sábado, 9 de junho de 2012

Vergonhosa Auschwitz Brasileira (com entrevista de Cláudio Guerra)




Não há paralelo na história da humanidade de tamanha brutalidade e estupidez do que o holocausto na 2ª Guerra Mundial.

O campo de concentração localizado no Sul da Polônia e controlado pela Alemanha Nazista, conhecido como Auschwitz foi um dos símbolos mais nefasto deste sorumbático período.

Lá funcionava o cerne da administração de diversos outros campos de concentração e ali foram mortos mais de um milhão de judeus.

Como forma de eliminar suas vítimas um dos instrumentos utilizados foi um crematório, onde os corpos dos judeus eram queimados e suas vidas e suas histórias viravam literalmente fumaça.

Inacreditável que uma das nações mais sofisticadas do mundo, com um povo conhecido pela filosofia e pelas ideias tenha compactuado e participado de tamanha monstruosidade.

Entretanto, parece que os horrores da experiência trágica dos nazistas de Auschwitz tenha se repetido em solo brasileiro.

O recém-lançado livro cujo título é “Memórias de uma guerra suja” traz o depoimento estarrecedor e contundente do ex-delegado da repressão do Regime Militar, Claudio Guerra.

Ele revela que houve no Brasil uma espécie de campo de Auschwitz, onde corpos de inimigos do regime militar mortos sob tortura em São Paulo e no Rio de Janeiro foram incinerados em fornos da usina de Açúcar de Cambahyba localizada em Campos dos Goytacazes-RJ.

Vale ressaltar, segundo o depoimento do ex-delegado Claudio Guerra, a tal usina de açúcar era de propriedade do então vice-governador do Rio de Janeiro, o senhor Heli Ribeiro, que havia autorizado tal utilização.

O objetivo desta monstruosidade era eliminar qualquer vestígio das vítimas dos porões da ditadura, uma vez que, as torturas, os sequestros e os assassinatos eram feitos de forma clandestina pelo Estado.

Hoje, passado mais de 27 anos da redemocratização do país, somos ainda surpreendidos pelos métodos primitivos e vergonhosos dos agentes do Estado Brasileiro no período ditatorial.

Inúmeras famílias ainda buscam os corpos de seus entes queridos que simplesmente sumiram no submundo destes porões.

Mães que não puderam enterrar seus filhos, filhos que não puderam sepultar seus pais, maridos e esposas que nunca mais se encontraram e diversos corpos insepultos que jamais serão encontrados.

Afirma o livro “Memorias de uma Guerra Suja” no depoimento de Claudio Guerra que o Estado apagou todos os vestígios possíveis de sua “insanidade”, mas certamente não apagará esta página vergonhosa de nossa história.


Henrique Matthiesen

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