segunda-feira, 26 de julho de 2010

Crimes lesa humanidade

26/07/2010 - 09h10 - Folha.com

Documentos secretos trazem

evidência de crimes de guerra 

no Afeganistão, diz site

DA ASSOCIATED PRESS, EM LONDRES
DE SÃO PAULO
Atualizado às 09h24.

O fundador do site WikiLeaks, uma espécie de Wikipedia de arquivos vazados, afirmou nesta segunda-feira que os mais de 91 mil documentos secretos dos militares dos Estados Unidos trazem evidências de crimes de guerra cometidos durante a guerra do Afeganistão.

Saiba o que revelam os arquivos secretos da guerra no Afeganistão

Em entrevista a jornalistas em Londres (Reino Unido), Julian Assange disse que "cabe à corte decidir se algo realmente é um crime, mas que há evidência de crimes de guerra no material".
Ele afirmou ainda que, até agora, tudo o que havia sido divulgado sobre a guerra era apenas um "arranhão na superfície".
Neste domingo, o site postou milhares de registros militares americanos de seis anos da guerra contra o grupo islâmico Taleban --de janeiro 2004 a dezembro de 2009--, incluindo incidentes não reportados de assassinato de civis e operações secretas contra nomes do alto escalão taleban.
Tanto a Casa Branca quanto o governo britânico condenaram a divulgação dos dados. Os EUA, contudo, não negaram a autenticidade dos documentos, que revelariam bastidores muito mais cruéis do que eles gostariam de divulgar ao público.
Assange disse ainda que não há motivos para duvidar da veracidade dos documentos, mas "assim como lidar com qualquer fonte, você deve exercer bom senso". "isto não significa que você deva fechar os olhos", disse.
A ideia do site é divulgar material o mais amplamente possível com completo anonimato das fontes, que fazem uploads anônimos e protegidos.
O fundador do site denunciou ainda que o governo australiano está investigando ele e outros membros da sua equipe, a pedido dos Estados Unidos.

REVELAÇÕES
Entre as informações que vieram a público, os documentos afirmam que centenas de civis foram mortos sem conhecimento público e oficial pelas tropas de coalizão no Afeganistão, planos secretos para exterminar líderes extremistas do Taleban e Al Qaeda e a discussão do suposto envolvimento de Irã e Paquistão no apoio a insurgentes eram temas recorrentes aos líderes militares.
Os documentos informam que pelo menos 195 civis foram mortos e outros 174, feridos. O número, contudo, pode ser subestimado porque, em muitas missões, as tropas omitem esse tipo de acontecimento.
Erros que ocasionaram morte de civis também incluem o dia em que soldados franceses bombardearam um ônibus cheio de crianças em 2008, matando 8. Uma ronda similar feita pelas tropas norte-americanas matou 15 passageiros.
Os documentos também apontam o extermínio de uma vila durante uma festa de casamento, incluindo uma mulher grávida, em um aparente ataque de vingança.
Os EUA também acobertaram que o Taleban adquiriu mísseis aéreos, e que escondeu um massacre perpetrado pelo grupo terrorista devido ao uso de bombas, que dizimaram mais de 2.000 civis até então.
As tropas no Afeganistão mantinham ainda uma unidade de "caçadores" para "matar ou capturar" líderes do Taleban sem julgamento.
Os documentos foram vazados primeiramente aos jornais britânico "Guardian", o alemão "Der Spiegel" e o norte-americano "The New York Times".
O jornal britânico também revelou documentos secretos que comprovam o desenvolvimento dessas ações pelas tropas de coalizão.

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