08/09/2010
Alan García aceita tropas dos EUA no território peruano
Declarações de Alan García colocaram Lima em polvorosa. A cadeia CNN divulgou uma entrevista com o presidente peruano na qual disse que os Estados Unidos poderão instalar tropas em seu país, se assim o desejarem. Além disso, o mandatário reivindicou à Casa Branca que destinasse mais fundos para combater o narcotráfico no Peru. Diante da enxurrada de críticas, a presidência emitiu um comunicado em que pede ao canal que emita sem cortes a entrevista.Em outro fragmento, García lançou críticas contra o seu par Estados Unidos por não lhe ajudar suficientemente no combate ao narcotráfico que anualmente gera cerca de 22 milhões de dólares de perdas.
O mandatário sul-americano lembrou a Barack Obama que o tráfico de drogas diz respeito também aos países consumidores e não apenas aos produtores. “Eu disse uma vez ao presidente Obama: ‘A culpa é sua porque você tem colocado todo o dinheiro na Colômbia com o Plano Colômbia, enquanto que no Peru tem colocado zero”, disse diante das câmaras.
A Casa Branca envia 37 milhões de dólares a cada ano a Lima como cooperação contra o narcotráfico. Mas para García esses fundos não são suficientes para fazer frente aos diferentes obstáculos. “Nao se tem conseguido fechar os novos mercados europeus e asiáticos que estão demandando mais droga e toda a ajuda tem sido focalizada na Colômbia”, protestou o governante peruano. Apesar das críticas, o Peru é um dos principais aliados de Washington na região.
As declarações de García geraram uma onda de críticas. O ex-parlamentar socialista Javier Díaz Canseco denunciou que o atual presidente peruano pretende estender ao Peru o Plano Colômbia. Segundo o dirigente progressista, o objetivo de García seria o de permitir a instalação de bases militares norte-americanas na Amazônia, na parte do território mais próxima ao Brasil.
Outro que manifestou sua desaprovação foi um ex-chefe do exército durante a gestão de García. O general afastado Edwin Donayre qualificou a postura do presidente como inadequada. “Não estou de acordo, irão querer ensinar a nós em nosso território. O treinamento não é necessário porque somos capazes”, disse o militar que em outubro de 2008 foi vinculado a um escândalo de corrupção.
O analista Hugo Cabieses também censurou a ideia do chefe de Estado. “É uma declaração absurda que abdica da soberania e abdica da necessidade de uma política de Estado própria sobre o narcotráfico”, disse o especialista em desenvolvimento rural.
A presidência peruana emitiu um comunicado esclarecendo as afirmações. “O narcotráfico é um crime sem fronteiras e com graves consequências sociais e os Estados Unidos e outros países poderiam colaborar tecnicamente e militarmente com o país sempre e quando estejam sob o comando do Peru”, destacou o Executivo. O presidente, que deixará o seu cargo no próximo ano, solicitou à CNN que divulgue sem cortes a entrevista para evitar maus entendidos.
Fonte: Página/12
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