terça-feira, 13 de julho de 2010

No início, era o verbo. Hoje retornamos a ele.



O retorno da palavra

02/07/2010 22:49
Por: Bruno Rodrigues

O texto dá ao ser humano o que ele mais precisa da informação: o básico, o essencial, o principal.

Passei os últimos quatro anos afirmando para os meus alunos que os tempos tinham mudado na seara do Webwriting. Que o estudo da informação para a mídia digital havia ampliado os horizontes, indo muito além da redação online.
Agora, era preciso pensar informação como algo bem mais abrangente: fotografia, ilustração, ícone, gráfico, tabela, áudio e vídeo teriam, na balança, o mesmo peso que o texto no meio digital. Afinal, era assim que o presente – e o futuro – se configurava.
Então, tudo mudou.
Como mágica, a necessidade de um relacionamento mais estreito entre as pessoas, e entre elas e informação, rearrumou as peças do tabuleiro mais uma vez. Buscar pessoas e informação virou nosso objetivo – era o fim infância da internet e havíamos passado a dominá-la, finalmente. O conceito de web participativa era a semente das mídias sociais, que germinou e transformou nossas vidas e a relação com o meio digital.
No centro da mudança, estava a palavra.
Confesso que me pegou de surpresa. Que o Google havia dominado o mundo todos já sabiam, mas que os usuários da web fossem dominar seu uso, isso muitos não esperavam – inclusive eu. As empresas logo perceberam que era prioridade nível zero estar bem rankeadas, e o SEO estourou. A intrincada tarefa de otimizar sites e blogs para os mecanismos de busca virou default para o mercado, e conhecimento essencial para os webwriters.
Mudou, também, a relação com a palavra.
Quem antes se via apenas como redator, precisou rever seus princípios. Entender a palavra como um sinalizador, muito além de um elemento de comunicação, foi a grande (e difícil, para muitos) virada. Aquele que era redator, amante da frase, precisava se ver dali em diante como um gestor da informação digital, amante da palavra.
Mas as mudanças não pararam por aí.
Quando a web havia, enfim, evoluído de um quase sempre caótico emaranhado de informações – e estávamos quase nos acostumando com isso – para um universo em vias de se tornar estruturado, as mídias sócias nos apresentaram o Twitter, apenas para reafirmar a palavra como agulha que costura a relação entre as pessoas, e entre elas e a informação. Xeque-mate.
Faço mea culpa, aqui.
Quando o Twitter surgiu, cheguei a dar algumas entrevistas duvidando que a ferramenta pudesse ser abraçada por públicos que fossem além do que chamo de “quadrilátero digital”: estudantes e professores de Comunicação Social, profissionais da área de Comunicação e Marketing Digital e geeks, é claro. Quebrei a cara – muitíssimo satisfeito, a bem da verdade!
O Twitter é a “superbonder” do relacionamento online, a liga que sedimenta de vez nosso contato. Mais uma vez, para mostrar que a palavra não tem vocação para coadjuvante, lá está ela, como recurso básico e principal da comunicação do microblog. É a palavra que dá acesso aos outros formatos, e voltamos ao início.
O texto, assim como a sua alma, a palavra, dá ao ser humano o que ele mais precisa da informação: o básico, o essencial, o principal. Por isso hoje me faço uma pergunta que não me sai da cabeça – até quando a palavra será nosso norte, nossa ferramenta primordial, nosso guia rumo ao universo da informação digital? A palavra será, mesmo, eterna?
Até ontem, não era o vídeo que ia comandar a informação? Onde foi parar a ideia de que tudo viria a partir da imagem em movimento? Agora revejo minhas conclusões, minha visão de presente, de futuro próximo.
“No início, era o verbo” – seria para sempre, então?
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No final do ano passado fui contratado pelo Ministério do Planejamento (Governo Eletrônico) para desenvolver o padrão brasileiro de redação para a web, mais especificamente a “Cartilha de Redação Web”, que ficou pronta agora em junho e está disponível em www.governoeletronico.gov.br (logo na primeira página ou em “Biblioteca”) para todo brasileiro baixar gratuitamente.
Voltarei ao assunto, mas, desde já, fica o convite para checar a “Cartilha de Redação Web”!
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Em agosto inicio meus cursos “Webwriting” a Distância – para mais informações, você pode enviar um email para ead@facha.edu.br. Enquanto isso, no Rio, inicio uma nova turma do curso “Webwriting & Arquitetura da Informação” em 17/08 – infos via extensao@facha.edu.br.
A todos, até breve! :-)
[Webinsider]
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Sobre o Autor

Bruno Rodrigues (bruno-rodrigues@uol.com.br) é autor do livro 'Webwriting' e consultor da Petrobras.
Url original: http://webinsider.uol.com.br/2010/07/02/o-retorno-da-palavra/
    Publicada em: 02/07/2010 22:49
    Impresso em: 13/07/2010
[editor] vtardin@webinsider.com.br

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