sexta-feira, 9 de julho de 2010

Briga eleitoral histórica em Pernambuco

Pernambuco tem clássico eleitoral 

entre adversários históricos

Por: Bruna Serra, da Reuters
Publicado em 08/07/2010, 19:21, no Brasil Atual http://www.redebrasilatual.com.br/
Última atualização às 19:21


O senador Jarbas Vasconcellos (PMDB), que irá concorrer com o rival Eduardo Campos (PSB). (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
Recife - Os dois principais candidatos ao governo de Pernambuco fazem este ano um clássico eleitoral. Favorito nas pesquisas de intenção de voto, onde jamais apareceu abaixo dos 50 por cento, o governador Eduardo Campos (PSB) tem contas a acertar com o rival, o ex-governador e atual senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que tem 30 por cento, no Ibope.
Há 12 anos, nas eleições de 1998, Jarbas venceu por margem superior a 1 milhão de votos o então governador Miguel Arraes (PSB), avô de Campos. Quando chegou ao governo, em janeiro de 2007, Campos sucedeu o vice de Jarbas, Mendonça Filho (DEM), também batido por mais de 1 milhão de votos. O tira-teima marcado para outubro tem como tempero uma histórica rivalidade entre Jarbas e Arraes, que acabou sendo herdada pelo neto-governador.
Campos tem como principal arma o apoio dedicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja aprovação em Pernambuco, seu Estado natal, atinge a casa de 90 por cento. O palanque do governador é todo da candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT). Na eleições de 2002 e 2006, Lula obteve a maioria dos votos no Estado.
Além disso, tem uma gestão, com ações voltadas especialmente para as áreas de saúde --construiu dois novos hospitais na região metropolitana do Recife-- e de segurança pública, em que os índices de homicídios vêm sendo reduzidos há dois anos.
Com boa penetração no interior, responsável por sua vitória em 2006, Campos tem a seu lado a maioria esmagadora de prefeitos, inclusive do PMDB, PSDB e DEM, partidos de oposição aliados a Jarbas.
Diante da inegável força do oponente, Jarbas custou a aceitar ser candidato, mas acabou cedendo. "Eu demorei a me decidir, ponderei demais e esta discussão acabou deixando a cúpula da oposição e descendo para a população. O povo de Pernambuco me pediu que eu fosse candidato", disse o senador à Reuters.
Apesar de suas ponderações, é voz corrente que Jarbas entrou na corrida pernambuca por pressão do PSDB, para oferecer um palanque ao candidato tucano à Presidência, José Serra.
Jarbas, no entanto, se viu abandonado pelos tucanos após aceitar a empreitada. Ele e Serra são amigos, mas nem essa amizade foi capaz e convencer o senador Sérgio Guerra (PE), presidente nacional tucano, a encarar uma reeleição ao Senado e o PSDB acabou sem representantes na chapa de Jarbas.
Os dois postulantes ao Senado são Marco Maciel (DEM) e Raul Jungmann (PPS). Na vice, a deputada estadual Miriam Lacerda (DEM).
Jarbas gosta de lembrar que costuma crescer na adversidade. Recorda a eleição de 1985, quando se elegeu prefeito do Recife depois de sua briga com Arraes. Desde então, os dois jamais voltaram a se falar, até a morte do socialista, em 2005.
"Rompi com o PSB e fui para o PMDB. Sem apoio de nenhuma grande liderança", disse Jarbas.
Oficialmente, Eduardo Campos garante que a derrota que o senador impôs ao seu avô é pauta superada. Aos aliados do governador, porém, cabe a missão de provocar o concorrente.
"Vamos impor a maior lavada da história da política pernambucana", bradou o ex-ministro da Saúde, Humberto Costa (PT), durante a convenção que homologou o nome de Campos. Costa é candidato ao Senado na chapa do governador, ao lado do deputado federal e ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria, Armando Monteiro Neto (PTB).
No mesmo dia, com bem menos pompa, Jarbas homologou sua chapa, com um discurso recheado de provocações ao adversário.

Comparações na TV


O tom da campanha já foi dado pelos candidatos: a comparação. No centro dos debates estará a paternidade das grandes obras do Estado, turbinando a economia local, casos da Petroquímica Suape, do Estaleiro Atlântico Sul e da Refinaria Abreu e Lima.
A arena da disputa será mesmo o programa eleitoral no rádio e na televisão, que tem início em 17 de agosto. Ambos dispõem de aproximadamente sete minutos. "Tenho certeza que rapidamente vamos equilibrar este jogo e tirar esta desvantagem", diz Jarbas.
A cidade de Caruaru, distante 140 quilômetros do Recife, terá um papel central nessa disputa histórica. Além de ser o maior colégio eleitoral do agreste pernambucano, está representada nas duas chapas com os candidatos a vice.
João Lyra, atual vice-governador, foi prefeito da cidade por duas vezes. Miriam Lacerda se destacou no papel de opositora ao governador na Assembléia Legislativa e integra uma família que também comandou a cidade por dois mandatos.
Correndo por fora e ainda bem distantes do eleitorado estão outros dois candidatos: Sérgio Xavier (PV) e Edilson Silva (PSOL), que aparecem com 1 por cento das intenções de voto.

Fonte: Reuters
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