sábado, 15 de maio de 2010

Lavareda e a campanha presidencial: uma análise do marketing eleitoral de Serra e a sua despolitização

Publicado no viomundo.com.br

14 de maio de 2010 às 13:01

Lavareda e a campanha presidencial

Lavareda analisa estratégias de campanha
Vanderson Lima, de São Paulo
Valor Econômico – 14/05/2010

Uma campanha despartidarizada. Despolitizada até. É assim que o cientista político Antonio Lavareda, especialista em marketing eleitoral, analisa a estratégia de José Serra (PSDB) no início de sua campanha à Presidência da República. Em palestra organizada pela Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, Lavareda discorreu sobre as estratégias usadas pelos candidatos ao Planalto.

“Serra busca, corretamente, homogeneizar todos os governos anteriores, desde a redemocratização, vendendo a idéia de que historicamente há uma melhora ascendente. Assim, dilui a importância do governo petista, que busca justamente o oposto, atribuindo exclusivamente ao governo Lula o bom momento vivido pelo país”, avalia Lavareda, para quem a estratégia do tucano, de não assumir uma carapuça oposicionista, cria condições para um debate voltado para uma escolha baseada na análise de biografias, desejada pelo candidato.

 A crítica ao fato de Dilma Rousseff (PT) nunca ter participado de uma eleição, na opinião do sociólogo, é mais eficaz no debate eleitoral do que tentar colar na ex-ministra a pecha de despreparada, facilmente desmontável: “Quando o Lula for para a propaganda televisiva e afirmar que Dilma foi diretamente responsável pelo sucesso do governo, essa história de que ela é despreparada cai por terra”, aposta. Ataques pessoais vindo do tucanato também são descartados por Lavareda, pois o eleitor, especialmente das classes mais baixas, tem Lula como um “espelho”, um exemplo. Sendo Dilma tão próxima do presidente, ofensas e ela ganhariam antipatia do eleitor lulista.
 Lavareda, autor do livro “Emoções Ocultas”, mapeou para os presentes à palestra o que acredita que serão, no campo emocional, as apostas de cada candidato. Dilma buscará cativar o eleitor com um discurso de orgulho pelas realizações do atual governo e compaixão, explicitada no crescimento dos programas sociais de distribuição de renda. Serra, no exemplo de uma vida dedicada à administração pública que chega a seu ápice, capitalizando o reconhecimento por seu histórico como governante. Marina Silva (PV), sem volume de mídia equiparável a Dilma e Serra, apostará em uma campanha positiva e acima das querelas partidárias.
 Do lado das emoções negativas, ou seja, dos defeitos que buscarão apontar nos opositores, Lavareda acredita que o PSDB tentará colocar Dilma como um personagem novo no jogo, de quem pouco se sabe e cujas ideias para o país não estão claras. Já o PT pregará o medo da descontinuidade dos programas sociais: “Numa campanha, os eleitores só se movem de um campo para seu oposto se estimulados por uma emoção negativa. No caso, de que podem perder algo que está sendo feito”.
 Os escândalos por denúncias de corrupção, na opinião de Lavareda, não serão decisivos nas próximas eleições: “O ” marcador emocional ” das pessoas entende que já votou sobre isso, na eleição presidencial passada, no auge do escândalo do mensalão”, diz.

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