sábado, 4 de dezembro de 2010

A ironia do capitalismo selvagem

03/12/2010 - vermelho.org.br

EUA: o povo vai de mal a pior, mas capital tem lucros recordes 

A perversidade do capitalismo americano transparece nas estatísticas sobre lucros e emprego nos EUA. Enquanto o povo vai mal as grandes empresas capitalistas vão bem. Apesar da crise econômica profunda, elas alcançam lucros extraordinários. Dados publicados em novembro pelo próprio governo mostram que os lucros das grandes empresas no país alcançaram níveis recordes no terceiro trimestre deste ano.

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Desemprego em massa indica que crise está longe do fim

Foi registrado um ganho superior a 1,6 trilhão de dólares, valor que corresponde a mais de 10% do PIB dos EUA, estimado em 15 trilhões de dólares. O mais alto desde que o governo mantém registros sobre lucros corporativos, há 60 anos.

Lucrando com o desemprego


O total de lucros das empresas cresceu 28% em relação ao mesmo período de 2009. Entretanto, as empresas não usam esse lucro recorde para contratar mais trabalhadores. Nesta sexta-feira (3), o Departamento de Estado informou que a taxa de desemprego subiu em novembro para 9,8%. Foi de 9,6% nos três meses anteriores.

O número de desempregados no país somou 15,1 milhões em novembro, de acordo com as estatísticas do governo, que podem estar subestimadas. Alguns economistas calculam em 30 milhões o exército de desempregados e subempregados no país.

O contraste entre lucro e emprego expõe a face perversa do capitalismo. Três anos depois do início da recessão nos EUA, a crise já não é um problema para os grandes capitalistas, que seguem lucrando (ainda mais) e podem alardear recuperação. A classe trabalhadora não pode dizer o mesmo.

Também pudera. O Estado derramou trilhões de dólares na economia para proteger os grandes capitalistas e pouco ou nada fez pelos pobres. Resgatou banqueiros em primeiro lugar, mas não só. Ocorreu até uma estatização branca da GM, que custou bilhões de dólares aos cofres públicos e milhares de empregos ao operariado, pois o que o governo Obama impôs à empresa não foi manter seus funcionários, mas demiti-los, enxugar o quadro de trabalhadores e deslocar a produção para o exterior.

A classe operária ficou ao deus-dará e viu frustrada a esperança que tinha depositado em Barack Obama. Não admira que os democratas tenham colhido o troco nas urnas, durante as eleições legislativas realizadas em novembro. Infelizmente, a energia despertada pela revolta popular foi apropriada pela direita e desviada de seus reais propósitos.

A crise tem o mérito de desconstituir mitos e explicitar contradições. Quando lucros e desemprego estão em alta ao mesmo tempo é sinal de aumento da produtividade e do grau de exploração da classe trabalhadora, que o capitalista impõe através da intensificação do ritmo de trabalho, aumento de jornada, redução de salários e benefícios, entre outros meios, largamente usados pelas empresas em períodos de crise. De forma perversa, o capitalista lucra com o desemprego em massa, que reduz a capacidade de resistência dos assalariados.

Da redação, com Democracy Now! - http://www.democracynow.org

Desemprego em alta indica que crise nos EUA está longe do fim 

A taxa de desemprego nos Estados Unidos avançou para 9,8% em novembro, depois de permanecer em 9,6% nos três meses anteriores. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (3) pelo Departamento de Trabalho do país, que também anunciou a criação de 39 mil postos de trabalho no mês, resultado situado bem abaixo das expectativas. Sinaliza a continuidade da crise econômica e reforça a ameaça de um segundo mergulho na recessão. 

Ao mesmo tempo em que o nível de emprego aumentou na área de saúde, por exemplo, foram registrados demissões líquidas (ou seja, em número superior ao das contratações) no segmento de comércio varejista.

O mercado estimava uma taxa de desemprego em 9,6% e a geração de 150 mil novos postos de trabalho. Na realidade, postos temporários e no setor de saúde continuaram em expansão, enquanto, no comércio, recuaram e na indústria permaneceram estáveis. O número de desempregados no país somou 15,1 milhões em novembro, de acordo com as estatísticas do governo, que podem estar subestimadas. Alguns economistas calculam em 30 milhões o exército de desempregados e subempregados.

Uma miragem


Por enquanto, a recuperação é uma miragem, mais ou menos convincente segundo os diferentes setores e ramos da economia. As atividades ligados ao setor de serviços cresceram, alias pelo 11º mês consecutivo. Em contrapartida, comércio varejista e indústria andam bem mal das pernas.

Os pedidos à indústria dos Estados Unidos recuaram 0,9% em outubro, revertendo três elevações mensais consecutivas. Excluindo o ramo de transportes, as novas encomendas declinaram 0,2%. Entre setembro e outubro, os embarques aumentaram 0,3% e os estoques registraram acréscimo de 0,9%.

Indústria

O levantamento do Departamento do Comércio americano mostrou ainda que as novas encomendas de bens duráveis cederam 3,4% no antepenúltimo mês de 2010, em vez de recuo de 3,3% como informado originalmente. De qualquer forma, o resultado significa uma mudança de direção em relação a setembro, quando houve expansão de 4,9%.

Os dados revelam a dificuldade que os Estados Unidos vivem para superar a crise que teve início no final de 2007, assim como a impotência do Estado capitalista para reverter os rumos da economia. governo e banco central (Federal Reserve) empregaram trilhões de dólares para resgatar o sistema financeiro da falência, mas não lograram reanimar a economia e o mercado de trabalho.

Além disto, é preciso observar que, enquanto o mercado de trabalho patina, os lucros das empresas norte-americanas vão de vento em popa no país, tendo alcançado níveis recordes no terceiro trimestre do ano, quando foram registrados lucros superiores a 1,6 trilhão de dólares, o que corresponde a mais de 10% do PIB, estimado em 15 trilhões de dólares. Trata-se do valor mais alto em pelo menos 60 anos ou desde quando este tipo de informação é registrado por lá.

Quando lucros e desemprego estão em alta simultaneamente é sinal de aumento da produtividade e do grau de exploração da classe trabalhadora, com a intensificação do ritmo de trabalho, aumento de jornada, redução de salários e benefícios, entre outros meios largamente usados pelas empresas em períodos de crise. Capitalismo é isto aí.

Da redação, Umberto Martins, com agências

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