Laurence Olivier |
Refletindo Hamlet
Talvez a mais esplêndida, a mais intensa, de todas as tragédias escritas pelo homem.
Hamlet, de William Shakespere, muitos críticos o analisam como o mais sublime, o mais ilustre, o mais alto momento da história do teatro.
Pode-se dizer também tão densa e tão profunda como as tragédias de Sófocles escritas há 2.000 anos na Antiga Grécia.
Aliás, Hamlet tem uma grande afinidade com a peça Édipo Rei, lugar de origem de onde Freud extraiu a expressão “complexo de Édipo”.
Freud seguramente também foi influenciado por Hamlet, no estudo da concepção do inconsciente humano.
A história Hamlet, do príncipe da Dinamarca, foi escrita entre 1600-1602 e descreve a aflição de Hamlet príncipe, ao desvendar que seu tio assassinou seu pai, o rei, e casou-se com sua mãe para alcançar o trono da Dinamarca ameaçado pela Noruega.
Hamlet é inúmeras vezes percebido por um caráter filosófico, expondo opiniões que hoje divergem entre relativistas, assistencialistas ou céticas.
Antes de Shakespeare, os humanistas criam que o homem era a maior invenção de Deus, imitando assim o Seu semblante e sendo capaz de escolher sua própria natureza.
Mas, esta crença foi renegada e desafiada por Shakespeare nesta tragédia singular.
Hamlet, expressa um lado pessimista da natureza humana e traz um novo tipo de herói para a literatura.
O herói da dúvida, o herói perturbado, consagrando assim o drama da incerteza tão contemporâneo, tão nosso neste mundo da desesperança, desalento, desânimo e medo.
Hamlet parece a síntese da história humana, ou melhor, a história do inconsciente humano.
Nesta tragédia está a dúvida
Sobre a existência e a extinção
Sobre se vale a pena existir ou não
Sobre a insanidade e o desamor
Sobre o incesto
Sobre o homicídio pela aspiração política
Sobre o próprio teatro
Sobre a arte
Por isso, ser ou não ser eis a questão.
Uma vez que há mais mistérios entre o céu e a terra do que nossa vã filosofia.
Já que o resto é silêncio.
Vale a pena refletir Shakespeare.
Henrique Matthiesen
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