terça-feira, 20 de julho de 2010

Mais uma luz no fim do túnel

16/07/2010


'Tratamento 2.0' anti-HIV pode salvar 10 mihões de pessoas, diz ONU

Um novo relatório da ONU aponta que uma abordagem radicalmente simplificada para garantir o acesso ao tratamento do HIV para todos que necessitam poderia evitar 10 milhões de mortes até 2025 e um milhão de novas infecções por ano.

O chamado Tratamento 2.0, de acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), poderia reduzir o custo do tratamento, simplificar os regimes de tratamento, aliviar o fardo sobre os sistemas de saúde e melhorar a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV e de suas famílias.

“Podemos reduzir os custos para que os investimentos cheguem a mais pessoas”, disse o Diretor Executivo do UNAIDS, Michel Sidibé, no lançamento do relatório em Genebra, no última terça (13). “Isso significa fazer melhor as coisas – sabendo o que fazer, canalizando recursos na direção certa para não desperdiçá-los, reduzindo preços e contendo custos. Temos de fazer mais com menos”.

O organismo estima que 33,4 milhões pessoas viviam com HIV em todo o mundo no fim de 2008, com cerca de 2,7 milhões de novas infecções e 2 milhões de mortes relacionadas à AIDS. Acrescenta ainda que apenas um terço dos 15 milhões de pessoas no mundo que necessitam de tratamento para o HIV tem acesso aos medicamentos que podem salvar suas vidas.

Para o novo plano ter sucesso, o relatório da agência solicita medidas a serem tomadas em cinco áreas-chave.

Em primeiro lugar, é necessária a criação de uma pílula melhor, menos tóxica e que seja uma simples ferramenta de diagnóstico para monitorar o tratamento.

Em segundo lugar, evidências sugerem que as pessoas que vivem com HIV que têm reduzido o nível do vírus no seu corpo, através da terapia antiretroviral, estão menos propensas a transmiti-lo. Como resultado, a UNAIDS diz que, se todos que precisam têm acesso ao tratamento, é possível reduzir o número de novas infecções por HIV para um terço, anualmente. O relatório também pede que se reduza o custo do tratamento antiretroviral, especialmente para internação e tratamento acompanhado, que pode custar o dobro de drogas.

O UNAIDS enfatiza, ainda, a necessidade de maior eficácia nos testes de HIV e nas consultas, desde o início do tratamento no momento certo, em especial quando a contagem de CD4 – uma medida da força do sistema imunológico – é de cerca de 350, o que aumenta a eficácia do tratamento e aumenta a expectativa de vida.

Finalmente, o Tratamento 2.0 será totalmente bem sucedido caso as comunidades sejam mobilizadas e envolvidas na gestão de programas de tratamento e de acesso. “O Tratamento 2.0 poderia não somente salvar vidas, como tem potencial para nos dar um dividendo de prevenção”, disse Sidibé.

O relatório também mostra que os jovens estão liderando uma revolução de prevenção, com 15 dos países mais afetados relatando uma queda de 25% na prevalência do HIV em sua população-chave. Em oito países – Costa do Marfim, Etiópia, Quênia, Malauí, Namíbia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue -, declínios significativos de prevalência do HIV têm sido acompanhados por mudanças positivas no comportamento sexual entre os jovens.

Sidibé advertiu que achatar ou reduzir investimentos em HIV só irá prejudicar a resposta à AIDS, com quase 27 bilhões necessários este ano para atender às metas estabelecidas para o país no tocante ao acesso universal à prevenção contra o HIV, tratamento, cuidados e apoio. “A resposta à AIDS precisa agora de um pacote de métodos de estímulo”, destacou o representante. “Os doadores não devem dar as costas aos investimentos num momento em que a luta contra a AIDS mostra resultados.”

Sua agência recomenda que os países invistam entre 0,5% e 3% das receitas do governo em seus programas de luta contra a AIDS, mas alertou que, para a maioria dos países severamente afetados pela epidemia, os investimentos nacionais, mesmo em níveis ótimos, são insuficientes.

Também estão incluídos no relatório divulgado dia 13 o resultado de uma pesquisa de opinião pública que mostra que quase três décadas de vivência com a epidemia, os países permanecem colocando a AIDS no topo da lista dos mais importantes desafios que o mundo enfrenta. Em geral, a AIDS é percebida como o problema de saúde mundialmente no topo, seguido da questão da água potável.

A publicação finaliza com uma “última palavra” da Embaixadora Internacional da Boa Vontade para o UNAIDS, Annie Lennox, que disse que “como mulher e mãe, me sinto obrigado a me manifestar e tentar sensibilizar da melhor maneira que posso, tentando usar a minha posição para fazê-lo”.
Fonte: Centro de Informações das Nações Unidas

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