quarta-feira, 30 de março de 2011

Bolsonano e o Circo dos Palhaços Incendiários.

Do O Mundo é Fake,
quarta-feira, 30 de março de 2011

O que há por trás de Bolsonaro?


Nesta terça feira, fui surpreendido no Twitter pela indignação coletiva contra o Deputado Jair Bolsonaro, do Partido Progressista (ou seria Regressista?). Pesquisando um pouco mais, descobri que se tratava de declaração infeliz, feita por matéria do programa CQC que foi ao ar na segunda feira à noite.

Não foi preciso ser nenhum gênio para entrar no Youtube, digitar "Bolsonaro CQC" e ver logo no primeiro resultado a matéria, que ao meu ver, pela gravidade do assunto, foi tratada com ar de deboche.

O que logo me preocupou, foi que a reação geral do público, foi exatamente a esperada pelos produtores da matéria... gerar um pseudo sentimento de revolta e indignação com o seu conteúdo.

Em primeira instância, puseram a culpa no Bolsonaro, mas eu iria além.

Marcelo Tas, o sentinela da ditadura, que durante a ocupação do Complexo do Alemão, chegou a sugerir que se fizesse o mesmo com o congresso nacional, além de outras escabrosidades que somente um profuso defensor da democracia é capaz, chegou a ensaiar um ar de indignação com as declarações do Deputado Bolsonaro, bem ao estilo Milton Neves, atacando esse ou aquele jogador de futebol, sabendo que logo surgem das trincheiras, um exército disposto a defendê-los.

A minha impressão é que essa matéria foi meticulosamente produzida, para gerar a reação que ela efetivamente gerou, criando uma cortina de fumaça para desviar a atenção do público de discussões mais importantes e ao mesmo tempo, promovendo uma moção popular contra o Deoutado, que seguiu um roteiro tão planejado, que possibilita que qualquer advogado meia boca consiga livrá-lo de uma condenação mais séria pelo conselho de ética da Câmara dos Deputados.

Tal absolvição permite um precedente para que outros Bolsonaros saiam de tuas tocas e façam o mesmo, sob o pretexto de que não estão fazendo nada mais do que Bolsonaro fez.

Acredito, portanto, que o assunto que o público em geral repudia, não é exatamente o alvo principal da situação aqui. Isso não tem nada a ver com gays, homossexuais, negros, cotistas ou qualquer outro assunto passível de polêmica.

Programas sensacionalistas como o de Márcia Goldschmidt, Luciana Gimenes, entre outros, trazem todos os dias personagens patéticos como o Dep. Jair Bolsonaro, simplesmente para criarem polêmica e atrair atenção (a.k.a. audiência).

A "mágica" da democracia é exatamente essa aberração cultural, que permite que qualquer idiota diga na TV o que durante a ditadura somente idiotas dos quartéis que criaram Bolsonaro podiam dizer.

A mídia não é idiota... sabe muito bem o que está fazendo e eu, como também não sou nenhum imbecil, sei exatamente o que a mídia faz.

Porque o mundo é assim, meus amigos... O mundo é fake!



André Menegatti
Designer, publicitário, mercadólogo, sociólogo, filósofo e acima de tudo, um ser humano que busca ver o mundo com um olhar mais apurado, além do óbvio e do simplista.
 


segunda-feira, 28 de março de 2011

Breves notícias do Japão - Tentando voltar à normalidade, apesar da tragédia estar muito longe do fim.

Uma caixinha preta chamada Japão. Mais pra sodoma e gomorra.


por Mario Kodama, segunda, 28 de março de 2011 às 12:23, por Diários do Arquipélago

Dei uma folga para tragédia. Evitei a tevê e a internet por esses dias. Como se fosse possível dar “um tempo”, quando se está no meio de um lugar em que o perigo está tão escancarado na sua frente. E, é tão letal e invisível como a radiação atômica que toma conta do seu corpo e da sua alma. E nem sempre depois da tempestade vem a bonança. A verdade é que depois de um terremoto vem um tsunami de proporções gigantescas, como garantia de que não haverá mais esperanças. Mas como o homem é teimoso, para tentar terminar o serviço vem uma explosão atômica.

Não sei se é para rir ou para chorar, mas desconfio que Alguém definitivamente não joga dados. E, falando sério não vejo graça nenhuma. Sinto que estou no meio de sodoma e gomorra. E Alguém está querendo afundar com a ilha, de forma absolutamente intencional. Como se não fosse o bastante a falta de recursos – de todo tipo – e de espaço que restringe o povo japonês à sua disciplina e à sua alegre tristeza. E apesar de todas as probabilidades, tornou-se a segunda maior potência do mundo civilizado. É o rato que ruge, que ousou desafiar todos os parâmetros que lhes foram impostos. E Alguém lá em cima perdeu a paciência. Não é possível!!!.

E eu, não pude evitar de ficar com o saco cheio. — Para o mundo que eu quero descer!!!. Como se pudesse ter alguma escolha sobre o que está ocorrendo. Fico irritado toda vez que a terra balança, e vejo um sorriso sarcástico nos lábios de Deus. Queria que Ele também me desse um tempo. A terra continua a tremer todo o santo dia.

Não dá mais para ter certeza de nada. Não dá para acreditar nas informações do governo japonês. As informações sobre as radiações são muito desencontradas. O Japão parece condenado ao seu suplício. A contaminação dos reservatórios de água da região da tragédia até Tóquio, passando por Tochigi, Ibaraki, Gunma, Saitama (onde moro) e Chiba, é fato. O mais certo seria evitar tomar e utilizar a água de torneira. Mas não há alternativa. O desabastecimento de água mineral é total.

O governo japonês diz que é seguro para os adultos beber esta água. Mas imprópria para bebês. Vamos saber daqui a uns vinte anos se é verdade. Muitos japoneses já desconfiam das informações oficiais. Perguntei para uma colega japonesa, mãe de dois filhos pequenos, se era possível beber a água se fervida. Ela disse que sim. Já outro colega meu, o cético sr. Sekimo, ele disse que não. Pelo contrário, a água fervida pode ter o seu risco de contaminação aumentado pelo vapor.

Perguntei ao Sekimo-san que medidas estava tomando em sua casa, onde mora com papai e com a mamãe. Ele disse que não existia outra alternativa senão utilizar a água de torneira, já que nos supermercados a água mineral está esgotada ou esgota rapidamente na medida que é abastecido. O único consolo é que os riscos de contaminação da água caem exponencialmente, retornando a níveis toleráveis em dois ou três dias. Pelo menos é o que dizem os técnicos.

Sekimo-san é um jovem, dos seus cerca de 30 anos, bem desconfiado para um japonês. Ele também é bastante alto para um nipônico. Tem seus 1.80 m, é magro como um palito. Acumula diversas doenças – uma delas congênita, que causou recentemente o seu internamento. Parece que houve a paralisação do fígado, ou coisa parecida. Segundo ele, os médicos não descobriram a causa do seu sofrimento. Ele é branco como um lençol e tem as bochechas rosadas, de problemas na pele do rosto.

Os cabelos do japonês são duros e espetados para baixo. De olhar imóvel de poucos sorrisos, Sekimo-san sofre de alergia do kafum, uma praga japonesa no verão, causada por uma invasão do pólen de um popular pinheiro nipônico. Muitos brasileiros contraíram o mal. É uma agonia nacional, quando o calor úmido e insuportável chega às plagas do arquipélago.

De quebra, Sekimo-san tem alergia a detergente. Tem as mãos ressecadas e cheias de chagas e feridas. Mas é um cara bem legal. Dos poucos que comenta sobre as tragédias do noticiário e me explica coisas. Esse artigo é um pouco dos muitos assuntos que discuto com ele enquanto trabalhamos. Das poucas vezes que o seu turno coincide com o meu.

Na opinião de Sekimo-san, a tevê e o governo estão escondendo muita informação. Segundo ele, o Japão ainda tem outras usinas nucleares muito semelhantes a que foi danificada pelo terremoto e teve seu sistema de resfriamento avariado pelo tsunami. E que provavelmente estariam condenadas também porque está constatado que estão muito vulneráveis aos abalos sísmicos – numa das regiões de maior risco do planeta neste tipo de fenômeno natural.

Para ele também não se noticiam as condições em que estão funcionando usinas nucleares localizadas muito próximas a de Fukushima e que também estão no litoral do Pacífico. Sem falar que, o país ainda conviveria com a tragédia da gripe aviária e suína no sul do Japão, que não está sendo noticiado, de acordo com ele. Também saiu do noticiário o problema do vulcão, que voltou à atividade e estava assolando duas províncias também do sul do Japão, no início do ano.

Para contrapor ao Sekimo-san, tem o sr. Takahashi. Outro colega jovem japonês, do seus 28 anos, que é uma figura muito entusiasmada. Músico e amante da bossa nova, ele diz para ficar tranqüilo e confiar no governo. Quando digo que tem uns amigos meus fazendo uma campanha para que eu volte para o Brasil, ele dá uma risada gostosa. Elétrico, ele se encontrou no trabalho da casa de repouso, depois de perder o emprego na linha de produção de carros na crise imobiliária dos Estados Unidos, em 2008.

De semblante alegre, Takahashi-san é careca, de cabeça lisinha, e invariavelmente está de bandana vermelha estampada, o que lhe dá um ar bem rockeiro. Sempre falante, carrega um sorriso vivo no seu rosto branco e dentes frontais encavalados, com manchas de nicotina. Apesar de ter passado por terapia de eletro-choque depois de uma crise de karoshi (excesso de trabalho), em que parou de dormir, parece uma pessoa bem centrada e feliz.

Peço perdão pelo atraso nas respostas dos email. A caixa de correspondência está sempre lotada e cheia de solidariedade. Sou muito grato e agradeço a Deus por tantos amigos. Muito obrigado e tudo de bom. E que tudo volte em dobro e em felicidade para todos. Dou um tempo de vez em quando mas volto sempre. Tinha uma namorada que dizia que sou como uma Fenix. Kkkkkk

Abraço a todos.

PS (Pituca): Só que o Mário não voltou para a namorada. Só para constar kkkkkk

sábado, 26 de março de 2011

Gnarls Barkley ou Cee-lo Green mais Danger Mouse. Maravilha musical! Eu não vi isso em 2007.

Recentemente, me deparei com esse som no Live Abbey Road, numa dessas reprises na tv assinada. Me impressionou a estética e a qualidade musical. Um DJ maluco e um intérprete extraterrestre fantástico. Cee-lo está nas paradas. Uma voz potente e uma presença sem precedentes. O som é de 2007! Vale a pena ver e ouvir:

terça-feira, 22 de março de 2011

Breves noticias do Japão - Um casal em meio a turbulência - Via "Face" do Mário.

Casal brasileiro abandona apartamento para se salvar de terremoto




por Mario Kodama, segunda, 21 de março de 2011 às 10:46

O brasileiro Milton Saito, 51, e a esposa Cris tiveram que abandonar às pressas o seu apartamento onde moravam na cidade de Otawara (na província de Ibaraki), durante a tragédia do terremoto japonês de 9.0 da escala richter, que abalou o arquipélago às 14h46 da tarde do dia 11 de março. O tremor, que atingiu cerca de 7 graus na região onde moravam, deixou rachaduras e condenou o prédio, no terceiro andar. “Nada ficou no lugar. Por milagre, o monitor do computador não se quebrou, cuja mesinha veio parar no meio do quarto. A geladeira saiu andando”, relembra Milton, contando o drama que viveu naquele dia. "Foi uma coisa incrível. Nessas horas a gente nem sabe no que pensar.", afirma

Ele relata que quando percebeu o forte terremoto, foi buscar a esposa que dormia no quarto, depois de deixar a porta de saída aberta. Quando o casal voltou para deixar o apartamento, tiveram que ficar pendurado na porta, para se manter de pé, no momento mais forte dos tremores. “A gente não conseguia atravessar o vão de saída. Você fica completamente sem noção das coisas. No sétimo andar, uma cama quebrou as pernas, de tanto vibrar contra o chão, tamanha a força dos abalos sísmicos”, conta.

O casal brasileiro teve que passar três dias dormindo na praça dentro do carro. Apenas anteontem conseguiu se instalar no novo apartamento, e aos poucos está transferindo a mobília do antigo apartamento. E aliviado, tenta se recuperar do grande susto da trágica experiência, muito preocupado com os problemas da usina nuclear de Fukushima. Ele atualmente está desempregado e a esposa trabalha numa fábrica de produção de celulares. Ela retornou ao trabalho recentemente.

O Japão literalmente parou por cerca de uma semana. As fábricas começam agora a ligar as máquinas e voltar para a sua rotina. A terra ainda continua a tremer. Milton relatou um tremor enquanto falava com ele, no momento que redigia este post. Felizmente, o sismo acabou não sendo sentido onde moro. Milton quer voltar para o Brasil o quanto antes possível. Ele é de Presidente Prudente (SP). Contabilizando ida e vindas, está no Japão há cerca de 10 anos.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Mino Carta e a mediocridade que tomou conta do jornalismo "dominante" brasileiro

Vale a pena ser jornalista no Brasil? 
Mino Carta 19 de março de 2011 às 17:27h



Pequena reflexão sobre as relações entre profissionais nativos e a diplomacia dos EUA, e sobre quem lhes dá crédito. 
Por Mino carta. Foto: Reprodução

Como jornalista, recebi o melhor elogio de João Baptista Figueiredo. À beira de um churrasco celebrado em 1988 em companhia de colegas de pijama, o quinto e último ditador pós-golpe, também ele já apeado, gravou um depoimento em que lá pelas tantas fala de mim. Textual: “O Mino é um chato, se pudesse reescreveria os Evangelhos, Geisel o detestava, mas ele não tem rabo preso”.

Figueiredo me comparava a Roberto Marinho e Victor Civita, dos quais não tinha boa opinião: só o procuravam, dizia ele, para pedir favores de alto calibre. Evidente a confusão no confronto: Marinho e Civita são patrões e eu sou um profissional de imprensa. Há hoje em dia quem me pretenda empresário, apresso-me a esclarecer: faltam-me tino e espírito para tanto. Deu-se apenas que, depois de sair da Veja em fevereiro de 1976 ao me demitir para não levar um único escasso tostão do dono da Editora Abril, tive de inventar os meus empregos. De sorte a garantir um salário, até agora indispensável.
Perdoem se me alongo no assunto, mas os leitores, sempre generosos, entenderão ao cabo a sua pertinência. No caso da Carta­Capital deixo claro que nunca vi a cor de um dividendo, o emolumento que costuma premiar os empresários. Não vi porque não houve. Sobra o salário, muito, incrivelmente inferior ao de qualquer diretor de redação da chamada grande imprensa. E nem se fale dos senhores da mídia eletrônica. As redações espelham a situação social do País com alguma fidelidade. Os graúdos ganham mais do que os colegas do mundo pretensamente primeiro, os miúdos ficam a léguas de distância a viver o terror da demissão.

Disso tudo, e razões outras, resulta um jornalismo de péssima qualidade. Quem tiver dúvidas, compare os produtos da nossa imprensa, jornais e revistas, com os similares europeus e alguns americanos. Os quais, aliás, nascem em redações bem menores e infinitamente mais competentes, ancoradas em profissionais que lidam com o vernáculo com desembaraço impensável por aqui, e carregam uma bagagem inatingível nas nossas latitudes de estudo e leituras importantes em lugar de inúteis diplomas. Sem contar que prestam seus serviços a uma mídia devidamente regulamentada por leis tão democráticas quanto inflexíveis.
Não sei se vale a pena acentuar certas diferenças, por mais evidentes, em um país­ que, em níveis sociais elevados, é o Bazil zil zil em vez do Brasil brasileiro da música. Popular, obviamente. Mas a turma de cima se dá ares, dirige pelas ruas como se fossem da sua propriedade e carrega para os restaurantes o vinho conservado em suas adegas climatizadas. E dizer que há poucos anos se encharcavam de uísque antes, durante e depois do jantar. Terrível é que se espraie um segundo time empenhado em seguir-lhes os passos. São estes os leitores da nossa imprensa. Haverá outros, está claro, entre eles os de CartaCapital, mesmo assim a leitura é coisa da minoria, não somos argentinos, muito menos ingleses, que diabo.

O episódio entre o ridículo e o grotesco que aponta em alguns jornalistas (jornalistas?) brasileiros outros tantos advisers da diplomacia dos EUA, revelado nos últimos dias pelo WikiLeaks, é altamente representativo da mediocridade dos atores. O jornalismo nativo e a diplomacia americana. Pergunto aos meus irônicos botões se eu não seria condescendente quando aludo à mediocridade. Não estaríamos diante de um fenômeno que a transcende? Gargalham com gosto, advertem contudo: não se trata de vendilhões da pátria, não caiamos em equívoco tão grosseiro. Trata-se é de sonhadores.

Sonhadores? Que os botões se expliquem. Reproduzo o raciocínio. Não são jornalistas, não se interessam pela verdade factual, pelo exercício do espírito crítico. Entregam-se ao devaneio, a uma ficção onírica, e mandam às favas as regras mais comezinhas da profissão. Se não, vejamos. Ao acaso: segundo um despacho do consulado americano do Rio para Washington, “o importante colunista político da revista Veja, Diogo Mainardi” expõe em sua coluna de uma edição de janeiro do ano passado o desejo de José Serra de ter Marina Silva como vice na chapa anti-Lula, manifestado durante almoço tête-à-tête ocorrido dias antes. E Aécio Neves onde fica? O principal officer sediado no Rio apressa-se a esclarecer em seu despacho que o importante colunista relatara anteriormente os termos de uma conversa com Neves, o qual se dissera “completamente aberto” à possibilidade de concorrer como vice de Serra. Muito antes, em entrevista a CartaCapital, o então governador de Minas havia excluído peremptoriamente esta chance, para negá-la oficialmente, de resto, dia 17 de dezembro de 2009.

Acontece que os diplomatas americanos leem sofregamente a imprensa nativa e não perdem o Jornal Nacional, e confiam na mídia sonhadora do pensamento único. Na lista dos especialistas e peritos em miragens consultados pelos americanos estão nomes ilustres. Merval Pereira, por exemplo. Nove dias depois de Mainardi, insistia na disposição já desmentida de Aécio Neves. William Waack, da TV Globo, e Helio Gurovitz, diretor de redação de Época, foram classificados pela própria embaixada como “os críticos mais duros de Rousseff”. Para Waack, Dilma é “incoerente”. Menos criativo, Gurovitz a definia como “o poste de Lula”. De todo modo o presidente não a elegeria, como se deu com o candidato da senhora Bachelet no Chile.

Não é que representantes de Tio Sam se diferenciem de nossos privilegiados, ao menos na escolha de suas leituras. Uns e outros preferem o devaneio, o sonho à rea­lidade, a mentira à verdade factual. Deste caos mental participa boa parcela de empresários e publicitários, e a eles aludo porque esta é matéria fortemente relacionada com o destino de CartaCapital. Faz tempo surgem em cena senhores que se apresentam como jornalistas e que se aplicam na conta das páginas de publicidade desta revista. Concluem que a contribuição da publicidade “governista” é maior do que a da iniciativa privada. Não é bem assim.

Por que se dedicam a este mínimo esforço (às vezes não exige excessivo saber aritmético) até hoje não entendi. De quando em quando, entre o fígado e a alma formulo uma hipótese, não enobrece esses matemáticos mas não a declino por modéstia: aponta para a nossa invejável qualidade. Recorro, porém, e mais uma vez à verdade factual. Durante o reinado de Fernando Henrique Cardoso fomos esquecidos pela publicidade do seu governo, de certa forma perseguidos, na esperança, quem sabe, de que morrêssemos na praia. Recém-empossado em 2003, Lula me chamou a Brasília dia 15 de janeiro. Somos velhos amigos, desde o final de 1977, e ambos ficamos à vontade quando me perguntou: “Que podemos fazer por CartaCapital?” A esta altura da conversa estava presente também José Dirceu, chefe da Casa Civil. Respondi: “Peço apenas isonomia em relação à publicidade do governo”.

Assim foi, dentro das justas regras de que as nossas páginas são mais baratas que outras. Quem soma as inserções públicas em CartaCapital, se frequentasse a verdade factual teria de verificar o que acontece naquele mesmo instante nas outras semanais. Quanto ao setor privado, a conclusão é inescapável: inúmeros empresários, inúmeros publicitários, preferem o devaneio, tão bem contado pelos informantes e conselheiros que a nossa mídia fornece aos diplomatas americanos, à prática do jornalismo honesto, incapaz de confundir o wishful thinking com quanto acontece e, como dizia Hannah Arendt, “acontece porque é”. Mas até as nossas autoridades, frequentemente agredidas pela sonhadora mídia nativa, a prestigiam sempre que podem, em uma belíssima demonstração de humildade e caridade cristã.

CartaCapital não apoiou, nos limites dos seus alcances, as candidaturas de Lula em 2002 e 2006, e de Dilma em 2010, por qualquer motivo de identificação ideológica ou interesse material, e sim porque entendia serem as melhores para o Brasil brasileiro. Em outros países, esta definição não somente é de praxe, mas também demanda­ da opinião pública. Neste momento as circunstâncias me levam a perguntar aos meus céticos botões: vale a pena ser jornalista no Brasil? Eles agora se calam.


Mino Carta

Mino Carta é diretor de redação de CartaCapital. Fundou as revistas Quatro Rodas, Veja e CartaCapital. Foi diretor de Redação das revistas Senhor e IstoÉ. Criou a Edição de Esportes do jornal O Estado de S. Paulo, criou e dirigiu o Jornal da Tarde. redacao@cartacapital.com.br

Obama: O homem certo, no país errado, na hora errada.

Os fracassos de Obama
Antonio Luiz M. C. Costa 19 de março de 2011 às 13:00h (via Brasilianas.org)




A tragédia do homem certo a quem coube se eleger para governar o país errado, na hora errada. Por Antonio Luiz M. C. Costa. Foto: Pete Souza/LatinStock

A tragédia do homem certo a quem coube se eleger para governar o país errado, na hora errada
O presidente Barack Obama abandonou de vez, ao que tudo indica, o mais simbólico de seus compromissos. Na segunda-feira 7, revogou seu próprio decreto que suspendia os julgamentos dos presos de Guantánamo por tribunais militares, permitindo sua retomada. Ordenou ainda a manutenção dos muitos presos não oficialmente acusados, mas tidos como “ameaças à segurança nacional”. Ficará ao arbítrio de uma comissão militar avaliar dentro de um ano, e depois a cada três anos, se continuam a ser “ameaças”, se devem ser julgados em tribunal militar ou se devem ser liberados.

Durante a campanha eleitoral, o candidato Obama prometeu fechar a famigerada prisão de Guantánamo assim que assumisse o governo. No dia da posse, rea-firmou que a prisão estaria fechada no prazo de um ano, ou seja, até 20 de janeiro de 2010 e vetou os julgamentos pela justiça militar. Passados dois anos e um mês, volta atrás e arquiva a dupla promessa.

Em novembro passado, o tanzaniano Ahmed Ghailani, acusado de atentados às embaixadas dos EUA na Tanzânia e no Quênia, foi levado a julgamento em tribunal civil de Nova York e absolvido da maioria das 285 acusações por falta de provas. A que restou, de “conspiração”, bastou para condená-lo à prisão perpétua, mas não satisfez os republicanos, que usaram o veredicto e a pena “leve” para argumentar que não se pode confiar em civis para julgar “terroristas”. Obama, outra vez, cedeu.

Talvez não seja a concessão mais importante que já fez. Mais séria foi sua capitulação aos interesses de Wall Street, que o documentário Trabalho Interno (Inside Job) recordou e assinalou ao grande público. Mas o fato de não conseguir manter suas posições nem mesmo em questões de pouca importância material, mas simbolicamente marcantes, dá a medida da sua fraqueza. Está à mercê das chantagens da oposição até para manter o governo funcionando semana a semana, dada a recusa dos republicanos a aprovar o orçamento de 2011.

Compare-se com Lula: também enfrentou uma crise econômica e financeira no primeiro ano e o terceiro (2005) foi de crise política quase contínua. Mas, se cedia muito (talvez mais que o necessário) para acalmar o mercado financeiro, impunha sua marca com o Bolsa Família, os aumentos reais do salário mínimo e uma diplomacia independente. No início de seu terceiro ano, iniciava a desdolarização da dívida pública e completava o resgate da dívida externa com o FMI e de décadas de dependência. Seu partido, o PT, tivera um bom resultado nas eleições de “meio de mandato”, saltando de 187 para 402 prefeitos. O desemprego caía, e a renda dos mais pobres e da Região Nordeste crescia em ritmo “chinês”. Apesar do alarde da oposição e da imprensa conservadora sobre o suposto “mensalão”, Lula não perdeu a iniciativa e foi reeleito com mais de 60% dos votos válidos e 70% de aprovação.

Tudo indica que será muito mais difícil para Obama dar a volta por cima de maneira comparável. A eleição de meio de mandato foi desastrosa, com a perda de vários senadores e governos estaduais e da maioria da Câmara e a radicalização da oposição de direita. Sua vitória política mais importante, a reforma da Saúde – obtida à custa de muitas concessões e diluições, embora seu Partido Democrata tivesse a maioria absoluta das duas casas do Congresso durante os primeiros dois anos de governo –, está sob ataque cerrado no Legislativo, que lhe nega recursos, no Judiciário, onde vários juízes a declararam inconstitucional, e nos estados governados por republicanos, que reivindicam o direito de rejeitá-la em suas jurisdições.

A reforma da política nacional de imigração foi inviabilizada no Congresso e tem sido substituída por selvagens leis estaduais anti-imigrantes. A política externa só acumulou decepções e fracassos e a guerra no Afeganistão e Paquistão vai de mal a pior. Os planos de investimentos bilionários em ambiente, educação e infraestrutura foram para o lixo: tudo foi bloqueado e as administrações locais cuidam de desmantelar o ensino público, os serviços municipais e estaduais e a legislação ambiental. Sua proposta de reforma política e controle das doações foi rejeitada pelo Congresso e soterrada sob uma decisão da Suprema Corte, que, em nome da “liberdade de expressão, derrubou todas as limitações para as grandes corporações financiarem campanhas eleitorais ou fazerem propaganda política direta.

A política econômica de Obama e do Fed recuperou o setor financeiro e, até certo ponto, o crescimento do PIB. Mas a maioria não se beneficiou disso. O desemprego continua alto, a minoria beneficiada se põe entusiasticamente do lado da oposição e a enxurrada de dólares liberada pela “flexibilização quantitativa” causa ainda mais problemas para a política externa. Por um lado, ampliou os atritos com amigos e inimigos ao deflagrar uma “guerra cambial”. Por outro, ao estimular a especulação com commodities, acentuou a alta internacional dos preços de alimentos e a instabilidade política de países-chave para a estratégia dos EUA. Isso trouxe uma onda de revoltas na África e no Oriente Médio, que, por sua vez, volta a abalar a economia dos EUA pela alta do petróleo. Um efeito borboleta para Eric Bress nenhum botar defeito.

Forças irresistíveis da história, inabilidade política ou simples pé-frio? Um pouco de cada coisa. Obama assumiu os EUA em uma fase estruturalmente desfavorável, de decadência econômica e política relativa. Além disso, em um dos piores momentos possíveis em termos conjunturais, logo após o início da maior crise financeira da história do capitalismo desde 1929. Mas, além disso, Obama fracassou em entender o momento histórico e político e agir de acordo.

Fez campanha para corrigir o rumo de um país no auge da prosperidade no sentido de mais justiça social e bom senso ambiental. Não encontrou o tal país e perdeu completamente a bússola. Preparou-se para governar em um clima de negociação, respeito mútuo, argumentação sensata e racionalidade comunicativa, como diria Jürgen Habermas. Encontrou uma oposição fanatizada e preconceituosa, disposta a seduzir as massas com propaganda passional e teo-rias delirantes, mas continua a apostar em uma negociação política tradicional, como um jogador de xadrez que, lançado num ringue de luta livre, insiste em obedecer a seu próprio livro de regras.

Em nenhum momento, como se queixou repetidamente o economista e colunista liberal Paul Krugman, Obama falou ao povo ou aos próprios democratas sobre o caráter feroz e classista da luta política em curso nos EUA, como um líder disposto a enfrentar a oposição, defender seu lado e seus argumentos, propor medidas ousadas, e denunciar a má-fé dos republicanos e da elite financeira quando estas fossem bloqueadas. Se fizesse isso, talvez não evitasse a crise econômica nem as derrotas no Congresso, mas teria a seu lado um discurso consistente em torno do qual agrupar seus partidários e uma parcela significativa da opinião pública. Em vez disso, com sua disposição a ceder sistematicamente à pressão dos republicanos e defender com as melhores soluções as derrotas que não conseguiu evitar, abandonou pelo caminho uma trilha de ex-entusiastas desiludidos.

Um exemplo foi a questão ambiental: inicialmente, defendeu o investimento em fontes alternativas e a proibição da exploração do petróleo no Golfo do México. Depois, cedeu aos republicanos para liberá-la e promovê-la ao lado de um programa de biocombustíveis. Teve então a má sorte de enfrentar o pior vazamento de petróleo da história do país, voltou atrás e pediu punições à British Petroleum. Mais uma vez ficou com o pior dos dois mundos: o desprezo dos ambientalistas por ter cedido às petroleiras e o ódio dos conservadores por não liberar o capital de todas as restrições.

A razão da pior derrota dos democratas desde 1948 não foi a perda de eleitores para a direita, mas o desânimo de negros, jovens e hispânicos, que, conquistados para as urnas por Obama em 2008, desistiram de votar em 2010. Assim como eleitores anônimos, também muitas personalidades que festejaram a vitória de 2008 se tornaram críticos de Obama, embora, obviamente, não tenham se tornado adeptos do Tea Party. Entre eles, os atores Matt Damon (narrador de Trabalho Interno), Robert Redford e Angelina Jolie, os diretores Michael Moore e Spike Lee e a jornalista Maria Shriver.

Obama cercou-se de assessores identificados com interesses ligados a Wall Street e ao complexo industrial-militar, obviamente, contrários àqueles da maioria de seus eleitores. Entre eles, Lawrence Summers, Robert Rubin e Ben Bernanke – três dos principais vilões de Trabalho Interno – e os secretários da Defesa, Robert Gates, e do Tesouro, Tim Geithner. Caiu desde o início na armadilha de aceitar como técnica e consensual uma postura política conservadora e elitista – que na maioria dos países do mundo seria considerada definidamente direitista – e a partir daí negociar concessões à direita mais radical. Sem deixar, por isso, de ser execrado pelos bancos e transnacionais.

A partir de políticas formuladas por sua equipe, resgatou os grandes bancos dos EUA praticamente de graça, sem exigir contrapartida. Permitiu que seus balanços voltassem a registrar lucros bilionários e que esses fossem distribuídos a seus executi-vos. Combateu a crise com estímulos econômicos ao setor privado e gastos públicos (inclusive militares), apesar da forte queda da arrecadação. Teve de gerar fortes déficits e endividou pesadamente o orçamento da União. Apesar disso, rendeu-se à pressão dos republicanos para prorrogar o corte de impostos dos ricos herdado de Bush júnior – e, ao mesmo tempo, aceitou submeter-se aos cortes das despesas públicas exigidos por esses para “equilibrar” as contas.

Noves fora, isso significou salvar banqueiros e empresários das consequências de seus próprios erros e negociatas e forçar os usuários de serviços públicos – a parte mais necessitada da sociedade estadunidense – a pagar por isso, juntamente com os servidores do Estado. E ainda assim é acusado por grandes empresários de ser “o presidente mais antiempresarial da história”, devido a propostas como a de proteger o consumidor de serviços de saúde e financeiros por meio de regulamentos triviais, muito mais frouxos que os de qualquer outro país civilizado. Apesar de suas promessas de renovar as relações com as nações periféricas, cedeu às pressões dos lob-bies industrial, bélico e sionista, provocou governos da América Latina com pressões econômicas e militares, tentou proteger golpes e ditaduras “amigas” – e mesmo assim é taxado de “anticolonialista” (por Dinesh D’Souza na Forbes, por exemplo).

A elite econômico-financeira dos EUA foi mal-acostumada desde Ronald Rea-gan por taxas de lucro e rendimentos anuais de dois dígitos nas bolsas, resultado de brutal transferência de renda do trabalho para o capital (pela desregulamentação, novas tecnologias e globalização), do resto do mundo para o país (pela globalização dos mercados financeiros e atração de capitais), da classe média para a elite (pela redução de impostos e restrições legais a altos salários) e da elite para a superelite (pelo uso sem limites de bônus, derivativos e inovações financeiras). A concentração de renda aumentou e a mobilidade social diminuiu perigosamente. A própria classe média alta está agora em perigo: mostram as estatísticas que o desemprego trazido por inovação tecnológica e globalização, que nos anos 80 afetava principalmente os menos educados, agora atinge as profissões mais qualificadas.

Com a crise, tudo isso chegou ao limite, se é que já não o tinha ultrapassado muito antes. Como notou Michael Moore ao discursar aos manifestantes de Wisconsin, as 400 famílias mais ricas dos EUA detêm, hoje, metade da riqueza do país, tanto quanto os outros 155 milhões de famílias, somadas. Aos 60% menos ricos, cerca de 93 milhões, cabem 2,3% dos ativos totais.

Fosse uma economia promissora, não sobrecarregada por dívida pública e privada, Obama talvez soasse menos ameaçador ao propor que a elite, após décadas de contínua engorda, contenha o apetite e dê a vez às massas para que tenham sua fatia do crescimento econômico, no interesse do conjunto da sociedade e de sua prosperidade a longo prazo. Mas, na falta de perspectivas imediatas, qualquer gesto de simpatia para com os menos favorecidos soa como radicalismo perigoso. Declarou-se a luta de classes e o jogo de ganha-ganha, do qual Obama gosta de falar, acabou antes de começar. O capital sabe que, hoje, o jogo é de soma zero. Resta a Obama tentar negociar os cordeiros com um lobo que nem sequer se dispõe a esperar que engordem.

A direita Tea Party está decidida a continuar lucrando cada vez mais, haja ou não base material para isso. Na falta desta, a solução é tomar o poder no grito (transmitido pela Fox e financiado pelas transnacionais) para desmantelar os serviços públicos e a previdência social e baixar salários, mesmo que para isso se façam necessárias medidas quase fascistas de proibição da organização sindical e da negociação coletiva. Ao mesmo tempo, Wall Street, com a cumplicidade do Fed e sem nada ter aprendido com 2008, volta a tentar aspirar à poupança do mundo para financiar perigosas jogadas financeiras. Com isso, arrisca-se a matar suas três galinhas dos ovos de ouro: a classe trabalhadora, que deu à sua economia a liderança em produtividade, a classe média, que garantiu o consumo de seus produtos, e o dólar, que deu a seu sistema financeiro o controle da circulação mundial da riqueza. Mas os deuses primeiro enlouquecem a quem querem perder.

http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/os-fracassos-de-o...



No Balancê.

Não é hora de fugir. Mário faz um retrato do Japão de hoje.

Um Japão tentando voltar à normalidade, apesar da tragédia estar muito longe do fim




Publicado em Asia/Tokyo março 21Asia/Tokyo 2011 por Mário Kodama - Diários do Arquipélago


Apesar das mazelas de uma possível explosão da usina nuclear de Fukushima, o Japão começa a tentar voltar a uma relativa normalidade. Pelo menos é o que começo a perceber, principalmente no que se refere ao comportamento dos japoneses e das pessoas comuns. Logicamente, o noticiário continua estérico.

A principal notícia da mídia japonesa hoje é a informação do milagroso salvamento de uma velhinha de 80 anos e do seu neto de 16, que estavam 216 horas, enfrentando neve e isolamento, sob os escombros da sua casa, que foi levada pelo tsunami por vários quilômetros, longe do local original. Segundo o jornal japonês, ambos estavam fazendo um lanche na cozinha, no segundo andar da residência, quando a casa foi levada pelo tsunami. Eles sobreviveram graças aos mantimentos da geladeira que sobrou com eles, apesar do soterramento, sob o teto da cozinha. De acordo com o noticiário, os dois passam bem – tão bem, que deverão ter alta em muito breve.

Hoje o dia está nublado e caindo uma geladérrima e bem-vinda chuva, rompendo um jejum de uns 15 dias. A primavera está querendo chegar, mas tem dificuldades para engrenar a sua presença. As temperaturas voltaram a cair. Está fazendo mais ou menos 10 graus no momento que escrevo este post. Ontem a temperatura chegou a cerca de 15 a 17 graus, bem agradável para quem está acostumado a um inverno que oscila em média entre zero a 5 graus nos momentos mais frios, entre janeiro e fevereiro, nesta região.

Os meus colegas japoneses estavam me informando sobre os cuidados para evitar tomar esta chuva, que deve estar recheada de radiatividade. Vendo o noticiário me informo que a radioatividade detectada na minha região é absolutamente inofensiva. Apesar da nocividade da chuva, o legal que ela dá uma boa faxina no ar e isso me tranqüiliza um pouco. Mas todo cuidado é pouco.

Peguei uma folga de novo e nem penso em sair de casa, nem pra buscar o meu leite, cuja falta completa quase uma semana. De Pão, fiz um estoquezinho, comprando de vários supermercados em racionamento. Graças a Deus, a minha região não sofreu até agora com o rodízio de blackout, e parece que não deve sofrer. Ouvi dizer que onde estou é considerado de segurança humanitária, em função da grande quantidade de hospitais e casas de repouso para velhinhos que existem.

Graças a este fato, consegui baixar a discografia do meu tão querido músico folclorista argentino, Atahualpa Yupanqui. Era um arquivo de um giga e meio, que deve ter durado uns cinco dias para fazer o seu download completamente. Já o download do arquivo de um giga da discografia do Gilberto Gil está paralisado há dois dias. Baixei perto de 15% do seu total. É uma pena. Não sei conseguirei baixa-lo.

O arquipélago completa 11 dias do grande terremoto, e desde de anteontem as linhas de trem da minha região, apesar do rodízio regional de blackouts, paulatinamente voltam à sua rotina, e o noticiário das estações de TV que estavam praticamente 24 horas dando notícias da tragédia voltaram a sua programação normal. Lógico que o noticiário continua totalmente recheado com a cobertura do terremoto e sobretudo da luta de Fukushima para tentar conter o calor dos seus reatores nucleares.

Parece incrível mas percebo agora que a principal preocupação dos meus colegas japoneses da casa de repouso para velhinhos onde estou trabalhando, era a de chegar atrasado ou as dificuldades que teriam que enfrentar para poder trabalhar. Com a relativa normalização do sistema de transporte público, eles parecem que ficaram até meio alheios aos noticiários da tragédia e a possibilidade da explosão da usina nuclear. A televisão fica o dia inteiro ligado no living da unidade onde trabalho, onde os velhinhos se reúnem para conversas, assistir televisão, e, naturalmente, para fazer as suas refeições. Eu fico ligado no noticiário, para perguntar aos colega o que está sendo dito, mas a maioria não tem mais muito interesse, e percebo até que sou um incômodo na minha inoportuna curiosidade.

Agora, a TV não é mais do que um aparelho eletrônico que exala estérico e paraóico uma realidade que aparentemente é distante e longínqua. Fica falando sozinha o dia inteiro na sala de jantar. Já as pessoas dessa casa retornaram ao seu inexorável cotidiano.

Dei uma entrevista para uma colega do Facebook sobre a aparente tranqüilidade da personalidade dos japoneses, apesar da não muito remota possibilidade de explosão nuclear em Fukushima, que parece estar sendo percebido até no exterior. Na minha mui modesta opinão, este comportamento me parece bem cultural e típico japonês. Ao contrário do Brasil, apesar de hoje ser bem menor, o japonês tem uma crença muito grande na sua sociedade e na figura dos seus profissionais, que é pouco comum até mesmo para um país de primeiro mundo como os Estados Unidos.

O exemplo mais típico é o fato de que o país custou a acreditar sobre a notícia da derrota do Japão na segunda guerra mundial. Tem até a folclórica história de soldados regatados nas ilhas do pacífico, que ainda estavam em estado de guerra, 10, 20 anos depois do armistício e o fim dos combates.

O japonês confia piamente nas suas instituições e não tem dúvidas de que o problema da usina nuclear será resolvido – . Até que haja a explosão. Aí eu acho que essa credibilidade deverá cair um ponto percentual. O japonês é sobretudo um teimoso e de um orgulho difícil de ser dimensionado. Ele precisa de uma tragédia para ir aos poucos aprendendo a começar a desconfiar das coisas e dobrar a verticalidade da sua personalidade. Isso melhorou muito depois da derrota na grande guerra. Por isso, ele não entende bem o esterismo e a muvuca da mídia estrangeira. Rs.

Mudando de assunto. Ontem, disse num post a uma grande amiga e grande colega jornalista, que ao querer permanecer no Japão posso me permitir um heroísmo do tipo Macunaíma, bem tupiniquim. Enquanto as pessoas da sala de jantar estão preocupadas e se matando para impedir uma explosão nuclear no cozinha, eu estou acomodado no meu tatame apreciando um bom sashimi e bebendo o meu saquê – aquecido, que nestas épocas de frio é o mais recomendável e uma das mais saborosas formas de apreciar a bebida, cuja delicadeza da sua testura e sabor combina fantásticamente com a frugalidade do sashimi. Eu acho que a minha coragem se resume à preguiça inercial congênita, que pode ser confundida por outras coisas.

A respeito deste negócio de deixar o Japão, tem uma meia dúzia de antas, ditas formadoras de opinião da comunidade brasileira, que estão fazendo campanha nas redes sociais na internet para que os brasileiros fiquem no país. E mau dizendo os brasileiros que querem voltar ao Brasil. Prá mim, é essa síndrome de orgulho e extremo moralismo que o nikkei brasileiro herdou dos seus antepassados. Eu acho que cada um faz o que dever fazer e ponto final. Tem gente que deveria cuidar a sua própria vida, ao invés de estar criticando o que os outros estão fazendo. Assim, o mundo seria um lugar muito melhor de viver. Idem, a comunidade brasileira no Japão.

domingo, 20 de março de 2011

Quando o FHC tomou uma lavada, em público, do Bill Clinton. O cara do saco que ele puxava.

Do Amigos do Presidente Lula
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Exclusivo: Vídeo histórico com vexame internacional de FHC levando sermão de Bill Clinton



Link do vídeo para repassar por email:
http://www.youtube.com/watch?v=MeAOen8vyiQ


Com exclusividade, nosso blog resgatou de arquivos internacionais, um vídeo de 1999, com o então presidente Fernando Henrique Cardoso em Florença (Itália) no encontro de governantes dos países ricos da chamada terceira via.

Nossa edição tem um compacto com os "melhores momentos", ou seja, os mais relevantes.

O vídeo reabilita a memória de como o governo FHC era submisso, incompetente, não tinha respeito internacional, e o plano real, em 1999, já tinha acabado e colecionava mais fracassos e instabilidade do que sucessos, quando visto longe dos olhos da imprensa demo-tucana nacional.

O Brasil estava quebrado, pendurado no FMI, e sua economia não inspirava confiança, nem era vista como tão estável, nem em 1995 (crise mexicana), nem em 1997 (crise asiática) e nem em 1998 (crise russa), exigindo overdose de juros para controlar a inflação.

FHC fez o discurso da choradeira dos quebrados, pedindo aos líderes dos EUA e Europa, que criassem uma espécie de CPMF mundial para salvar o Brasil da fuga de capitais especulativos.

Bill Clinton (então presidente dos EUA), Tony Blair (Inglaterra) e Gerhard Schroeder (Alemanha) receberam mal a proposta.

Clinton passou um verdadeiro sermão em FHC, sugerindo que faltava CONFIANÇA, HONESTIDADE, eficiência e boa governança sob FHC. Enquanto isso, outros países resolveram estes problemas frente as crises, citando Chile e Uganda, como exemplos para FHC seguir.

Clinton e os demais líderes agiram na defesa dos interesses de seus países, que eram os vencedores naquela ordem mundial.

FHC agiu pessimamente, com incompetência política, ao não articular previamente ao encontro, para não passar esse vexame, e também por não tentar conquistar resultados de fato.

E agiu pior, de forma humilhante e envergonhando o Brasil, ao não defender o país, ficando calado após o sermão de Clinton (se é que tinha jeito de defender, naquele governo submisso e dependente, sob intervenção do FMI).

Apesar de tratar-se da gravação de evento público e oficial no exercício da presidência, televisionado na época (pela Globonews, se não me engano), foi necessário recorrer a arquivos internacionais para resgatar o vídeo, uma vez o que o acervo do iFHC parece preferir apagá-lo da história, e que o PIG (Partido da Imprensa Golpista) também esconde a sete chaves para não constranger seu amigo e correligionário FHC, com a divulgação.

sábado, 19 de março de 2011

Lula ignora Obama "moonwalker", o especialista em recuos.


Por que Obama não vai ver o Nunca Dantes. Por causa do Irã
Publicado em 19/03/2011 - Do Conversa Afiada de Paulo Henrique Amorim



Não adianta, porque ninguém tira eles de lá

O Nunca Dantes disse que não ia.

Deu a desculpa de abrir espaço para a Presidenta.

Desculpa.

O Nunca Dantes não foi ao almoço do Obama, porque o Brasil e a Turquia convenceram o Irã a fazer um acordo sem precedentes em torno do programa nuclear, já que Obama tinha mandado uma carta que apoiava a negociação.

Clique aqui para ir ao site Vermelho e ver o que diz o grande chanceler Celso Amorim: EUA querem resolver tudo com “atitude de caubói”.

Na hora “H”, o Irã concorda.

O Brasil e a Turquia se instalaram de forma irreversível no centro do novo arranjo internacional.

Brasil e Turquia são atores proeminentes no mundo pós-EUA, à espera do mundo chinês.

Estão lá e ninguém – nem o PiG (*) – tira eles de lá.

Aí, Obama recua.

Recua, como recuou no programa de recuperação da economia e referendou a estratégia de Bush: salvou os banqueiros e deu uma banana para os americanos.

Recuou, quando desistiu de replicar o modelo canadense de saúde pública e contentou-se com uma solução tímida – ainda que muito melhor do que o sistema selvagem que prevalecia, antes.

Recuou, como recuou no Egito.

Segurou o Mubarak até minutos antes de Mubarak fugir para um resort – e as contas em paraísos fiscais.

Obama recuou e boicotou o acordo que o Brasil e a Turquia tinham negociado com sangue, suor e lágrimas com o Irã.

Venceu a Hillary, a face falcão do Obama, que aprovou sanções da ONU tão inúteis quanto desgastantes.

Deu-se que os sunitas estão em fuga no Oriente Médio e os xiitas do Irã estão mais fortes do que nunca.

E o Irã continua com seu programa nuclear, inabalável.

As sanções da ONU incomodam o Irã quanto os ratos que rugem.

O Nunca Dantes é de outra estirpe do Farol de Alexandria.

O Farol aceitou o convite, pressuroso.

Ele sempre sonha em reproduzir a relação – subserviente – que manteve com Bill Clinton.

Foi Clinton quem empurrou um acordo para salvar o Brasil pela goela abaixo do FMI – e salvar a re-eleição do Farol.

O que não impediu que Clinton desmoralizasse o Farol em público, enquanto FHC estava na Presidência.

E o Farol foi incapaz de se defender – ou defender o Brasil.

O Nunca Dantes vai entrar para a História do Brasil num outro capítulo.

O da altivez.


Paulo Henrique Amorim



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Breves noticias do Japão - Saudades do Brasil - Via "Face" do Mário.



por Mario Kodama, sexta, 18 de março de 2011 à 03:24

Moro em Kawaguchi (Saitama), região de Toquio, cerca de uns 400 km do local da usina.Acho que estou seguro. E depois estou tanto tempo aqui que nem sei o que fazer no Brasil. Estava com planos de ir para os "Esteites" dentro de algum tempo para fazer uns cursos.
Essa adrenalina aqui é maravilhosa. Apesar de todo alarmismo acho que essa usina não vai explodir.
Grato pela preocupação gente!!!
Saudadão do Brasil.

Descontração à japonesa (viral engraçado)

Nova contagem de mortos no terremoto japonês

efe.com, Atualizado: 18/3/2011 7:33
Nova contagem indica mais de 6.400 mortos por catástrofe no Japão


EFE
Nova contagem indica mais de 6.400 mortos por catástrofe no Japão
Osaka (Japão), 18 mar (EFE).- As autoridades do Japão calculam em 6.405 o número de mortos e em 10.259 o de desaparecidos pelo terremoto e o posterior tsunami do dia 11 no nordeste do país, segundo o último boletim oficial divulgado nesta sexta-feira pela Polícia.
Teme-se que o número final de vítimas aumente ainda em alguns municípios das províncias mais afetadas, como Iwate, Miyagi e Fukushima.
Mais de 90 mil militares e reservistas japoneses, auxiliados por voluntários estrangeiros especialistas em salvamento, trabalham na zona devastada em busca de sobreviventes que ainda possam estar sob os escombros ou talvez arrastados mar adentro pelo tsunami de dez metros de altura.
No entanto, pouco a pouco a infraestrutura de transporte está sendo recuperada na zona afetada, o que facilita a tarefa das equipes de assistência para a distribuição da ajuda às 380 mil pessoas que permanecem nos 2.200 abrigos disponibilizados após o desastre.
Na cidade de Sendai, uma das mais afetadas pela catástrofe, os supermercados do centro da cidade voltaram a abrir para vender mantimentos aos habitantes, enquanto na província de Iwate, mais ao norte, a escassez de combustível levou à paralisação da cremação das vítimas.
Por enquanto foram recuperadas cerca de 26 mil pessoas, embora 20 delas tenham morrido nos abrigos devido a seu delicado estado de saúde ou avançada idade, segundo informou a agência local "Kyodo".
O terremoto e o posterior tsunami destruíram 11.991 casas, provocando 269 incêndios e danificando 1.232 pontos nas estradas do norte e do leste do Japão.

Continuação: Após uma semana, Japão lembra vítimas de terremoto com 1 minuto de silêncio

quinta-feira, 17 de março de 2011

Breves noticias do Japão - Racionamento: não tem leite, vai cerva mesmo - Via "Face" do Mário.



por Mario Kodama, quinta, 17 de março de 2011 à 23:11

Como tinha dito antes, ontem, aproveitei meu dia de folga pra tentar comprar meu sagrado pão e leite da manhã. Há três dias estou sem os produtos. Peguei a minha magrela e fui - passei e repassei por cerca de quatro a cinco supermercados da região, e só pude constatar o óbvio dos últimos dias de pós-terremoto: muita gente fazendo compra para estoque. Num deles, consegui encontrar pão, racionado a uma pacote por pessoa. Eu esperto, botei o headfone (tipo estou escutando música, nem sei o que os auto-falantes estão dizendo). Peguei quatro pacotes de pão, daquele tipo americano prá sandwiche, com oito fatias. Quando tentei passar a mercadoria, fui gentilmente avisado do racionamento e fui obrigado a devolver três pacotes. Leite – nem o mais remoto sinal. Acabou que eu comprei um pacote de seis latinhas de cerveja para compensar a frustração e uma porção de 300 gramas de sashimi de atum. Bom, se Deus quer assim - que assim seja. Amém. Não estou reclamando por enquanto. Se o destino tiver que me pegar, que me pegue bêbado. Rs. Grato até aqui meu Senhor. Cheguei há pouco e estou fazendo estas mal traçadas linhas. rs.

Vi fila em supermercado que tinha arroz. Os supermercados estão fechando, todos sem exceção, às 18 horas – incluso os 24 horas, para contribuir com o racionamento de energia. Vi posto de gasolina fechado em plena três hora da tarde. Nos postos que tinham gasolina, filas enormes. Vê se nos olhos dos japonês aqueles olhar vidrado de apreensão, fazendo compra sem pensar muito no que estão fazendo. Meio eletrizado pelos acontecimentos. Atropelados pela trágica realidade. A cidade onde moro foi novamente poupada pelo rodízio de blackouts programados pelo racionamento de energia. Mas não sei se escapo hoje. Temo pelos meus downloads. Estou baixando há quatro dias a discografia do Atahualpa Yupanqui (grande músico folclorista argentino), cujo arquivo tem 1 Giga e meio de conteúdo e da discografia do Gilberto Gil (1 giga).

Estou saindo para o meu périplo de mantimentos. Para ver se acho mais pão e algum sinal de leite. E vou ver se compro uma maquininha digital. Estou com péssimos pressentimentos. Comprar também material para o meu kitch tragédia. Lanterna, apito, etc, e que “vengam los toros!!!”.

Ontem estive com problemas no computador. O meu anti-vírus começou uma atualização que fez o aparelho ficar irritantemente lento. Me afastei dele, para evitar pegá-l o e jogá-lo no chão de raiva. Não tenho muita paciência com computadores.

A terra continua tremendo. Essa noite, pude contar dormitando uns três a quatro tremores. Já estou ficando bem estressado. Parece brincadeira de roleta russa. Na hora a gente já começa a pensar o pior, e depois passa. Para o drama começar, no próximo tremor. Depois que voltar, lá pelo final da tarde, a gente volta a se falar. 

Beijos a todos.

Petista vira poste para (tentar) garantir CPI em SP


Relato do Dep. Est. Antonio Mentor (foto)
quinta, 17 de março, ás 10:14

Petista Salvador Khuriyeh ficou 12 horas em pé em frente ao relógio de ponto para garantir protocolo do pedido de CPI com o objetivo de fiscalizar contratos entre o governo e as empresas concessionárias das rodovias estaduais. Mas, repetindo a estratégia de obstrução do trabalho legislativo, base de apoio apressou-se em apresentar pedidos de CPI que não investiguem diretamente o governo estadual.

De forma sorrateira, Governo elaborou requerimentos para impedir o pedido de CPI da oposição para investigar um fato notório, que é o excesso de praças de pedágios nas rodovias e o valor extorsivo das tarifas. Não podemos aceitar golpes para impedir que a Casa exerça sua tarefa. Os governistas apresentaram até pedido de CPI do Sebo, o que é uma vergonha para a Assembleia.

Operação com helicópteros fracassa e níveis de radiação seguem altos em Fukushima

17/03/2011 - 03h30
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O lançamento de água do mar a partir de helicópteros militares para tentar resfriar um dos reatores da usina de Fukushima 1 não surtiram os efeitos esperados e os níveis de radiação seguem altos no local, informou nesta quinta-feira a empresa Tokyo Electric Power (Tepco), que opera o complexo nuclear.
Helicópteros da Marinha japonesa despejaram, em quatro ocasiões pela manhã, cerca de 7.500 litros de água de uma altura de 90 metros sobre o reator 3 da central.
O nível de radiação no início da operação se situava em 4,13 milisievert por hora, segundo explicou o ministro de Defesa japonês, Toshimi Kitazawa.
Medições realizadas após as dispersões de água apontam que o nível de radiação ao redor da central, onde ainda permanecem alguns trabalhadores, é de 3 mil microsievert por hora, frente aos 1 mil microsievert por ano que se consideram seguros para a saúde humana.

SUPERAQUECIMENTO
A Tepco confessou mais cedo sua preocupação com a piscina de resfriamento de combustível dos reatores, que estaria superaquecida.
NHK TV/AFP

Helicóptero da Marinha lança jatos de água para esfriar reatores na usina de Fukushima, no Japão

As piscinas têm menos água uma vez que a temperatura começou a subir. Ao invés de registrar cerca de 30ºC de costume, o tanque atingiu os 80ºC. O risco, com a evaporação, é de que as varetas com material nuclear, ainda um pouco isoladas do exterior pelo líquido, deixem de estar submersas. Se mais água de resfriamento não for colocada rapidamente (ou a temperatura baixar), as barras de combustíveis vão se desgastar e emitir dejetos muito radioativos diretamente na atmosfera.
De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a temperatura nas piscinas de resíduos nucleares dos reatores 4, 5 e 6 é muito superior ao permitido, chegando a triplicar sobre o recomendado. 

REATIVAÇÃO

O porta-voz da empresa disse ainda que as equipes também "concentram seus esforços" para restaurar o fornecimento de energia elétrica e reativar as bombas d'água do sistemas de resfriamento dos reatores da usina. "Não podemos dizer quando, mas queremos restaurar a fonte de energia o mais rápido possível", declarou o porta-voz Naohiro Omura.
A Tepco está reparando as linhas de energia da Tohoku Electric Power Co., que abastecem a região, para ligá-las ao sistema de transmissão elétrica em Fukushima. "Com o trabalho completo, teremos a capacidade de ativar várias bombas elétricas e jogar água nos reatores e nas piscinas de combustível nuclear usado", destacou o porta-voz.
No momento, cerca de 70 homens utilizam bombas de baixa capacidade para combater o incêndio e resfriar os reatores de Fukushima, com eletricidade de caminhões geradores.

OUTROS REATORES
Mais cedo, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que houve danos nos núcleos dos reatores 1, 2 e 3 do complexo. A agência não detalhou a gravidade das avarias, mas afirmou que não se pode dizer ainda que a situação esteja "fora de controle".
"A situação evoluiu e é muito séria", disse, em Viena, Yukiya Amano, diretor-geral da AIEA. Ele afirmou que a empresa operadora da usina, a Tokyo Electric Power Co., "está fazendo o máximo para restaurar a segurança dos reatores".
A preocupação é que o reator 3 é o único da usina que usa plutônio como combustível. Segundo pesquisas do governo norte-americano, o plutônio é muito tóxico para os seres humanos, e uma vez absorvido na corrente sanguínea, pode permanecer por anos na medula óssea ou no fígado e até mesmo causar câncer.

Editoria de Arte/Folhapress


RADIAÇÃO ESTÁ ALTA
O chefe da Comissão Reguladora Nuclear americana (NRC), Gregory Jaczko, disse na quarta-feira que a piscina de armazenamento de combustível usado no reator de Fukushima não tem mais água, o que gera níveis de radiação "extremamente altos".
"Nós acreditamos que a região do reator possua altos níveis de radiação", disse ele. "Será muito difícil que trabalhadores de emergência consigam chegar até o local. As doses [de radiação] às quais eles podem ser expostos seriam potencialmente letais em um período curto de tempo", acrescentou. No entanto, Jaczko ressaltou que a NRC tem "acesso limitado" ao que está acontecendo no Japão, e se recusou a especular mais sobre o assunto.
Um dirigente do Instituto francês de Radioproteção e Segurança Nuclear (IRSN), Thierry Charles, afirmou por sua vez que após dois incêndios no prédio que comporta o reator, a piscina ficou "quase ao ar livre" e uma grande radiação escapa do local.
No entanto, a agência de segurança nuclear do Japão e a Tepco rejeitaram as afirmações de Jaczko. De acordo com o porta-voz do complexo das usinas Hajime Motojuku, as condições são "estáveis".
O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, também expressou preocupação com a crise. "A situação é muito grave nessa usina nuclear. Estamos muito preocupados, oferecemos ajuda ao Japão e temos especialistas auxiliando e avaliando informações de forma independente", afirmou.
Já a OMC (Organização Mundial da Saúde) acalmou a população. "A Organização Mundial da Saúde gostaria de assegurar aos governos e ao público que não há indícios neste momento de qualquer dispersão internacional significativa de usina nuclear no Japão", afirmou em comunicado Michael O'Leary, representante da OMS na China.


Breves noticias do Japão - Sobrevivendo - Via "Face" do Mário.



por Mario Kodama, terça, 17 de março de 2011 à 01:08

Eu estou bem. Tanto que o único problema é que os alimentos básicos nas pratileiras dos supers estão desaparecendo. Eu tenho um estoque que dá prá um mês. Hoje estou de folga e vou ver se encontro leite e pão, que estou sem. Mas a situação está muito longe de passar fome. Entretanto, não há previsão de uma regularização da situação de comoção há curto prazo. Beijos.

Breves noticias do Japão - Brazucas - Via "Face" do Mário.



por Mario Kodama, terça, 17 de março de 2011 à 01:08

Pituca, estou contato com alguns amigos que estão na região de brasileiros. De acordo com as notícias que tenho obtido deles, a situação dos brasileiros é boa, mais o trauma e o susto. Não há ainda informação de alguma coisa grave, apesar de existir uma grande concentração de conterrâneos na região de Ibaraki, que é uma das mais próximas do local de conflagração com o terremoto japonês.

Breves noticias do Japão - Nova Chernobyl - Via "Face" do Mário.



por Mario Kodama, terça, 17 de março de 2011 às 00:36

Meu Deus! Acho que estamos muitíssimo perto de uma nova chernobyl! Jogar água sobre o reator me parece um ato desesperado. Isso quer dizer que a situação é tão crítica e que todos os recursos técnicos utilizados até agora fracassaram. 

Ontem, começou soprar um vento muito forte sobre a região de Tóquio, que derrubou um dos varais de roupa da casa de repouso onde estou trabalhando. Colegas meus disseram que assusta

terça-feira, 15 de março de 2011

Terremoto no Japão já contabiliza 2.700 mortos e 3.700 desaparecidos

No Japão, já há 2.700 mortos e 3.700 desaparecidos por tragédias
Tóquio, 15 mar (EFE).-

Pelo menos 2.722 pessoas morreram e 3.742 estão desaparecidas devido ao terremoto de sexta-feira e o posterior tsumani no nordeste do Japão, segundo o último boletim divulgado nesta terça-feira pela Polícia japonesa.
As autoridades japonesas estimam que o número final de vítimas será muito maior, pois em alguns municípios afetados pode haver mais vários milhares de vítimas.
Ainda não foi localizada a metade dos 17 mil habitantes da cidade de Minamisanriku, na província de Miyagi, embora não se descarte que muitos podem ter se refugiado em localidades próximas.
No litoral de Miyagi foram encontrados cerca de dois mil corpos, e outros 200 ou 300 cadáveres foram localizados em sua capital, Sendai, mas estes dados não foram incluídos no balanço oficial.
Também é desconhecido o paradeiro de oito mil residentes do povoado litorâneo de Otsuchi, na província de Iwate.
Cerca de 100 mil militares japoneses, auxiliados por voluntários estrangeiros especialistas em salvamentos, continuam atuando na zona devastada na busca por sobreviventes presos sob escombros ou arrastados mar adentro por uma onda gigante que alcançou os dez metros de altura.
Mais de meio milhão de refugiados no litoral oriental da ilha de Honshu estão há quatro dias dormindo sem luz e sem água potável na maior crise sofrida pelo Japão desde a Segunda Guerra Mundial. EFE


Por BBC, BBC Brasil, Atualizado: 14/3/2011 13:09
Terremoto moveu costa do Japão, alterou equilíbrio da terra e reduziu duração dos dias
A costa do Japão pode ter se movido cerca de quatro metros para leste após o terremoto de magnitude 8,9 que atingiu o país na última sexta-feira, afirmaram especialistas.
Dados da rede japanesa Geonet - recolhidos de cerca de 1.200 estações de monitoramento por satélite - sugerem que houve um deslocamento em grande escala após o terremoto.
Roger Musson, da agência geológica britânica (BGS, na sigla em inglês), disse á BBC que o movimento ocorrido após o terremoto era 'compatível com o que acontece quando há um terremoto deste porte'.
O terremoto provavelmente mudou o equilíbrio do planeta, movendo a terra em relação a seu eixo em cerca de 16.5 cm. O tremor também aumentou a velocidade da rotação da Terra, diminuindo a duração dos dias em cerca de 1.8 milionésimos de segundo.

Breves noticias do Japão - Fumaça tóxica - Via "Face" do Mário.



por Mario Kodama, terça, 15 de março de 2011 às 10:32

Arrepio me cada vez que os "especialistas" negam uma nova Chernobil. Hoje ocorreu mais uma explosão da usina nuclear de Fukushima - a quarta desde o terremoto, segundo a tv japonesa. Mais de uma por dia. Esta última exploção liberou uma fumaça tóxica capaz de contaminar, mesmo que de forma mínima, o ambiente e afetar o homem. O governo solicitou que as pessoas que estão no raio de 20 a 30 km do local evitem sair de casa...

segunda-feira, 14 de março de 2011

Breves noticias do Japão - Escombros - Via "Face" do Mário.



por Mario Kodama, segunda, 14 de março de 2011 às 10:26

O Japão está em escombros. Hoje pela manhã vi uma das imagens mais comoventes desta tragédia. Uma menina, dos seus 12 anos, ainda com o uniforme de escola, que procura a sua família no meio de uma visão devastada pelo tsunami, no meio dos escombros gritando em desespero pela sua mãe. Cara, eu sou macho prá caramba, mas não pude conter o choro, e chorei quinem uma criançinha. Nestas horas gostaria de acreditar em Deus.

Breves noticias do Japão - Domingo - Via "Face" do Mário.


Japão reavalia índice do terremoto, de 8.8 para 9.0 da escala richter

por Mario Kodama, domingo, 13 de março de 2011 às 10:31

Meu, acordei atordoado. A terra tremeu a noite inteira ontem. Haja nervo. Eu tentando dormir, pronto para sair correndo. Pode parecer contraditória, mas esta é situação nua e crua. Não há alma que resista. Hoje, os institutos japoneses de sismologia reavaliaram os dados do terremoto japonês e aumentaram de 8.8 para magnitude 9.0 da escala richter. O desastre que atingiu o Japão está em quarto lugar entre os tremores mais violentos. Em primeiro lugar, está o terremto do Chile em 1960, que atingiu 9.5 richter, segundo a TV japonesa. Agora são 22h28, e a noite parece tranquila. Só quero que não espere eu dormir para começar a tremer de novo.

domingo, 13 de março de 2011

Retratos do Carnaval

Do Vermute com Amendoim por Fel Mendes

O carnaval por Claudio Edinger
Arte é muito cara no Brasil. Uma vez em Nova York, visitei o famosíssimo sebo Strand e por míseros nove dólares, comprei um livro de carnaval de Claudio Edinger. Na boa, em Terra Brasilis, esta pérola não sairia por menos de 50 pratas. Veja algumas fotos que estão no livro de Edinger:









Visite o site do fotógrafo.

sábado, 12 de março de 2011

Mais breves notícias do Japão. Do "Face" do Mário.



Mario Kodama 

Beleza, gente. Os tremores aqui onde eu moro foram fortes, a ponto de eu abandonar o meu apartamento, com gagaço de que ele caísse encima de mim. Quando eu cheguei fora, tinha uma multidão nas ruas. Os tremores continuaram todo o dia e à noite. Dormi pendurado na porta para qualquer eventualidade. Liguei à noite para os meus amigos,e graça a Deus todos estão bem, mas bem assustados. Teve um "sobrevivente" que foi para o supermercado para comprar um kitchi terremoto (meio atrasado), comprou capacete, lanterna LED, sopa desidrata, capa de chuva, apito e os cambal para as devidas enventualidades. Está previsto ainda vário outros terremotos, que foram descadeados pelo primeiro.
Mas graças a Deus estou bem e fui trabalhar normalmente hoje. Mas a situação no Japão é realmente lamentável e crítica. O país está levantando a situação dos estragos dos tremores agora. E posso dizer que o rescaldo é absolutamente trágico. Vcs já tiveram notícia do incêndio em uma torre de prospecção de petroleo. Mas a situação mais crítica acontece nas usinas nucleares (são entre cinco a sete, localizados no litoral). Inclusive tem uma em situação absolutamente crítica em Fukushima, região sul do país. O terremoto paralisou o seu sistema e a usina luta com problema de superaquecimento. Logicamente existe a possibilidade de uma explosão nuclear. As autoridades dizem que a situação está sob controle, mas até aí eles dizem qualquer coisa.
Hoje também os tremores continuaram. Logicamenete com menos frequência do que ontem. O Japão está encima da linha divisória entre a placa geológica asiática e africana - ou da oceania, sei lá, - e esta fenda atravessa a baia de Tóquio, passa pela província onde moro (Saitama) e continua até chegar ao mar do Japão. Pois é gente, o Brasil tem carnaval e o Japão tem terremoto, muitíssimamente mais excitante. Kkkkk. O governo ainda deverá levar alguns dias para levantar quadro total da tragédia, do pior terremoto da história do país. E sem dúvida está entre um dos piores tremores do planeta. A gente vai se falando. Grato a todos pela preocupação. Abraço, amigos. Prá vc também Wagner. Seu charope. 



PS - deu uma balançada agora quando coloco o ponto final neste texto.

sexta-feira, 11 de março de 2011

As breves notícias do Japão. "Face" do Mário.


Os institutos sismográficos japoneses corrigiram a avaliação do sismo que atingiu o arquipélago de máximo de 8.4 para 8.8 graus da escala richter, na região do seu epicentro. O maior registro de terremoto já registrado pela escala é de 9 graus richter. Portanto, o tremor que atingiu o Japão foi extremamente grave e foi sentido em todo o território nacional. O meu apartamento continua balançando. Dá até enjôo. rs.
há 16 horas ·  · 
  • Julio Kishinami Filho curtiu isto.
    • Julio Kishinami Filho Aqui não para de balançar ! 17:42
      há 15 horas · 
    • Rubens Santos Rêgo Fontão Marião... como estão as coisas aí... o terremoto foi muito forte e vc como está???Eu e o Martim estamos esperando noticias suas!!!
      há 14 horas · 
    • Rose Bars Oiii...Mande notícias...Como vc está, além do enjôo? E seus amigos, sofreram muito com esse abalo????
      há 12 horas · 
    • Soray Kodama mande noticias!!!
      há 10 horas · 
    • Felipe Kodama Manda notícias, estamos todos preocupados aqui!!!!
      há 10 horas · 
    • Eduardo Pinotti O, véio, vc está bem? coisa feia!

      há 8 horas ·