sábado, 13 de novembro de 2010

Formar ou deformar opinião.

O FORMADOR DE OPINIÃO X O RETRANSMISSOR DE OPINIÃO
A sociedade em geral, pode ser dividida em dois patamares distintos, que se correlacionam, cotidianamente, independente de sua classe social, crença religiosa, raça ou qualquer outro meio de segregação.

Um desses grupos podemos classificar de receptor de informação que, em geral, se caracteriza por seu aspecto mediano de intelecto e que, invariavelmente, pode até ter nível de educação superior, o que não deve servir como qualificação, mas que são apenas retransmissores de conhecimento. Seja ele certo ou errado, este conceito já pré estabelecido por alguém, ou por fato já conhecido na história das ciências seja ela social, científica ou filosófica ou apenas histórica entre tantas outras.

Este primeiro grupo é á maioria absoluta dita pensante de nossa sociedade, em processo lento de desenvolvimento, até porque temos que levar em conta que vivemos num país novo, que em seus 505 anos de descobrimento que não foram o bastante para forjarem uma identidade cultural bastante forte voltada à racionalização plena do exercício diário ininterrupto da busca do conhecimento, que nunca foi prioridade em nosso país de letrados oligarcas, que se beneficiam do atraso.

Porém, temos em nosso meio a grande sabedoria popular, que muito embora não se classifique por não depender do mundo acadêmico, que em sua regra geral é tão fechado e elitista, por não compreender que a grande função da universalização do conhecimento deve ter sua função social para coexistir em seu sentido pleno.

O outro patamar em que se divide a sociedade é o grupo de formadores de opinião, que tem sua origem de significado no latim ( Formator Opinatus) que significa o que dá forma , formador, criador na substantivação masculina de opinar.

A junção destes dois elementos de origem latina nos dá o conceito de que o formador de opinião é o criador de um novo conceito, ou na forma poética, um ilustrador de uma nova visão de sociedade ou apenas um ousado, que não se conformou com o seu papel mediano de retransmissor de conceitos pré estabelecidos, que também é uma forma de “pré conceito”. O formador de opinião apenas ousou e desafiou a mesmice ao criar um novo conceito, uma nova forma de pensar, de analisar, de interagir em nosso meio.

Estes dois grupos são por princípio insolúveis devido ao seu antagonismo, mas são também altamente dependente um do outro, seja para retransmitir novas conceituações dos formadores de opinião, ou seja para simples obtenção de matéria-prima para novas pesquisas de diversas áreas .

Mas diferente do que se possa imaginar, esta divisão que também pode servir como uma nova segregação, é muito sutil, quase imperceptível, salvo aberrações antagônicas de ambos os apostos.

Estes contrastes servem como base para identificarmos a raiz de nosso quase crônico atraso cultural educacional, que reflete fortemente em nosso desenvolvimento enquanto povo, enquanto país.

Criamos em nosso meio a cultura de que é proibido pensar, ousar, ou apenas avançar. A cada dia produzimos um verdadeiro exército de retransmissores de conceitos dos quais pouco contribuem para nosso crescimento; basta verificar os adotados em nossa economia , em nossa política, em nossa cultura, como também, basta observar quais as inovações no campo sociológico, filosófico, científico que produzimos nos últimos anos .

Até porque, a ignorância, assim como a apatia intrínseca que foi imbuída no comportamento do nosso povo com a falta de senso critico, serve como base para se formar um novo conceito.

São formas sutis, porém, muito eficientes de dominação e alienação de um povo, de um país, de uma era de gerações medianas, de meros retransmissores medianos de conceitos, que em sua maioria são “pré conceitos” difundidos há tempos.

Não podemos mais pensar o que querem que pensemos. Temos que pensar por nós mesmos.




Henrique Matthiesen

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