sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Opinião e análise

MERCADOS AGORA QUEREM O ESCALPO DE PORTUGAL E ESPANHA
Estado português só consegue obter financiamento pagando aos mercados juros de 7% ao ano, nível considerado insustentável pelos analistas. Na Espanha, a chantagem financeira também aumentou depois da falência da Irlanda. Quarta maior economia européia, a Espanha tem o terceiro maior déficit fiscal da zona do euro. Ou seja, é o terceiro maior dependente de empréstimos para manter a solvência das finanças públicas. A exemplo do que fazem com Portugal, os investidores exigem rendimentos cada vez maiores para carregar títulos públicos emitidos pelo governo Zapatero. Uma forma de atende-los num momento em que caem as receitas com impostos por conta da recessão, é cortar dramaticamente gastos do Estado para reservar recursos à rubrica dos juros. É a mesma ‘demonstração’ de austeridade requerida do governo Dilma neste momento no Brasil. A Espanha tem mais de quatro milhões de desempregados; entre os jovens, a taxa de desocupação passa de 20%. O Brasil precisa,entre outras urgencias, levar cidadania a 1020 favelas do Rio de Janeiro, não apenas segurança, mas emprego e renda para ocupar o 'vazio econômico' com a expulsão do tráfico. O risco ‘soberano’ dos países atingidos pela explosão da bolha especulativa aumentou por conta dos gastos para socorrer bancos e empresas quebradas, bem como em decorrências da elevação das despesas com seguro-desemprego e auxílio moradias, entre outros. De certa forma, o mercado saneou seus riscos –ou conseguiu reduzí-los—transferindo o ônus aos Estados nacionais. Em proporções cavalares, o mesmo acontece hoje nos EUA –com a diferença nada desprezível que o FED norte-americano exerce prerrogativas imperiais de emitir dólares e pulverizar sua dívida inundando o mundo com a moeda, a ponto de desvalorizá-la progressivamente. Em troca, valoriza a moeda dos países pobres e em desenvolvimento. O que, no final, acaba também elevando o risco soberano desses países., alvo agora do coro ortodoxo-midiático que aqui e alhures entra em cena para pedir em uníssono: corte de gastos (Carta Maior, 01-12)

BRAÇO DE FERRO NO 'ALEMÃO' :
ARROCHO FISCAL + TRÁFICO X CIDADANIA 


A renda per capita mensal no Complexo do Alemão é de R$ 176,90; 30% dos seus 100 mil moradores vivem como miseráveis com R$ 145 mensais; todos os indicadores apontam a inexistência de políticas públicas como a maior responsável pela deterioração da vida dos pobres no Rio. Implantar UPPs nas duas favelas ocupadas pelo Exército custará R$ 2 milhões. A folha salarial mensal será de R$ 4 milhões. O Rio tem 1.020 favelas; 13 UPPs foram implantadas até agora. O Estado brasileiro economizou R$ 9,7 bilhões em outubro para pagar os juros da dívida pública; nos últimos 12 meses, R$ 99,1 bilhões foram destinados a esse fim, o equivalente a 2,85% do PIB. O coro midiático-ortodoxo acha pouco. Pressiona o governo Dilma a acionar a tesoura fiscal já no início do mandato. A ver. (Carta Maior, com Valor, Estadão, Folha- 30/11)

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