Reproduzido no CartaCapital
Pastor nos EUA conclama fiéis a queimar o Corão
Felipe Corazza 8 de setembro de 2010 às 15:41h
A intolerância em relação ao Islã gera mais um episódio macabro nos Estados Unidos. Terry Jones, de 58 anos, pastor da igreja cristã Dove World Outreach Center, convoca os fiéis a queimar exemplares do Corão, livro sagrado islâmico, no dia 11 de setembro, sábado. Jones é um fanático que ganhou alguma notoriedade por escrever no letreiro de seu templo que “O Islã é do Diabo”. Antes de destilar sua fúria anti-muçulmana nos EUA, foi, durante décadas, pregador na Alemanha, onde já era visto com desconfiança por seu extremismo.
As reações ao “Burn-A-Quran Day”, convocado por Jones, foram imensas. Hillary Clinton, secretária de Estado norte-americana, disse estar “comovida pelas claras e diretas condenações deste ato desrespeitoso que partiram de líderes religiosos americanos”. O general David Petraeus, comandante das tropas no Afeganistão, também reagiu, afirmando que queimar o livro sagrado “pode colocar em risco a integridade das tropas e o esforço pela estabilidade do país”. Petraeus também disse que ações deste tipo são combustíveis para grupos como o Taliban.
Fora dos EUA também houve notas de repúdio à convocação de Terry Jones. Líderes religiosos na Indonésia, maior nação muçulmana do mundo, demonstraram preocupação e disseram que não se pode prever qual será o resultado de tal ofensa ao mundo islâmico. O procurador-geral dos EUA, Eric Holder, foi mais incisivo. Para ele, Terry Jones é “idiota e perigoso” O Vaticano publicou um artigo em seu jornal oficial – L’Osservatore Romano – condenando veementemente o ato de Jones.
Com a mesma tranquilidade com que ignora as noções de tolerância, o pastor não se incomoda em ouvir as advertências e os pedidos para que cancele o ato. Ele diz ter plena consciência de que a proposta é ofensiva e não se comove nem com os apelos do general Petraeus sobre a segurança das tropas no Afeganistão: “Nossa mensagem é um aviso aos elementos radicais do islamismo”. A julgar pela forma do protesto, é inevitável alguma simpatia pelas palavras do procurador-geral Eric Holder.
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