sábado, 15 de maio de 2010

A visão cartorial da velha mídia

13/05/2010 - 08:30

A visão cartorial da velha mídia

Luis Nassif
Qualquer forma de defesa da produção interna brasileira sempre foi tratada como cartório pela mídia. Reservas de mercado, aumento de alíquotas de importação. Até a decisão de construir navios no Brasil foi taxada de anacrônica que comprometia a eficiência da economia. Na própria Constituição, decidiu-se tratar como empresa nacional qualquer multinacional instalada no país.
Qual a lógica, então, de se defender reserva de mercado para as novas mídia, ou mesmo para o capital externo na velha mídia? De um lado, revitalizarão o mercado de opinião, ao introduzir mais competição e romper com o cartel de opinião dos últimos anos. De outro, não consta que a velha mídia seja uma defensora de valores nacionais. Pelo contrário, tem uma visão estritamente internacionalista, considerando anacrônica qualquer defesa de interesses internos, tratando como atraso o conceito de Nação. Então, qual o problema da internacionalização no seu próprio mercado?
FIESP, CNI, Abimaq, IEDI, todas essas instituições foram sistematicamente marcadas como anacrônicas por defender o mercado interno para empresas brasileiras. E essa defesa nem era para a origem do capital da empresa, mas apenas para a produção interna – fosse de empresa de capital nacional ou internacional. Agora, no seu terreiro, a velha mídia se comporta de forma mais anacrônica do que aqueles que ela própria taxava de anacrônicos: é contra empresas estrangeiras vindo produzir notícias no mercado interno brasileiro.
Nos últimos anos, a cobertura jornalística mais isenta sobre o país foi produzido pela mídia estrangeira: BBC, Reuters, El País (apesar de seus interesses editoriais com os governos federal e de São Paulo), Le Monde, New York Times. Foi graças a essa visão externa, mais o trabalho da blogosfera, que se rompeu a cartelização da cobertura jornalística da velha mídia.

Do Estadão

ANJ e Abert questionam capital estrangeiro em empresas de mídia – economia – Estadao.com.br

ANJ e Abert questionam capital estrangeiro em empresas de mídia
Associações entraram com representação contra duas empresas na procuradoria-geral[br]da República
13 de maio de 2010 | 0h 00

Marili Ribeiro – O Estado de S.Paulo
Voltou à tona no começo da semana em Brasília, durante seminário sobre a regulamentação da internet do ponto de vista jornalístico, a preocupação das associações do setor de comunicação com respeito à lei que restringe investimentos estrangeiros em empresas de comunicação de massa.
Em 28 de abril, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) entregaram ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, representações contra duas empresas que estão sob suspeita de não cumprirem a norma que diz que elas podem ter, no máximo, 30% de capital estrangeiro.
Pela Constituição, o controle de empresas que produzem conteúdo jornalístico tem de estar na mão de brasileiros natos, ou naturalizados há mais de dez anos. Isso vale tanto para responsabilidade editorial como administrativa.
O grupo português Ongoing, dono no Brasil do jornal Brasil Econômico, e o Portal Terra, do grupo espanhol Telefónica, estariam fora dos padrões estabelecidos.
O argumento dos representantes das associações é que também na internet as normas e práticas do setor devem ser seguidas. Para eles, a internet não pode e não deve ser usada como “terra sem dono”, onde qualquer conteúdo seja disseminado fora do respeito às leis vigentes. Na interpretação deles, a internet vem sendo usada hoje como saída para grupos estrangeiros expandirem suas atuações.
Ricardo Pedreira, diretor executivo da ANJ, explica que há algum tempo a entidade vem discutindo a questão. Duas representações foram encaminhadas ao Ministério Público. “No caso do Ongoing, 70% do capital está em nome de uma brasileira, que é a mulher o presidente do grupo português e não vive no Brasil”, diz Pedreira. “Esperamos que a Procuradoria, dentro de sua competência de resguardar a soberania na produção de conteúdo no País, dê uma resposta o mais rápido possível.”
Em Defesa. A Empresa Jornalística Econômico, que representa os interesses do Grupo Ongoing, divulgou um comunicado em que “repudia as alegações infundadas que têm sido veiculadas a respeito do cumprimento das normas legais brasileiras no que se refere à titularidade, administração e conteúdo jornalístico do Jornal Brasil Econômico”. A nota confirma que 70% do capital está em nome de Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos, descrita como brasileira nata.
Na nota, a empresa disse que se reserva o “direito de proceder legalmente, com todas as medidas cabíveis, contra aqueles que visam atentar contra o bom nome dos seus acionistas e a honorabilidade dos seus colaboradores”.
O Portal Terra, por seu lado, informa que não recebeu qualquer representação e, por isso mesmo, não se manifesta sobre o tema.
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