Sábado, 11 de Setembro de 2010
Do Blog do Emir
10/09/2010
10/09/2010
As verdades da crise
O capitalismo, por sua própria natureza, é feito de ciclos de expansão e de retração, intercalados por crises. A crise recente está sendo um momento de prova para governos e políticas, porque ela exacerba as contradições e exige respostas duras diante dos desafios que coloca para os governos.
A crise recente do capitalismo internacional foi, para nós, diferente das outras. Foi muito mais dura – foi considerada a maior desde a de 1929 – e global, tendo começado no centro do capitalismo e se propagado quase pelo conjunto de todo o sistema. Começou como crise financeira, significativamente pelo papel hegemônico que o capital financeiro tem no modelo neoliberal, e se tornou uma recessão produtiva que afetou o conjunto da economia.
O que foi basicamente diferente foi a reação do governo brasileiro. Nas crises anteriores – nos governos FHC foram três, dada a vulnerabilidade da economia sob o seu governo -, agia-se multiplicando os fatores recessivos, ao invés de buscar atenuá-los. Basta recordara que na última, em janeiro de 1999, a taxa de juros foi elevada para 48%, intensificando a recessão e, com ela, o desemprego, a quebra de empresas, jogando o Brasil numa crise da que só sairia no governo Lula.
Nesta crise o Brasil reagiu contra a crise e não multiplicando seus efeitos perversos. A taxa de juros diminuiu, as políticas sociais foram intensificadas, os salários elevados acima da inflação, os créditos facilitados, incentivando-se a reativação da economia, com a recuperação rápida do nível de emprego. Assim, o país saiu de forma relativamente rápida da crise, com o povo, pela primeira vez, não concentrando sobre si os efeitos mais duros da crise.
Houve quem considerasse que as candidaturas de Alckmin e de Lula eram similares, pregando o voto branco ou nulo em 2006. Caso o Brasil tivesse que enfrentar a crise com o tucano na presidência, com suas teses de Estado mínimo, de privatizações, de mais mercado, de aliança prioritária com os EUA, o Brasil estaria na mesma situação penosa do México, que teve um retrocesso brutal na sua economia – por ter 90% do seu comércio exterior com os EUA -, foi ao FMI e assinou uma nova Carta de Intenções.
Felizmente Lula ganhou, as políticas diante da crise foram radicalmente diferentes e o Brasil recuperou rapidamente o crescimento econômico com distribuição de renda. Se alguém ainda achava, antes da crise, que Lula e os tucanos eram similares, teve uma prova irrefutável na crise das diferenças antagônicas entre eles.
A crise recente do capitalismo internacional foi, para nós, diferente das outras. Foi muito mais dura – foi considerada a maior desde a de 1929 – e global, tendo começado no centro do capitalismo e se propagado quase pelo conjunto de todo o sistema. Começou como crise financeira, significativamente pelo papel hegemônico que o capital financeiro tem no modelo neoliberal, e se tornou uma recessão produtiva que afetou o conjunto da economia.
O que foi basicamente diferente foi a reação do governo brasileiro. Nas crises anteriores – nos governos FHC foram três, dada a vulnerabilidade da economia sob o seu governo -, agia-se multiplicando os fatores recessivos, ao invés de buscar atenuá-los. Basta recordara que na última, em janeiro de 1999, a taxa de juros foi elevada para 48%, intensificando a recessão e, com ela, o desemprego, a quebra de empresas, jogando o Brasil numa crise da que só sairia no governo Lula.
Nesta crise o Brasil reagiu contra a crise e não multiplicando seus efeitos perversos. A taxa de juros diminuiu, as políticas sociais foram intensificadas, os salários elevados acima da inflação, os créditos facilitados, incentivando-se a reativação da economia, com a recuperação rápida do nível de emprego. Assim, o país saiu de forma relativamente rápida da crise, com o povo, pela primeira vez, não concentrando sobre si os efeitos mais duros da crise.
Houve quem considerasse que as candidaturas de Alckmin e de Lula eram similares, pregando o voto branco ou nulo em 2006. Caso o Brasil tivesse que enfrentar a crise com o tucano na presidência, com suas teses de Estado mínimo, de privatizações, de mais mercado, de aliança prioritária com os EUA, o Brasil estaria na mesma situação penosa do México, que teve um retrocesso brutal na sua economia – por ter 90% do seu comércio exterior com os EUA -, foi ao FMI e assinou uma nova Carta de Intenções.
Felizmente Lula ganhou, as políticas diante da crise foram radicalmente diferentes e o Brasil recuperou rapidamente o crescimento econômico com distribuição de renda. Se alguém ainda achava, antes da crise, que Lula e os tucanos eram similares, teve uma prova irrefutável na crise das diferenças antagônicas entre eles.
Postado por Emir Sader às 13:25
Emir Simão Sader (São Paulo, 13 de julho de 1943) é um sociólogo e cientista político brasileiro. De origem libanesa, é graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, mestre em filosofia política e doutor em ciência política por essa mesma instituição. Nessa mesma universidade, trabalhou ainda como professor, inicialmente de filosofia e posteriormente de ciência política. Trabalhou também como pesquisador do Centro de Estudos Sócio Econômicos da Universidade do Chile e foi professor de Política na Unicamp. Atualmente, é professor aposentado da Universidade de São Paulo e dirige o Laboratório de Políticas Públicas (LPP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde é professor de sociologia. É autor de "A Vingança da História", entre outros livros.
Pensador de orientação marxista, Sader colabora com publicações nacionais e estrangeiras e é membro do conselho editorial do periódico inglês New Left Review. Presidiu a Associação Latino-Americana de Sociologia (ALAS, 1997-1999) e é um dos organizadores do Fórum Social Mundial
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