27/09/2010 - vermelho.org.br
Crescem as chances de 2º turno entre Mercadante e Alckmin em SP
Até três semanas atrás, as eleições para o governo paulista tinham um favorito absoluto – o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), líder em todas as pesquisas de intenções de voto para o Palácio dos Bandeirantes. O favoritismo persiste, mas a campanha Alckmin admite cada vez mais com a possibilidade de amargar um segundo turno, contra Aloizio Mercadante (PT), no maior colégio eleitoral do país.Por André Cintra
“Em 20 dias, Alckmin perdeu sete pontos nos válidos. Para haver 2º turno, precisa perder mais cinco”, contabiliza Jose Roberto de Toledo, no blog Vox Publica. Ao mesmo tempo, Mercadante – que começou o mês com 25% de votos válidos – está agora com 30%. Os demais candidatos somam 15% – Celso Russomanno (PP, 9%), Paulo Skaf (PSB, 4%), Fabio Feldmann (PV, 1%) e Paulo Bufalo (PSOL, 1%).
“Em 2006, Mercadante teve 31,7% dos votos válidos, mas não houve segundo turno. José Serra (PSDB) foi eleito governador com 57,9% dos válidos. A diferença em relação a esta eleição é que os outros candidatos estão mais fortes do que os adversários que petistas e tucanos enfrentaram há quatro anos”, afirma Toledo.
Os números do Vox Populi são ainda mais dramáticos para Alckmin e já preveem segundo turno. De acordo com levantamento do instituto divulgado na sexta-feira (24), o tucano caiu para 40% dos votos totais, enquanto os demais candidatos, juntos, têm 42%. Em pouco mais de um mês, Mercadante cresceu 11 pontos porcentuais.
De posse dos números, um deputado estadual do PSDB afirma que Alckmin está “pagando por sua lealdade”. Segundo ele, o êxito no primeiro turno já estaria garantido se o tucano não tivesse de “carregar nas costas” a fragilizada campanha presidencial de Serra.
“O que ocorreu em 2006 e 2008? Alckmin era candidato, e Serra – que estava em alta – apenas fingiu fazer campanha para ele. Agora, mesmo sem ter dívida moral nenhuma, o Alckmin se sujeita a perder só para salvar a pele do Serra, que não ganha nem em São Paulo”, dispara o parlamentar.
Trunfos
Além do fogo amigo no PSDB e da tradição da arrancada do PT na reta final das disputas, Mercadante tem mais três trunfos. O primeiro deles é o apoio dos candidatos que lideram no estado a corrida à Presidência, Dilma Rousseff (PT), e ao Senado – Netinho de Paula (PCdoB) e Marta Suplicy (PT).
Nas pesquisas, todos eles têm aparecido com, no mínimo, 35% de intenções de votos em São Paulo – índice razoavelmente superior aos obtidos por Mercadante. Dilma, Marta e Netinho se tornam, dessa forma, ótimos puxadores de votos para o candidato petista na reta final da eleição.
O segundo trunfo é o debate entre os candidatos a governo, a ser promovido pela TV Globo, na noite desta terça-feira (28). Com o desgaste acumulado após quatro gestões seguidas do PSDB no Palácio dos Bandeirantes, ninguém será mais cobrado nos cinco blocos de perguntas e respostas do que Alckmin – alvo predileto de Mercante, Russomano e Skaf. Acredita-se que o debate possa ter 20 pontos de audiência (cada ponto equivale a 56 mil domicílios na Grande São Paulo).
Por fim, nesta última semana de disputa, também pesará a favor de Mercadante a presença maior do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha em São Paulo. Lula já definiu a disputa ao governo paulista como sua “prioridade zero” e tem acompanhado diariamente as pesquisas internas do PT.
Nesta segunda-feira, ao lado de Mercadante e Dilma, ele será o protagonista do “Comício da Vitória”, no Sambódromo do Anhembi. Na quinta – enquanto Dilma estará a caminho do debate entre os candidatos à Presidência na TV Globo –, Lula e Mercadante farão comício em São Bernardo. O ânimo de Lula tem razão de ser: Mercadante voltou ao páreo – e dá, sim, para chegar lá.
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