terça-feira, 20 de julho de 2010

O Estadão ataca de novo e tem critíca desmontada pelo blog

Publicado no www.viomundo.com.br

20 de julho de 2010 às 0:56

Valente: A campanha sistemática contra os portos brasileiros

por José Augusto Valente, na agência T1
Sistematicamente, aparecem na imprensa brasileira matérias e editoriais informando ou avaliando os gargalos nos portos públicos do país. Como as catastróficas previsões nunca se concretizam, fica no ar a suspeita de que motivações eleitorais ou comerciais estão por trás dessa campanha permanente.
Matérias sobre “problemas portuários” na exportação de açúcar foram por nós desconstruídas também por carecerem de fundamentação objetiva e apresentarem dados falsos.


Mais recentemente tivemos o editorial do Estadão, com o título “Portos e aeroportos defasados”. Pelo quadro ali apresentado o caos está estabelecido nos portos públicos. O que está longe da verdade.
Qual o problema dessas informações/avaliações? Elas não estão fundamentadas em fatos objetivos. Porisso levam a diagnósticos equivocados, que não contribuem para melhorar a eficiência da logística brasileira.
Esse editorial do Estadão tem o texto abaixo como centro da sua crítica:
“Indústrias com portos privados – caso da Ford na Bahia – conseguem evitar o congestionamento e a lentidão dos embarques e desembarques. Empresas dependentes de portos públicos enfrentam filas para movimentar seus produtos, porque os terminais carecem de equipamentos, de pessoal e de espaço. Transportar mercadorias por milhares de quilômetros de rodovias pode ser uma alternativa preferível, quando o intercâmbio é com países sul-americanos. Essa é a escolha da Fiat para transportar veículos entre fábricas brasileiras e argentinas, na ida e na volta.”


Vamos aos fatos:
1. A principal empresa “dependente de porto público” é a Fiat. Maior empresa automobilística brasileira, utiliza o Porto do Rio de Janeiro (cerca de 98% da sua movimentação) e sua operadora é a MultiCar (foto), pertencente ao grupo Multiterminais Alfandegados S.A.


2. A MultiCar obteve os mais altos ratings entre terminais especializados no mundo das diversas inspeções de qualidade total efetuadas pelas montadoras que utilizam regularmente o terminal de veículos do Rio.


3. O Prêmio Fiat Qualitas Award, na sua vigésima edição, referente ao ano de 2008, entregue em 2009, distinguiu os fornecedores do Grupo Fiat que mais se destacaram em qualidade, atendimento e gestão, com foco crescente no cliente final.


4. O grupo Multiterminais foi o único fornecedor de logística que se destacou no Prêmio, recebendo reconhecimento pela qualidade de seus serviços, prestados em 2008, ano em que a economia brasileira mais cresceu, até setembro, quando a crise mundial se fez sentir nas exportações brasileiras.


5. A Fiat não foi ouvida para a elaboração do artigo mencionado. Se tivesse sido, com certeza, confirmaria que não há problema no porto público do Rio de Janeiro, por onde escoa a quase totalidade da sua produção.


6. Se tivesse sido ouvida, a Fiat diria que desloca automóveis por rodovia, na rota Minas – Argentina, porque é mais econômico e porque tem carga de retorno. Apenas isso, nada de crise ou gargalo.


A cantilena contra os portos públicos “esquece” que:
a) O PIB brasileiro, em US$ bilhões, saiu de 840 em 1996 para 1.573 em 2008, praticamente dobrando o seu valor no período de 12 anos;


b) a corrente de comércio exterior, também em US$ bilhões, saiu de 101 em 1996 para 371 em 2008, mais que triplicando o seu valor nesse período;


c) o percentual da abertura da economia, que é a relação entre o valor da corrente de comércio e o PIB, passou de 12% em 1996 para 24% em 2008, dobrando o seu valor no período de 12 anos;


d) parece-nos óbvio que esse crescimento significativo do PIB, da corrente de comércio e da abertura da economia só foi possível devido ao adequado nível de eficiência da logística brasileira (envolvendo rodovias, ferrovias e portos), a menos que se invente que os crescimentos do PIB e da corrente de comércio exterior não tenham nenhuma relação com a eficiência da logística brasileira.


Apesar desse nível adequado de eficiência logística, há muita coisa que é possível melhorar, na medida que sempre é possível melhorar o que já está bom.


Um exemplo disso é a adoção do sistema Navis-Sparcs, utilizado por quase todos os operadores portuários de contêineres (nos portos públicos), que garante o agendamento eletrônico das cargas que chegam ou saem dos portos, evitando filas e perdas de tempo.


Esse novo sistema, implantado desde o início de 2009, possibilita a otimização no processo de movimentação de contêineres, resultando em aumento de produtividade nos embarques e desembarques reduzindo o tempo total de operação nos Navios, trazendo benefícios diretos aos armadores que operam no terminal.


Além disto, a diminuição das remoções no pátio e a inteligência adotada pelo sistema possibilita o aumento da capacidade operacional do terminal, gerando um aumento na eficiência na disponibilização dos contêineres. Em paralelo, constata-se a diminuição do consumo de combustível, proporcionando menos emissões de gas carbônico para cada contêiner operado.


Voltando ao início desta análise, fico pensando: qual será o motivo para que não se divulgue os fatos e dados da evolução da eficiência logística do Brasil; eleitoral ou comercial?


José Augusto Valente – Diretor Técnico do T1

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