terça-feira, 28 de setembro de 2010

Vem a segunda onda da crise mundial? A coisa parece que está feia na Europa.

26 de setembro de 2010 às 12:47
Do viomundo.com.br

Europa, China e Brasil: A crise inevitável e a saída da crise

Da Caros Amigos:
José Arbex Jr. (Nota do Viomundo: cujo único defeito é ter nascido em Marília, na Grande Bauru): 


Do ponto de vista objetivo, você tem no país, onde um dos principais agentes financeiros é o Banco Santander, que é um banco espanhol, e ele e a Espanha estão no limiar de uma crise, que tá sendo anunciada pela Economist faz tempo, muito tempo, temendo que a crise grega atinja a Espanha. E vai atingir. Atualmente, 40% da população jovem da Espanha está desempregada, 40% dos jovens espanhóis estão desempregados. É a quarta economia da União Europeia e tem um PIB de 1 trilhão e 400 bilhões de dólares e 40% da juventude tá desempregada no país e não tem nenhum sinal de recuperação econômica. Ao contrário, a Zona do Euro ameaça implodir. Se você pegar a situação da Alemanha e da França, que são os dois maiores credores da Grécia. Se a Grécia não pagar… (risos) os compromissos com os bancos alemães e franceses… Essa porra vai pro espaço!  Acontece que a Grécia, hoje, tem regiões inteiras onde 40% do comércio tá parado. A Grécia é um país paralisado! Por isso que tem um monte de grandes teóricos, inclusive aquele que escreve no New York Times, o Krugman, falando abertamente na possibilidade da falência da Zona do Euro. Como é que vai ficar o Brasil? A Telefônica é espanhola, o Santander é espanhol, um monte de indústrias portuguesas, o colchão de dólares que o governo Lula alardeia que ele tem… Se essa porra explode, a fuga de dólares para a Europa vai transformar esse colchão de dólares em pó num prazo de semanas. Então, o negócio é o seguinte: subjetivamente eu não estou vendo nenhum sinal, agora objetivamente estou dizendo que está se avizinhando uma crise que é inevitável. A menos que aconteça alguma coisa extraordinária que não consigo imaginar qual seja… a crise vem! E aí, quando estourar… quando começar a ter desemprego em massa, quando cessarem os créditos fáceis e começar a cobrança desses financiamentos em até 70 meses, que se faz hoje para comprar um carro, uma televisão e a classe média não tiver dinheiro pra pagar… Aí eu quero ver como vai ficar…


Do Retrato do Brasil:
Irlanda, o “tigre celta” era de papel


Vítima do crescimento especulativo, o país se prepara para o êxodo em massa da população
Os irlandeses foram os primeiros derrotados pela crise: entraram em recessão ainda em 2008, com uma queda de 7,5% no PIB. Os três maiores bancos do país tiveram que ser resgatados pelo governo. Também foram os primeiros a protestar: em fevereiro de 2009, cem mil pessoas saíram às ruas, na capital Dublin, na maior passeata do país desde os anos 1980. Mas não bastou. A pedido dos empresários — em nome do crescimento econômico –, o governo cancelou, logo depois, o pacto social que fora negociado com os sindicatos em 1987. A Confederação Irlandesa de Sindicatos ameaça novas mobilizações, mas as previsões não são boas. Segundo o Instituto Econômico e de Pesquisa Social irlandês, 120 mil trabalhadores até o fim de 2011 dem migrar por causa da recessão. Um êxodo bíblico: a população é de apenas 4,2 milhões. Como fonte de mão de obra barata para multinacionais americanas, segundo definição da revista inglesa New Statesman, a Irlanda cresceu muito até 2008 — e foi chamada de “tigre celta”. Mas o crescimento era essencialmente especulativo: quando a quebradeira começou, levou junto a ilusão.


De Luiz Carlos Azenha, no Viomundo:


Os conglomerados mundiais buscam, agora, as “novas fronteiras”, que combinam mão de obra barata e desorganizada (ou sujeita a controle estatal), espaços físicos férteis e riquezas minerais abundantes. Elas se localizam na África, na Ásia e na América Latina. Os planos de integração da América do Sul, por exemplo, privilegiam as obras que facilitam o escoamento. As estradas planejadas não visam prioritariamente a integração econômica mutuamente vantajosa, mas são portas de saída para os recursos minerais que vão abastecer este processo, cuja plataforma central, curiosamente, está localizada na China, mas se estende por toda a Ásia, do Vietnã à Malásia, da Índia à Indonésia. A integração do Brasil a esse processo passa pelas grandes obras que produzem energia na Amazônia para a mineração, estradas de ferro para o transporte de soja e minério de ferro e a transposição do rio São Francisco, cujo principal objetivo é fornecer água para o agronegócio avançar sobre áreas do Nordeste, próximas ao mercado europeu. A ênfase no “ensino técnico” e não no desenvolvimento de biotecnologia nacional sugere uma pista de como se pretende inserir o Brasil nessa nova etapa do capitalismo. Os países centrais se desfazem de suas indústrias eletrointensivas e poluentes e concentram sua economia nos produtos de alta tecnologia de alto valor agregado. O verdismo “periférico” de Marina Silva faz parte de um processo que visa criar demanda para essa tecnologia que sai dos laboratórios europeus, japoneses e estadunidenses. Sob a capa da “sustentabilidade”, ideologia disseminada em revistas de papel caro e tintas altamente poluentes, se esconde essa “transformação” baseada na subordinação intelectual. Produziremos morangos para o café da manhã dos europeus, exportando a água brasileira no produto e reciclando materiais com o uso de tecnologia europeia — tudo em nome do ecocapitalismo. Na África o mesmo processo está em andamento, com o avanço do agronegócio sobre terras comunitárias da Etiópia, por exemplo, para a produção e exportação de alimentos (e água, num país onde há carência de água doce) para os países da península arábica; com a exportação de matérias primas (petróleo, minério de ferro, etc.) para a China; com a produção de energia elétrica em países do norte da África para a exportação, por linhões, para países europeus. Ou seja, a África também vai exportar a água e a energia às quais a grande maioria de seus habitantes não tem acesso. O processo de pilhagem será maior ou menor dependendo do grau de organização dos estados nacionais.

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