domingo, 7 de novembro de 2010

A fisiologia tucana

O DNA do PSDB

Por Gunter Zibell

Podemos ver também o que seria o DNA do PSDB, independente da evolução genealógica e do contrabando de genes (vindos do DEM, p.ex.)
Serra é a ponta do iceberg. Ele é bem personalista e ambicioso, por isso é muito visível, mas alguns pontos que parecem ser comuns nos estados onde o PSDB é bem colocado eleitoralmente:
- forte apoio do agronegócio/classes médias em estados onde o mesmo é forte. Esse setor não amplia empregos, cresce com produtividade. Não há muita preocupação com previdência ou formalização mas há verdadeiro interesse em desvalorização cambial. Houve uma transferência de renda nos últimos anos desse segmento para as classes trabalhadoras urbanas/aposentados e certo ressentimento é perceptível e manipulado.
- disputa do eleitorado conservador vis-a-vis o próprio parceiro DEM e partidos centristas PP, PMDB, PR. Isto decorre do PT & aliados terem se organizado em torno dos movimentos sociais e sindicatos e se pautado mais pelas bandeiras social-democratas. O PSDB não deve ser ideologicamente conservador, mas é o espaço que tem. Especialmente porque as classes médias urbanas não foram convencidas da própria necessidade de social-democracia para o momento atual do Brasil, há uma parte que ainda acredita no pensamento único disseminado pela velha mídia.
- apoio intenso da mídia : semelhante proteção, construída à base de omissão de falhas próprias e colocação em dúvida de sucessos alheios, é mais típica para PSDB. Políticos como Maluf (PP) ou ACM (DEM) não contavam com proteção na mesma intensidade. A mídia pode preferir a direita no geral, mas tem predileção por uma agremiação em particular.
- recurso exagerado a estratagemas de comunicação : supervalorizar o mito do Plano Real (único grande trunfo do partido); acusar oponentes de fazer o que faz em termos de aparelhamento, propaganda virulenta, etc (no melhor estilo "pega ladrão"); buscar apropriar-se de méritos alheios (um sem número de programas e ideias servem de exemplo); bloquear CPIs; nunca assumir culpas ou responsabilidades (tendência a autovitimização).
- mais carreirrismo e menos ideologia : as desavenças internas que vivem aflorando mostram a real importância que o poder (e os cargos correlatos) têm para o grupo. A facilidade com que se muda o discurso fala um pouco da desimportância de uma visão sincera de futuro. O importante é ganhar eleição, não governar (o que, por sua vez, é evidenciado pela propulsão à terceirização, inação na gestão, entrega ao setor privado, etc.)
Esse "chapéu" encaixa em Serra, lógico. Mas pense-se nos demais líderes do partido e vê-se que os diferentes são exceção e que aos poucos vão mudando de partido.

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