos brutais da velocidade hipersônica para destruir os alvos com a força cinética aliada a uma ogiva "convencional".

De acordo com o Pentágono, este sistema não estará operacional antes de 2015 e o mais provável é que o seu desenvolvimento se prolongue até 2020. De acordo com a ficção científica militar americana, essa arma pode ser lançada de um bombardeiro B-52 e seria capaz de estilhaçar uma central nuclear iraniana ou norte-coreana, destruir um navio carregado de armamento no Oriente Médio ou ainda explodir o esconderijo de Bin Laden — que os Estados Unidos desistiram de encontrar há muito.

Tudo isso com cinematográfica "precisão extrema", em poucos minutos e com uma potência localizada equiparada à de uma bomba nuclear. E tão "humanitária" que não "sujaria" o ambiente ao redor, como acontece com a radiação emitida em uma explosão atômica.

Pentágono prevê ativação até 2015

O Pentágono espera posicionar uma primeira versão da nova arma em 2014 ou 2015. Mas mesmo segundo os prazos mais otimistas, um conjunto completo de mísseis, ogivas, sensores e sistemas de controle só deverá entrar para o arsenal entre 2017 e 2020, muito depois de Obama ter deixado o governo.

O planejamento do PGS está sendo chefiado pelo general Kevin P. Chilton da Força Aérea, o mais alto oficial do Comando Estratégico das Forças Armadas e o homem encarregado pelo arsenal nuclear americano. Na administração Obama, a nova parte do trabalho do general Chilton é conversar a respeito de "alternativas convencionais".

Falando a partir da Base Offutt da Força Aérea, o general Chilton descreveu como a capacidade convencional oferecida pelo sistema proposto daria ao presidente "mais opções".

"Hoje, nós podemos apresentar algumas opções convencionais ao presidente para atacar um alvo em qualquer parte do globo, variando de 96 horas a várias horas, talvez quatro, cinco ou seis horas", disse Chilton.

"Isso, contudo, não seria rápido o bastante", destacou, "caso chegasse um dado do setor de inteligência sobre uma movimentação de terroristas da al-Qaida ou o lançamento iminente de um míssil".

"Se o presidente quiser agir contra um alvo em particular mais rapidamente do que isso, a única coisa mais rápida que temos é uma resposta nuclear", disse.

O que é

O Prompt Global Strike (PGS) é uma iniciativa militar americana que pretende desenvolver um sistema capaz de desferir um ataque militar convencional em qualquer parte do mundo em apenas uma hora, do mesmo modo que um ataque militar nuclear pode ser realizado atualmente com mísseis balísticos.

Como declarado pelo general americano James Cartwright, "hoje, a menos que se decida pelo uso de armas atômicas, gasta-se dias, talvez semanas", até que um ataque militar com forças regulares possa ser lançado.

O objetivo desse sistema é prover de capacidade rápida de ataque convencional a partir do território dos Estados Unidos contra qualquer parte do globo terrestre em um caso de emergência ou conflito. O sistema PGS será implementado para complementar as outras partes do sistema estadunidense de agressão global, com um sistema que pode desferir um ataque contra qualquer lugar do planeta ou do Espaço em até 60 minutos.

O sistema é visto pela administração Obama como um meio de reduzir o arsenal nuclear e os gastos envolvidos nele, enquanto mantém capacidade idêntica de destruição. Entretanto, esse sistema é capaz de, ao ser acionado, ativar os sistemas de defesa nucleares de Rússia e China, o que teria feito a administração Bush engavetar o projeto.

Ainda não estão claros os detalhes técnicos e as precauções que deverão ser tomadas para assegurar a esses países que o míssil lançado não carrega ogivas nucleares. Alguns técnicos militares sugerem mísseis de trajetória de baixa altitude ou até inspeção dos sítios de lançamento por russos e chineses.

A tecnologia desse sistema preocupa tanto outras nações que a administração Obama acabou cedendo às exigências da Rússia para que os Estados Unidos desativem um míssil nuclear para cada míssil PGS. Essa disposição foi tratada no último acordo fechado entre EUA e Rússia, assinado por Obama e Medviédev em Praga.

Em 11 de abril, o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, indicou que o país já possui capacidade para desferir um ataque pelo Prompt Global Strike. O tratado assinado entre russos e americanos em 8 de abril não distingue armas nucleares de convencionais, significando que cada míssil do sistema PGS ou ogiva nuclear será considerado para os limites de armamento estipulados no acordo. Entretanto, o Departamento de Estado dos EUA declarou que isso não deve interferir nos planos de desenvolvimento do PGS, já que não ultrapassaria o limite estabelecido.

Da redação, com agências

Enquanto a nossa mídia trabalha para José Serra, imprensa estrangeira destaca Brasil como ator internacional

Do blog amigos do presidente

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Enquanto a nossa mídia trabalha para José Serra, imprensa estrangeira destaca Brasil como ator internacional

O jornal estrangeiro que mais citou o Brasil no primeiro trimestre foi o britânico Financial Times


A exposição do Brasil na grande imprensa estrangeira aumentou 65% no primeiro trimestre deste ano, com a maior parte das reportagens chamando atenção para o fato de o País estar despontando como um jogador importante na comunidade internacional, segundo pesquisa da agência de comunicação Imagem Corporativa.

O número de reportagens sobre o Brasil em grandes jornais, revistas e agências de notícias do exterior aumentou de 671 no primeiro trimestre do ano passado para 1.111 em período equivalente de 2010, das quais 82% são positivas.

O jornal estrangeiro que mais citou o Brasil no primeiro trimestre foi o britânico Financial Times, com 257 reportagens (veja gráfico – clique). Por sinal, o correspondente do diário no País, Jonathan Wheatley, adiantou ao Radar Econômico que publicará no dia 6 de maio mais um caderno especial sobre o Brasil – o terceiro em cerca de seis meses - desta vez sobre infraestrutura.

Depois do Financial Times, os que mais citaram o Brasil foram o argentino Clarín (com 127 menções), o norte-americano The Wall Street Journal (116) e o chileno El Mercurio (103).

A maior parte do conteúdo sobre o Brasil nesses jornais se refere à economia, dividida pela pesquisa em temas como: o País como “player interncaional” (28,7% das menções), empresas ou executivos brasileiros (20,3%), o País como local de investimento (16,6%); comércio exterior (9,4%) e negócios (5,5%) – como mostra o gráfico abaixo.

A pesquisa abrange veículos de comunicação de 11 países: Asahi Shimbun (Japão), China Daily (China), Clarín (Argentina), El Mercurio (Chile), El País (Espanha), Financial Times (Reino Unido), The New York Times (EUA), Le Monde (França), RIA Novosti (Rússia), The Economic Times of India (Índia), The Economist (Reino Unido), The Times of India (Índia), The Globe and Mail (Canadá), Wall Street Journal (EUA) e

Anos e anos depois...TJ condena Maluf por superfaturar compra de 1,4 tonelada de frango

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Anos e anos depois...TJ condena Maluf por superfaturar compra de 1,4 tonelada de frango


O deputado Paulo Maluf (PP-SP) foi condenado pela 7.ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo na ação de improbidade administrativa em que era acusado de superfaturar a compra de frangos para a Prefeitura de São Paulo, em 1996. A decisão é uma reviravolta no processo.

Movida pelo Ministério Público Estadual, a ação havia sido julgada improcedente em 2002 pelo juiz Fernão Borba Franco, da 2.ª Vara da Fazenda Pública.

A decisão do TJ foi tomada por maioria de votos. A promotoria havia recorrido da absolvição do deputado. Na época, a 2ª Vara da Fazenda Pública havia entendido que inexistia o superfaturamento, a imoralidade e a improbidade alegados pelo então promotor Alexandre de Moraes, atual secretário municipal de Transporte e de Serviços, da gestão de Gilberto Kassab (DEM). Ele afirmava que Maluf havia favorecido a empresa de sua mulher, Sylvia Lutfalla Maluf.

A compra de 1,4 tonelada de frango custou R$ 1,39 milhão ao município. Além de Maluf, o promotor pedia condenação de Francisco Nieto (ex-secretário de Abastecimento), Marcelo Daura (ex-presidente da Comissão de Preços) e das empresas Obelisco Agropecuária Empreendimentos (de Sylvia e de uma filha de Maluf) e Ad’Oro Alimentícia e Comercial, que pertencia a Fuad Lutfalla (cunhado de Maluf). A prefeitura contratou a Ad’Oro para fornecer o frango, comprado da Obelisco.

Em perícia durante o processo, o suposto superfaturamento teria sido quantificado, segundo o juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública, em "meros R$ 21,7 mil", o que para ele impossibilitava o reconhecimento da existência do superfaturamento. Não havia ainda nada na lei que proibisse a empresa vencedora de adquirir matéria-prima de outra empresa ou que impedisse a contratação de empresa de sua família.Agência Estado

Mais de 90 mil vão às ruas de Okinawa contra base americana

26/04/2010 - vermelho.org.br

Mais de 90 mil vão às ruas de Okinawa contra base americana

Dezenas de milhares de japoneses se manifestaram neste domingo (25) nas ruas de Yomitan, na ilha japonesa de Okinawa, pela retirada da base militar americana situada em Futenma, uma promessa eleitoral do primeiro-ministro Yukio Hatoyama. Os EUA, conforme um acordo de 2006, querem transferi-la para uma área menos habitada de Okinawa.
O cor predominante na marcha era o amarelo, símbolo dos protestos em Yomitan, que conseguiu a devolução de parte dos terrenos cedidos ao exército de ocupação estadunidense. Além disso, segundo os manifestantes, era também um "cartão amarelo" de advertência ao premiê, que negocia com Washington um novo lugar para a base.

O governador de Okinawa, Hirokazu Nakaima, liderou a manifestação, da qual também participaram importantes personalidades do mundo político, social e econômico da ilha.

A marcha contou com a presença da maioria dos 41 prefeitos de Okinawa, ilha que conta com uma população de aproximadamente 1,4 milhões de habitantes. A maioria dos partidos políticos contou com representantes no ato, inclusive o Partido Liberal Democrata, responsável pelos acordos com os Estados Unidos, que pela primeira vez participou de uma manifestação contra a base.

Por sua vez, o governador Nakaima, cuja postura é de aceitar com condições o plano de recolocação, desafiou Hatoyama a eliminar o mais rápido possível o risco de acidentes ou delinquência associados à base em Futenma, situada na zona densamente povoada de Ginowan, e pediu o apoio de todo o país para que os habitantes de Okinawa não tenham de suportar sozinhos o peso que é suportar a tal base.

"Alguns ministro do governo manifestaram tolerância diante da opção de que a base de Futenma permaneça onde está, mas eu digo a isso um 'não' rotundo", falou, durante a manifestação.

"Quero que o premiê não se renda nunca e que cumpra suas promessas", comentou o governador, segundo informou a agência de notícias Kiodo.

Da redação, com agências

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Serra:A farsa do lobo em pele de cordeiro

Opinião

Serra:A farsa do lobo em pele de cordeiro. O verdadeiro significado das palavras

''Primeiro, o lobo disse que o Mercosul era uma farsa e deixou subentendida a disposição de desmontá-lo. Como pegou mal dentro e fora do Brasil, o cordeiro usou então a edição de domingo da Folha para mitigar o estrago e imprimir seu recado em manchete de seis colunas: ‘Não quero acabar com o Mercosul’, acenou com patas de algodão, para em seguida cutucar com garras ardilosas: ‘o Mercosul deve ser flexibilizado’. ‘Flexibilizar’; ‘desregular’; ‘privatizar’ são pilares da santíssima trindade do conservadorismo na sua cruzada pró- mercados selvagens. ‘Flexibilizar o mercado de trabalho’, por exemplo, significa desmontar as conquistas históricas dos trabalhadores –algo que Serra já ensaiava na Constituinte (vide anais do Diap). ‘Flexibilizar’ o Mercosul, como defende agora o candidato da coalizão demotucana, implica nada menos que eliminar a TEC --a tarifa externa comum, uma proteção multilateral dentro do bloco para evitar que qualquer um de seus membros se transforme em cavalo de Tróia de importações destrutivas para os demais. Na eterna ambigüidade de quem não pode dizer a que veio, Serra, de um lado, critica a valorização do Real pelo incentivo a importações desmesuradas; de outro, sinaliza o fim da TEC que reduziria o Mercosul a um túnel de vento da invasão de mercadorias chinesas no Brasil"
(Carta Maior, a farsa do conservadorismo e a cumplicidade midiática; 26-04)

Modelo Neoliberal Argentino - O Desmonte do Estado

Modelo Neoliberal Argentino - O Desmonte do Estado (Poderia ter sido no modelo neoliberal de FHC, não fosse luta dos sindicatos, que impediu o sucateamento total como na Argentina, mas não impediu de todo o processo no Brasil, como no caso da Vale)
Car@s, isso só não ocorreu no Brasil dessa forma mais intensa e famigerada porque houve ampla resistência popular e sindical. Mas, os tucanos, traidores da pátria, não veem a hora de voltar ao poder e desmontar hoje a chamada era "Lula" de prosperidade nacional. Assistam esse vídeo de 10 minutos e façam as comparações da Argentina com os oito anos de desmonte e privatizações que FHC e os tucanos sempre se orgulhavam. Diziam que faziam "as lições de casa". Claro, mandadas pelo imperialismo e pelo FMI. Felizmente, isso é hoje uma página virada na história.

Abraços e bom final de semana


Prof. Lejeune Mirhan
Presidente do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo
Sociólogo, Escritor, Arabista e Professor
Membro da Academia de Altos Estudos Ibero-Árabe de Lisboa
Colunista do Portal Vermelho e da Revista "Sociologia"
Celulares: 11-9887-1963 e 19-8196-3145
Residência: 19-3255-6481
Trabalho: 11-3054-1817
www.sociologos.org.br

Com ajuda da Folha, Serra tenta remendar opinião sobre Mercosul

25/04/2010 - vermelho.org.br

Com ajuda da Folha, Serra tenta remendar opinião sobre Mercosul

Poucos dias depois de afirmar que o Mercosul é uma "farsa" e só atrapalha, sinalizando que gostaria de acabar com a participação do Brasil no bloco, o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, voltou atrás. Diante das repercussões para lá de negativas - dentro e fora do Brasil - ele concedeu uma entrevista na qual decidiu se retratar, mudando o tom.
Conforme noticiou o Valor Econômico do último dia 21, o tucano havia declarado, em evento na Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), que “Ficar carregando esse Mercosul não faz sentido”. Ele disse ainda que “a união aduaneira é uma farsa, exceto quando serve para atrapalhar”.

Neste domingo (25), contudo, em uma entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo - sempre benevolente quando se trata do PSDB -, Serra teve todo o espaço necessário para tentar desfazer a besteira. “Não quero acabar com o Mercosul” é título da entrevista.

"O Mercosul deve ser flexibilizado, de modo a evitar que seja um obstáculo para políticas mais agressivas de acordos internacionais", diz ele agora sobre um Mercosul que, de “farsa” – na sua opinião - passou a apenas uma “obra inconclusa”, em menos de uma semana.

O estrago das declarações anteriores foram maiores que o esperado, pelo visto. Até mesmo a imprensa argentina se poscionou contra o tucano. O jornal argentino Clarín afirma que sua visão sobre o tema “supõe que o Brasil deva se afastar de Argentina, Paraguai e Uruguai, porque é a única maneira para seu país formar áreas de livre comércio com Estados Unidos e Europa”.

Em outras palavras, defensor da cartilha neoliberal, de fato o PSDB não teria interesse na integração latino-americana, em detrimento de uma política pró-norte-americana.

"Não se trata de acabar com o Mercosul, pelo contrário”, diz Serra agora, a uma entrevistadora que não “se lembra” de perguntar por que, então, ele havia dito o contrário há tão pouco tempo. Nem sequer menciona a palavra “farsa”. “O senhor disse que o Mercosul atrapalha a busca brasileira por novos mercados. O que propõe mudar no bloco?”, é o questionamento da Folha.

Apenas uma pergunta traz à tona, ainda que discretamente, o desconforto causado pelo ex-governador de São Paulo. “A reação argentina a sua declaração não foi positiva”, diz a repórter, ao que Serra repete: "O que defendo é flexibilização do bloco, a fim de que nos concentremos mais no livre comércio. Claro que essa não seria uma decisão unilateral do Brasil. Teria de ser bem negociada com nossos parceiros do Mercosul."

A tentativa de remendar o erro não apaga, contudo, o que bem lembrou o Clarín: as declarações de Serra contra o Mercosul "retomam teses já defendidas por ele quando foi derrotado por Lula em 2002". 

Carta Capital - Matéria da Editoria:
Política

25/04/2010

Jornal argentino questiona posição de Serra sobre Mercosul
Ao qualificar o Mercosul como uma farsa, Serra parece desconhecer, diz o Clarín, que o grosso das exportações industriais do país tem como destinatários países da América Latina. “Segundo estatísticas oficiais, 90% das vendas de produtos manufaturados de Brasil no mundo ocorrem no Mercosul e em mercados latinoamericanos”, lembra o jornal. As declarações do ex-governador de São Paulo surpreenderam negativamente várias lideranças latinoamericanas pelo desprezo revelado em relação aos demais países da região.
Data: 22/04/2010
O jornal argentino Clarín questionou as declarações de José Serra, pré-candidato tucano à presidência da República, que classificou o Mercosul como uma “farsa” e “um obstáculo para que o Brasil faça seus próprios acordos individuais em comércio”. As declarações foram feitas durante encontro de Serra com empresários na Federação de Indústrias de Minas Gerais (FIEMG). Serra disse ainda que “não tem sentido carregar o Mercosul” e que “a união aduaneira é uma farsa exceto quando serve para impor barreiras” ao Brasil.

As declarações do ex-governador de São Paulo surpreenderam negativamente várias lideranças latinoamericanas pelo desprezo que revelaram em relação ao processo de integração na América Latina. A sinalização de Serra foi clara: caso seja eleito, é o fim da integração.

As declarações do tucano, assinalou o Clarín, retomam teses já defendidas por ele quando foi derrotado por Lula em 2002. Essa visão, diz o jornal argentino, “supõe que o Brasil deva se afastar de Argentina, Paraguai e Uruguai, porque é a única maneira para seu país formar áreas de livre comércio com Estados Unidos e Europa, sem necessidade de “rastejar” diante de seus sócios”. Uma resolução do Mercosul, lembrou o jornal, estabelece que nenhum dos países do bloco pode realizar acordos comerciais separadamente sem discutir com os demais.

O Clarín também ironizou algumas afirmações do tucano. Serra disse que, sob um eventual governo seu, o mais importante será aumentar as exportações. “O certo”, diz o jornal”, “é que essa foi uma conquista obtida por Lula: desde que iniciou seu governo, no dia 1° de janeiro de 2003, o presidente conseguiu passar de 50 bilhões de vendas ao exterior para 250 bilhões. Ou seja, quintuplicou a presença brasileira nos mercados mundiais”.

Ao qualificar o Mercosul como uma farsa, Serra parece desconhecer, diz ainda o jornal, que o grosso das exportações industriais do país tem como destinatários países da América Latina. “Segundo estatísticas oficiais, 90% das vendas de produtos manufaturados de Brasil no mundo ocorrem no Mercosul e em mercados latinoamericanos”, diz ainda a publicação Argentina, que conclui:

“O candidato socialdemocrata evitou dizer como pretende reformular a posição do Brasil. Mas ignora que não é simples passar, como pretende, de um mercado comum definido por uma unia aduaneira a uma simples zona de livre comércio como a que existe no NAFTA. Ele pode desde já conquistar o desprestígio regional, além de submeter-se a severas punições por conta da ruptura de contratos internacionais”.



Publicado no conversaafiada.com.br

Leandro Fortes faz a autópsia da Idade Mendes. Vade retro !


Publicado em 23/04/2010
Leandro mostrou como Ele manda e desmanda (em Diamantino e na mídia)

O Conversa Afiada reproduz e-mail que recebeu do corajoso jornalista Leandro Fortes, da Carta Capital:
Meus caros, o texto abaixo é meu réquiem para Gilmar Mendes que, hoje, 23 de abril de 2010, finalmente, deixa a presidência do STF. Foi a Idade Média do Judiciário brasileiro, seu mais sombrio período de trevas, mas sobrevivemos. O Brasil sobreviveu.

Forte abraço.

A Idade Mendes
Por Leandro Fortes (http://brasiliaeuvi.wordpress.com)
No fim das contas, a função primordial do ministro Gilmar Mendes à frente do Supremo Tribunal Federal foi a de produzir noticiário e manchetes para a falange conservadora que tomou conta de grande parte dos veículos de comunicação do Brasil. De forma premeditada e com muita astúcia, Mendes conseguiu fazer com que a velha mídia nacional gravitasse em torno dele, apenas com a promessa de intervir, como de fato interveio, nas ações de governo que ameaçavam a rotina, o conforto e as atividades empresariais da nossa elite colonial. Nesse aspecto, os dois habeas corpus concedidos ao banqueiro Daniel Dantas, flagrado no mesmo crime que manteve o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda no cárcere por 60 dias, foram nada mais que um cartão de visitas. Mais relevante do que tudo foi a capacidade de Gilmar Mendes fixar na pauta e nos editoriais da velha mídia a tese quase infantil da existência de um Estado policialesco levado a cabo pela Polícia Federal e, com isso, justificar, dali para frente, a mais temerária das gestões da Suprema Corte do País desde sua criação, há mais cem anos.
Num prazo de pouco menos de dois anos, Mendes politizou as ações do Judiciário pelo viés da extrema direita, coisa que não se viu nem durante a ditadura militar (1964-1985), época em que a Justiça andava de joelhos, mas dela não se exigia protagonismo algum. Assim, alinhou-se o ministro tanto aos interesses dos latifundiários, aos quais defende sem pudor algum, como aos dos torturadores do regime dos generais, ao se posicionar publicamente contra a revisão da Lei da Anistia, de cuja à apreciação no STF ele se esquivou, herança deixada a céu aberto para o novo presidente do tribunal, ministro Cezar Peluso. Para Mendes, tal revisão poderá levar o País a uma convulsão social. É uma tese tão sólida como o conto da escuta telefônica, fábula jornalística que teve o presidente do STF como personagem principal a dialogar canduras com o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás.
A farsa do grampo, publicada pela revista Veja e repercutida, em série, por veículos co-irmãos, serviu para derrubar o delegado Paulo Lacerda do comando da PF, com o auxílio luxuoso do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que se valeu de uma mentira para tal. E essa, não se enganem, foi a verdadeira missão a ser cumprida. Na aposentadoria, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá tempo para refletir e registrar essa história amarga em suas memórias: o dia em que, chamado “às falas” por Gilmar Mendes, não só se submeteu como aceitou mandar para o degredo, em Portugal, o melhor e mais importante diretor geral que a Polícia Federal brasileira já teve. O fez para fugir de um enfrentamento necessário e, por isso mesmo, aceitou ser derrotado. Aliás, creio, a única verdadeira derrota do governo Lula foi exatamente a de abrir mão da política de combate permanente à corrupção desencadeada por Lacerda na PF para satisfazer os interesses de grupos vinculados às vontades de Gilmar Mendes.
O presidente do STF deu centenas de entrevistas sobre os mais diversos assuntos, sobretudo aqueles sobre os quais não poderia, como juiz, jamais se pronunciar fora dos autos. Essa é, inclusive, a mais grave distorção do sistema de escolha dos nomes ao STF, a de colocar não-juízes, como Mendes, na Suprema Corte, para julgar as grandes questões constitucionais da nação. Alheio ao cargo que ocupava (ou ciente até demais), o ministro versou sobre tudo e sobre todos. Deu força e fé pública a teses as mais conservadoras. Foi um arauto dos fazendeiros, dos banqueiros, da guarda pretoriana da ditadura militar e da velha mídia. Em troca, colheu farto material favorável a ele no noticiário, um relicário de elogios e textos laudatórios sobre sua luta contra o Estado policial, os juízes de primeira instância, o Ministério Público e os movime ntos sociais, entre outros moinhos de vento vendidos nos jornais como inimigos da democracia.
Na imprensa nacional, apenas CartaCapital, por meio de duas reportagens (“O empresário Gilmar” e “Nos rincões de Mendes”), teve coragem de se contrapor ao culto à personalidade de Mendes instalado nas redações brasileiras como regra de jornalismo. Por essa razão, somos, eu e a revista, processados pelo ministro. Acusa-nos, o magistrado, de má fé ao divulgar os dados contábeis do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), uma academia de cursinhos jurídicos da qual Mendes é sócio. Trata-se de instituição construída com dinheiro do Banco do Brasil, sobre terreno público praticamente doado pelo ex-governador do DF Joaquim Roriz e mantido às custas de contratos milionários fechados, sem licitação, com órgãos da União.
Assim, a figura de Gilmar Mendes, além de tudo, está inserida eternamente em um dos piores momentos do jornalismo brasileiro. E não apenas por ter sido o algoz do fim da obrigatoriedade do diploma para se exercer a profissão, mas, antes de tudo, por ter dado enorme visibilidade a maus jornalistas e, pior ainda, fazer deles, em algum momento, um exemplo servil de comportamento a ser seguido como condição primordial de crescimento na carreira. Foi dessa simbiose fatal que nasceu não apenas a farsa do grampo, mas toda a estrutura de comunicação e de relação com a imprensa do STF, no sombrio período da Idade Mendes.
Emblemática sobre essa relação foi uma nota do informe digital “Jornalistas & Companhia”, de abril de 2009, sobre o aniversário do publicitário Renato Parente, assessor de imprensa de Gilmar Mendes no STF (os grifos são originais):
“A festa de aniversário de 45 anos de Renato Parente, chefe do Serviço de Imprensa do STF (e que teve um papel importante na construção da TV Justiça, apontada como paradigma na área da tevê pública), realizada na tarde do último domingo (19/4), em Brasília, mostrou a importância que o Judiciário tem hoje no cenário nacional. Estiveram presentes, entre outros, a diretora da Globo, Sílvia Faria, a colunista Mônica Bergamo, e o próprio presidente do STF, Gilmar Mendes, entre outros.”
Olha, quando festa de aniversário de assessor de imprensa serve para mostrar a importância do Poder Judiciário, é sinal de que há algo muito errado com a instituição. Essa relação de Renato Parente com celebridades da mídia é, em todos os sentidos, o pior sintoma da doença incestuosa que obriga jornalistas de boa e má reputação a se misturarem, em Brasília, em cerimônias de beija-mão de caráter duvidoso. Foi, como se sabe, um convescote de sintonia editorial. Renato Parente é o chefe da assessoria que, em março de 2009, em nome de Gilmar Mendes, chamou o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), às falas, para que um debate da TV Câmara fosse retirado do ar e da internet. Motivo: eu critiquei o posicionamento do presidente do STF sobre a Operação Satiagraha e fiz justiça ao trabalho do delegado federal Protógenes Queiroz, além de citar a coragem do juiz Fausto De Sanctis ao mandar prender, por duas vezes, o banqueiro Daniel Dantas.
Certamente em consonância com o “paradigma na área de tevê pública” da TV Justiça tocada por Renato Parente, a censura na Câmara foi feita com a conivência de um jornalista, Beto Seabra, diretor da TV Câmara, que ainda foi mais além: anunciou que as pautas do programa “Comitê de Imprensa”, a partir dali, seriam monitoradas. Um vexame total. Denunciei em carta aberta aos jornalistas e em todas as instâncias corporativas (sindicatos, Fenaj e ABI) o ato de censura e, com a ajuda de diversos blogs, consegui expor aquela infâmia, até que, cobrada publicamente, a TV Câmara foi obrigada a capitular e recolocar o programa no ar, ao menos na internet. Foi uma das grandes vitórias da blogosfera, até então, haja vista nem um único jornal, rádio ou emissora de tevê, mesmo diante de um gravíssimo caso de censura e restrição de liberdade de expressão e imprensa, ter tido coragem de tratar do assunto. No particular, no entanto, recebi centenas de e-mails e telefonemas de solidariedade de jornalistas de todo o país.
Não deixa de ser irônico que, às vésperas de deixar a presidência do STF, Gilmar Mendes tenha sido obrigado, na certa, inadvertidamente, a se submeter ao constrangimento de ver sua gestão resumida ao caso Daniel Dantas, durante entrevista no youtube. Como foi administrada pelo Google, e não pelo paradigma da TV Justiça, a sabatina acabou por destruir o resto de estratégia ainda imaginada por Mendes para tentar passar à história como o salvador da pátria ameaçada pelo Estado policial da PF. Ninguém sequer tocou nesse assunto, diga-se de passagem. As pessoas só queriam saber dos HCs a Daniel D antas, do descrédito do Judiciário e da atuação dele e da família na política de Diamantino, terra natal dos Mendes, em Mato Grosso. Como último recurso, a assessoria do ministro ainda tentou tirar o vídeo de circulação, ao menos no site do STF, dento do sofisticado e democrático paradigma de tevê pública bolado por Renato Parente.
Como derradeiro esforço, nos últimos dias de reinado, Mendes dedicou-se a dar entrevistas para tentar, ainda como estratégia, vincular o próprio nome aos bons resultados obtidos por ações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), embora o mérito sequer tenha sido dele, mas de um juiz de carreira, Gilson Dipp. Ministro do Superior Tribunal de Justiça e corregedor do órgão, Dipp foi nomeado para o cargo pelo presidente Lula, longe da vontade de Gilmar Mendes. Graças ao ministro do STJ, foi feita a maior e mais importante devassa nos tribunais de Justiça do Brasil, até então antros estaduais intocáveis comandados, em muito s casos, por verdadeiras quadrilhas de toga.
É de Gilson Dipp, portanto, e não de Gilmar Mendes, o verdadeiro registro moralizador do Judiciário desse período, a Idade Mendes, de resto, de triste memória nacional.
Mas que, felizmente, se encerra hoje.
Leandro Fortes - Jornalista, é repórter da revista CartaCapital em Brasília. Trabalhou no Jornal do Brasil, Zero Hora, O Globo, Correio Braziliense, Estado de S.Paulo, Época e TV Globo. Também foi chefe da Agência Brasil, da Radiobrás, e comentarista da Voz do Brasil, da Rádio Nacional de Brasília.
É autor dos livros “Jornalismo Investigativo”, “Cayman: o dossiê do medo” e “Fragmentos da Grande Guerra”. Sua mais recente obra é “Os segredos das redações”. É criador do curso de jornalismo on line do Senac-DF e professor da Escola Livre de Jornalismo.
Publicado no portal do Nassif,

25/04/2010 - 09:40

Amorim responde aos clichês sobre a diplomacia brasileira

As perguntas são interessantes para demonstrar como foi montada a crítica à diplomacia brasileira: em cima de declarações soltas de Lula e de estereótipos. São questões pontuais, clichês criados pela própria mídia, sem um pingo de crítica sistêmica à diplomacia brasileira.

Do Estadão

”É um absurdo achar que o Brasil é pró-Irã ou que está isolado”

”É um absurdo achar que o Brasil é pró-Irã ou que está isolado”
Chanceler brasileiro defende posição do País na crise hondurenha, fala sobre sua filiação ao PT e rebate as críticas de que o governo Lula partidarizou a diplomacia brasileira
25 de abril de 2010 | 0h 00

Roberto Simon – O Estado de S.Paulo
Ele está a 132 dias de bater o recorde de José Maria da Silva Paranhos Júnior, o barão do Rio Branco, maior mito da diplomacia brasileira. Quando terminar o governo Lula, Celso Amorim será o chanceler que mais tempo esteve à frente do Itamaraty. Em entrevista ao Estado, ele defendeu a posição do Brasil durante a crise hondurenha, falou sobre sua filiação ao PT e disse que estão “equivocados” os que acham que o País está isolado na questão nuclear iraniana. A seguir, os principais trechos da conversa com o chanceler brasileiro.
Por que o sr, diplomata de carreira e chanceler, decidiu se filiar ao PT?

Estou terminando minha gestão no Itamaraty. Sou diplomata aposentado, além do mais. Mas aposentadoria não é a morte. Interesso-me por política – isso não significa que serei candidato. Se quisesse, teria sido agora. Quero ter um envolvimento na política e me identifico mais com o PT. A maioria dos meus antecessores, com exceção do governo militar, pertenciam a partidos.

Mas não diplomatas de carreira.
Não penso assim. Veja meu antecessor, Celso Lafer. Foi tesoureiro de campanha do PSDB. Roberto Campos, diplomata de carreira, não foi chanceler, mas foi ministro. Sinceramente, isso é um não-assunto.
O sr. seria chanceler em um eventual governo Dilma Rousseff?
Não sei, não tenho mais ambições. Pretendo levar da melhor maneira esse período final do governo, ao qual me orgulho de ter servido.
Seus críticos reclamam da ”partidarização” da diplomacia, dizem que a agenda do PT está ofuscando tradicionais objetivos do Itamaraty.

Primeiro, o governo não é só o PT, mas o PT dentro de uma coligação. Eu, aliás, fico muito satisfeito quando vou ao Senado e à Câmara e – tirando esse período eleitoral – recebo muitos elogios.

Mas, da última vez, dois da membros oposição bateram boca com o sr.
É porque estamos em ano eleitoral. Respeito a opinião dos outros, não estou dizendo que estão certos ou errados. Há alguma diferença de concepção quanto à diplomacia, mas a maior distinção é que nós não nos limitamos a falar. Nós fizemos.
Há reclamações de uma afinidade excessiva da atual política externa com países como Venezuela e Cuba. O sr. discorda?
Não vejo isso de maneira tão dramática. Fui ministro do presidente Itamar (Franco) e levei a Cuba uma carta dele sobre certos temas. O próprio governo Fernando Henrique Cardoso teve uma cooperação razoável com Cuba.
Agora parece ser diferente. Na última visita a Havana, Lula comparou prisioneiros de consciência cubanos como criminosos comuns brasileiros.

Já comentei o que tinha de comentar a esse respeito. O presidente fez uma autocrítica em relação à greve de fome que fez em São Bernardo. Agora, cá entre nós, quando houve greve de fome na Irlanda do Norte ninguém nos pediu para romper com a Grã-Bretanha. Há maneiras de agir. É muito fácil fazer condenações e colocar um diploma na parede. O difícil é contribuir efetivamente para uma melhora.

Mas, ao comparar presos de consciência com criminosos comuns, o presidente não dá um voto de legitimidade ao sistema cubano?
Não vejo que ele tenha feito a comparação entre uns e outros. O presidente comparou situações. Cada um tem seu estilo, suas metáforas.
Outra frase do presidente Lula que marcou muito foi a de que os protestos, no Irã, contra a eleição de junho, eram “choro de perdedor, como uma coisa entre vascaínos e flamenguistas”.
Vocês querem que eu comente o estilo do presidente. Esse estilo é apoiado por 85% dos brasileiros. O que interessa é que o Brasil não vai intervir em um tema interno iraniano e irá se relacionar de Estado para Estado com o Irã.
Mas, novamente, não foi uma intervenção? Não estaria Lula legitimando uma eleição amplamente contestada?
Não acho, de forma nenhuma, que seja uma intervenção. Reflete a experiência dele diante de coisas que assistiu no Brasil. Seria muito pretensioso, nesse caso específico, achar que teríamos alguma influência. O que temos procurado trabalhar com o Irã é o caso do dossiê nuclear.
Antes de falar sobre o programa nuclear, o sr. considera a questão de direitos humanos no Irã um empecilho para a aproximação do Brasil com Teerã?
O ideal é que o mundo todo fosse feito de democracias. De preferência com um componente social, como a nossa. Mas não é assim. Não vou responder a sua pergunta como você quer e a recoloco: a ausência de democracia é empecilho para os EUA – país que seu jornal mais admira, e eu também – estabelecer relações com alguém? Pergunte a um ministro americano se ele pensa em romper laços por causa de violações de direitos humanos.
O caso iraniano é bem particular. O Irã caminha desde junho para uma ditadura brutal, com repressão na rua e a Guarda Revolucionária tomando de assalto o país. Nesse contexto se dá a aproximação brasileira.
Não vejo da forma que você coloca. O Irã é formado por circunstâncias diversas, que vêm desde a traumática ruptura com os EUA.
Sobre o dossiê nuclear do Irã, há em paralelo um programa balístico e todos sabem que Teerã fez uma usina secreta em Qom…
Não defendemos nada disso. Queremos o que (o presidente Barack) Obama defendia até pouco tempo, mas parece estar desiludido. Tudo isso que você estava enumerando já existia. O que há de novo é uma proposta da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) para a troca de urânio levemente enriquecido por elementos combustíveis para o reator de pesquisa de Teerã. Achamos que ainda é possível trabalhar sobre a proposta – assim como os turcos, membros da Otan e vizinhos do Irã, provavelmente os últimos a querer uma bomba iraniana. Chamam-nos de ingênuos, mas acho muito mais ingênuos os que acreditam em tudo o que o serviço de inteligência americano fala. Veja o caso do Iraque. O último relatório da AIEA sobre o Irã não traz fato novo. O que tem é um novo tom, pois mudou o diretor-geral. Converso com muita gente e não vejo o Irã perto de fazer uma bomba. A maioria dos analistas tampouco acredita que isso está próximo.
O artigo de capa da última “Foreign Affairs”, prestigiada revista de especialistas, diz exatamente o oposto.
Mas isso virou uma polêmica ideológica. Um artigo publicado nos EUA colocava a estimativa mínima entre três e cinco anos para se obter uma bomba. Supondo ainda que eles queiram fazer. Não estou dizendo que eles querem ou não. Mas é possível fazer um acordo que dê conforto relativo – pois absoluto não há – de que o Irã não terá um arsenal nuclear mínimo a médio prazo, ao mesmo tempo respeitando o direito iraniano de ter energia nuclear para fins pacíficos. É absurdo achar que o Brasil é pró-Irã. Veja o que diz (Thomas) Pickering, que trabalhou com a (ex-secretária de Estado dos EUA) Madeleine Albright, ou o (ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Zbigniew) Brzezinski. Outro dia até o Estadão publicou um artigo – fiquei feliz – defendendo a mesma coisa que nós. Dizer que Pickering é pró-Irã é estar no mundo da Lua, sinceramente.
Ahmadinejad fechou um acordo com AIEA e depois recuou. Como o sr. vê esse vaivém?
Os EUA também chegaram a condenar Honduras na OEA e depois recuaram, porque senadores não confirmavam um embaixador.
São situações comparáveis?
Claro que não. Estou dizendo que em todos os lugares há posições variadas. O Irã, independentemente do julgamento de valor, certamente tem um sistema político plural.
Não é o que pensam os dissidentes iranianos, sobretudo desde junho.

Um dos primeiros a condenar o acordo com a AIEA foi o (líder da oposição Mir Hossein) Mousavi. O Irã tem um sistema plural, apesar de todas as suas limitações. Não estou falando que é a democracia pluralista que queremos. Acho, honestamente, que o Irã devia ter aceito a oferta da AIEA que permitia o enriquecimento. Mas não é porque recusaram que diremos “então está bem, vamos para guerra”. Ou “vamos para sanções”, que podem não ter efeito ou punir a população.

Então, se uma resolução nos atuais termos vier, o Brasil votará contra.

Não darei essa informação. Ainda temos de analisar.

O vice-presidente José Alencar afirmou que uma bomba iraniana só teria fins defensivos. O sr. concorda?

Você só me pergunta sobre o que os outros dizem (risos). Respeito muito o vice-presidente e não comentarei. Surpreende-me a falta de informação. Achar que o Brasil é pró-Irã ou que está isolado é totalmente falso. Nem deveria invocar esses exemplos, mas como é tão importante para um certo grupo da elite brasileira saber o que os outros pensam… Outro dia na TV disseram que Honduras foi um “tropeço” nosso. Não vejo absolutamente nenhum tropeço nesse caso. Aliás, nossas posições públicas foram iguais às dos EUA. Eles nunca abriram a boca para nos criticar por dar abrigo ao (presidente Manuel) Zelaya. Só a mídia nacional e alguns políticos fizeram isso.

Hoje, olhando para trás, o sr. avalia que a decisão de abrigar Zelaya beneficiou a crise hondurenha?

Foi corretíssima, positiva para a coerência do Brasil. É espantoso que jornais que foram obrigados a publicar receita de bolo em suas páginas por causa da censura de um governo militar achem justificável um golpe de Estado. Isso me espanta. Houve um erro e não devemos permitir que ele sirva de exemplo. Aliás, mutatis mutandis, o golpe hondurenho se assemelha muito ao de 1964. Todo mundo diz que o Brasil cometeu um fiasco, como se não fosse correto dar abrigo a um presidente legitimamente eleito, tirado de sua casa na ponta de um fuzil.

Nenhum grande jornal do Brasil defendeu o golpe. Para o “Estado”, o novo regime era “governo de facto”. O que se questionou foi, por exemplo, o fato de Zelaya convocar uma “insurreição” – foi essa a palavra usada – de dentro da embaixada brasileira.

O que você queria que eu fizesse? Pegasse o Zelaya e botasse na rua? Aí sim teríamos uma chance de guerra civil. Chegamos para ele e dissemos “você fica, mas não fale mais isso”. Eu, pessoalmente, disse a ele: “Presidente, por favor não use a palavra morte”. E ele respeitou. Enviados americanos iam à embaixada brasileira falar com Zelaya. Só se chegou a uma conclusão – que, certamente, não foi a ideal – porque abrigamos Zelaya.

Recentemente, a revista “Foreign Policy” afirmou que o sr. é o “Henry Kissinger brasileiro”. Como o sr. vê a comparação?

Não tenho o brilhantismo do professor Kissinger (risos). E ainda acho que sou um pouco mais idealista do que ele.

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PT lança Marcadante governador e Marta senadora

do blog amigos do presidente

sábado, 24 de abril de 2010

4 mil militantes e Dilma confirmam pré-candidatura de Mercadante e Marta


Mais de 4 mil militantes lotaram a quadra do sindicato dos Bancários de São Paulo neste sábado, 24, onde o PT confirmou as pré-candidaturas de Aloizio Mercadante para o governo de SP e de Marta Suplicy para o Senado.

As pincipais lideranças políticas paulistas de nove partidos estavam lá, e contou com a presença também de Dilma Rousseff.

Mercadante lembrou suas origens, nascido em Santos, e como filho de militar, teve que morar em muitos estados do Brasil, devido as transferências. Mas não só nasceu como escolheu sempre viver em São Paulo, desde os 15 anos, quando veio em definitivo, e nunca mais quis sair de São Paulo.

Terra rica em migrantes precisa de um governo para todos

A gente aprende que São Paulo tem gente de toda parte. Pra cá vieram imigrantes, os portugueses, espanhóis, italianos, alemães, franceses, japoneses, e aqui construíram suas famílias e ajudaram a trazer um pedaço das suas culturas pra construir a nossa identidade, que é própria, é nossa, que são as nossas tradições, já tão consolidadas como povo paulista.

Nós recebemos migrantes de toda parte. Dos mais de 30 milhões de migrantes que saíram do Nordeste para o Sul e para o Sudeste, São Paulo foi o estado que mais os acolheu. Nós recebemos gente do Norte, do Centro-Oeste, do Sul. São Paulo, portanto, é uma cultura de muitos povos, de muitas tradições, e por isso mesmo muito rica na sua diversidade. Esse sentimento de fazer parte desse estado tão importante historicamente traz pra mim um misto de orgulho e de responsabilidade.

São Paulo precisa aproveitar melhor o bom momento que vive o Brasil

"... aqueles que apostaram na crise, olhando para o que ainda acontece nos Estados Unidos, no Japão, na Europa, perderam o discurso e credibilidade, porque o Brasil está crescendo neste primeiro trimestre mais de 7% ao ano, batendo recorde de empregos, com 657 mil novos empregos gerados. Deixa um Brasil que, pela primeira vez, a gente cresce distribuindo e distribui pra crescer. Porque o social foi o eixo econômico, com o Bolsa Família, com o salário mínimo, com a distribuição de renda e com o combate à pobreza."

Interior paulista precisa de políticas além de Pedágios e Presídios

Para aproveitar essa oportunidade, Mercadante diagnosticou que um dos primeiros desafios a serem vencidos em São Paulo é desenvolver um crescimento no nosso estado mais harmônico, com menos desigualdade e assimetria, inclusive regional.

"... a macrorregião de Campinas, Baixada Santista e São Paulo representam hoje 63% da economia. E as periferias vão crescendo de forma desorganizada. E o interior, em mais de 200 cidades tivemos redução demográfica, as pessoas estão saindo especialmente do Oeste paulista, porque a única política que tiveram foi pedágio e presídio...

... E digo que um dos primeiros atos do meu governo será criar um Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, como o presidente Lula fez para dialogar com todos os setores e nós vamos regionalizar esse Conselho pra criar governabilidade em cada região administrativa do estado de São Paulo. São Paulo vai se interiorizar, vai olhar o interior com mais respeito e com mais atenção. "

Engarrafamentos e lerdeza demo-tucana na construção do metrô

"... São Paulo, no governo do PSDB, criou 1,2 quilômetro de metrô por ano. Pra gente chegar onde está a Cidade do México, que começou a construir junto com São Paulo a construir o metrô, nós vamos precisar mais de 100 anos no ritmo que eles impuseram. Nós vamos acelerar o metrô, recuperar a CPTM, fazer o Ferroanel, pra ter trem, metrô e corredores de ônibus pra ter transporte de qualidade, porque o povo não pode ser tratado com essa indignidade que é o transporte de São Paulo hoje".

Educação de qualidade e respeito ao professor

"A escola é a prioridade das prioridades. E mesmo que o eleitor às vezes não veja isso, eu vou lutar nessa campanha pra colocar a educação em primeiro lugar entre as políticas públicas desse estado.

Minha companheira Dilma, Marta, uma mãe chegou pra mim e falou que o filho está com medo na escola. Eu falei: mas o que que é ? É o tráfico, as brigas?  Porque estão acontecendo, o tráfico está na porta das escolas. Ela falou que não, que o medo dele é quase um pavor, ela disse pra mim que o medo dele é que o professor o chame na frente da sala e ele tenha que ler um texto. Porque ele está na 4ª série e não consegue ler, não consegue escrever....

... Os exames de avaliação do ensino em São Paulo, como o Pisa, que é um exame internacional, mostram que São Paulo está abaixo da média nacional. Como é que o estado mais rico da federação não consegue criar uma educação de qualidade, que impulsione o Brasil e mostre o caminho do futuro?

... Nós tivemos uma greve dos professores... Nós construímos a democracia para que qualquer um se manifeste como quiser, qualquer categoria, em qualquer momento. Quantas greves o governo Lula enfrentou? Buscando o diálogo, a negociação, a valorização do funcionalismo, hoje nós temos muito menos conflitos do que tínhamos. Se tiver uma mesa permanente de diálogo com o funcionalismo, o conflito diminui.

Agora, o que é que está por trás dessa greve: cinco anos que uma parcela da categoria dos professores, que tem o 14º salário do Brasil, em cinco anos recebeu 5% de reajuste. Eu não sou contra que a gente possa ter uma política de abono por desempenho. Mas não é possível impor uma prova, só 20% pode ter direito ao abono, e depois que recebem ficam quatro anos sem receber. E principalmente: uma categoria de professoras e professores cujo principal instrumento de trabalho é um pedaço de giz não pode ser tratado com borrachada e cassetete como aconteceu em São Paulo.

Não prometo atender todas as reivindicações. Mas prometo que farei de tudo pra dar dignidade, dar autoridade, formar os professores, motivar os professores, a começar por um diálogo permanente que nós vamos ter com eles e com as outras categorias do funcionalismo do Estado, que precisa ter mais respeito e melhor tratamento."

Habitação: governos demo-tucanos deixaram a desejar

"Se a gente olhar pra situação da habitação em São Paulo, nós temos tido uma média de 20 mil casas por ano ao longo desses últimos anos do governo do PSDB. Nós temos, só na Grande São Paulo e na macrorregião de Campinas, 11% de casas que precisam ser totalmente refeitas ou removidas. A maioria em situação de favela ou cortiço. Nesse ritmo, nós vamos precisar de 42 anos pra resolver. Ou seja, em São Paulo a CDHU mostrou que precisa de parceria com o governo federal. O programa Minha Casa, Minha Vida já tem 72 mil casas sendo construídas em São Paulo. Imagina se o governo do estado ajudar a financiar o terreno, ampliar esse programa e fazer uma verdadeira parceria...  Nós vamos ser parceiros naquilo que é habitação popular.

... Nós vamos olhar moradia popular com os movimentos populares, construindo um programa muito mais ousado.

Porque o presidente Lula me disse uma coisa: o grande sucesso do meu governo é que eu estou fazendo o básico pro povo, é ter emprego, é ter salário, é botar o filho na escola, é a renda mínima, é poder ter uma casa, esse é o segredo pra gente construir uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais solidária."

Segurança pública

"Se nós quisermos olhar pro futuro, nós vamos ter que repensar a política de segurança pública em São Paulo. Não dá pra população e pro governo achar que só se lembra da polícia quando disca o 190. Aí todo mundo lembra da polícia. E nós, que temos uma tradição de luta, precisamos repactuar a relação com a polícia militar e civil em São Paulo, porque precisa de mais policiamento ostensivo, a melhor polícia é aquela que previne o crime. E quando ele ocorre as delegacias têm que ser reestruturadas pra poder responder à população.

E pra isso nós vamos ter que enfrentar a crise do sistema prisional... Porque, se nós não sairmos, tivermos passividade, falta de firmeza, de competência, nós já vimos aonde vai dar: o crime organizando, atacando a sociedade, matando policiais, assustando e impulsionando o tráfico de crack, de droga, como a gente vê hoje.

Nós temos que separar os presos por grau de periculosidade. Para os que são primários, os que são reincidentes, não perigosos, trabalho e educação para progressão no sistema prisional. Nós temos, para aqueles que não precisam ser presos, monitoramento eletrônico e pena alternativa, é muito mais inteligente ele trabalhar aqui fora pelo crime que cometeu que não ameace a vida e a sociedade, do que ficar preso nesse sistema, que ele sempre sai pior do que entrou, no sistema prisional. Nós temos que reestruturar as prisões e criar uma polícia comunitária, reaproximando São Paulo e valorizando a polícia. Nós fizemos isso com a Polícia Federal, nós fizemos a força nacional, que são exemplos de competência e atitude séria na segurança do Brasil."

Alagões

"Nós temos que reorientar a Sabesp, não apenas na relação com os municípios e com seus clientes, mas na proteção dos mananciais, da águas, das matas ciliares, o governo do estado tem que ter uma proteção mais pró-ativa na proteção do que resta de mata atlântica, no combate às emissões.

Demos passos concretos para reduzir a emissão de gás carbônico e reduzir o efeito estufa. Estão em toda parte, os tufões, tsunamis, os terremotos, as enchentes. Eu percorri a maioria das cidades que foram atingidas e o governo federal está liberando recursos, dando apoio, ajudando esses municípios a enfrentar – 79 mortos, mais de 20 mil pessoas desabrigadas. Onde esteve o governo do estado em um momento tão delicado como esse".

Chegou a hora de São Paulo destucanar

"Presidenta Dilma: você sabe que a disputa aqui não é fácil. Nunca foi. Nesses 27 anos que o mesmo grupo se alterna ao poder e 16 anos do PSDB no governo mostra que nós teremos uma disputa dura. Mas eu sinto que todo esse tempo vai acomodando as pessoas. Falta criatividade, falta energia, falta motivação. E nós já estamos hoje, ontem, no ato que fizemos, estavam aqui os companheiros do PT do B, do PRP, do PTN, do PPL, do PRB, do PR, do PC do B, do PDT, do PT. Nós já temos nove partidos e podemos ir além disso. Pela primeira vez na história de São Paulo nós conseguimos apoio das centrais sindicais e um amplo movimento pela mudança e pela transformação.

E isso, esse salto que nós estamos dando, qual é a novidade? É que a mesma São Paulo que nunca deu oportunidade ao Lula de vencer uma eleição, hoje aplaude e reconhece a qualidade do governo Lula."

A íntegra do discurso pode ser lida aqui.