quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Um peso e nenhuma medida

Do blog, Nas Retinas. De Emerson Luiz, que teve referência via viomundo.com.br, do jornalista Luis Carlos Azenha


Em ano eleitoral, Jornal Nacional retira Lula do noticiário

03/08/2010

É evidente o esforço do Jornal Nacional para evitar que a candidata Dilma Roussef seja reconhecida pelo público como a candidata do presidente Lula. A medida que Lula aparece ao lado de Dilma, sua popularidade se cola a candidata. Um presidente com mais de 80% de aprovação popular pode sim impulsionar seu sucessor, apesar da mídia brasileira não querer e agora cobrar do presidente imparcialidade nas eleições. Para atacar o presidente, espalhando preconceitos, a mídia não o trata como o titular do mais alto cargo público do país. Basta lembrar o bando de cachorros loucos que o entrevistou no Roda Viva em 2005, durante a mais grave crise de seu governo.


Recebi de profissionais de mídia, especializados em clipping e acompanhamento de telejornais, tabelas comparativas que mostram como o Jornal Nacional está limando Lula do notíciário em 2010 enquanto em outros jornais, a média de aparições do presidente muda pouco. Isso não é falta de pauta relevante, pois os outros jornais continuam com cobertura frequente dos atos da Presidência.


Em junho de 2010 Lula teve 4 citações no JN Nacional contra 9 em 2009. Em julho foram 3 em 2010 contra 13 em 2009. 
Aqui você pode baixar a Planilhas de visibilidade do PR nos telejornais. 
E aqui baixe a tabela padrão de discordância do JN


Veja explicação mais detalhada dos dois arquivos:
De janeiro a julho de 2009, o presidente Lula apareceu falando no JN 57 vezes. No mesmo período deste ano, foram 44. Uma redução acima de 20%. No entanto, se descontarmos as sonoras relacionadas ao Irã, que foram 12 no período, aqueda seria de 44%, perto da metade. Na comparação apenas dos dois meses mais recentes, a diferença é impressionante:
junho de 2009, 9 sonoras do Lula no JN (mais de 2 por semana);
junho de 2010, 4 sonoras (uma por semana);
julho de 2009, 13 sonoras (mais de 3 por semana);
julho de 2010, apenas 3 sonoras (menos de uma por semana).


Na comparação com os principais telejornais das emissoras concorrrentes (Planilha 2) o JN está sempre abaixo da média, mas a divergência mais grosseira ocorre nos últimos quatro meses, tirando maio, quando o assunto Irã distrorceu a curva. Em abril, as sonoras do presidente no JN estão 60% abaixo da média (0,40), em junho, cai para 64% abaixo da média (0,36) e em julho para 77% abaixo da média (0,23). Dito de outra forma, tirando os meses com distorção do noticiário sobre Irã (março e maio), o JN vinha dando uma sonora do presidente a cada 4 ou cinco edições do telejornal. Em abril e junho, vai para uma a cada 6,5 edições. Em julho, vai para uma a cada 9 edições. No mesmo período, os demais telejornais analisados fizeram praticamente o caminho inverso, aumentando a frequência das sonoras do presidente: Repórter Brasil – de uma sonora a cada 2,5 edições em janeiro para uma a cada 2 em julho; Jornal da Record – de uma a cada 5 em janeiro para uma a cada 1,6 em julho; Band – de 3,1 para 1,7 e SBT de 4,2 para 1,8.


Na Planilha 1 tem um estudo comparado de mais de 600 matérias ou notas noticiadas pelos telejornais analisados. A cor vermelha indica uma matéria com sonora do presidente, a amarela uma matéria ou nota em que ele é mencionado como protagonista, mas não há sonora, a azul é quando a nota ou matéria só faz referência a ele e a cinza indica que o telejornal não deu nenhuma informação sobre o assunto noticiado nos demais. Em 24 ocasiões entre janeiro e julho, o JN usou um critério jornalístico que subavaliou o assunto em relação a todos os demais. Destes 24 casos, destacamos 15 exemplos berrantes, que estão na tabela de padrão de discordância e falam por si mesmos.
*Emerson Luis, 35 anos, é morador da cidade de Brasília desde novembro de 2003, profissional de comunicação oriundi de rádio, TV e migrado para a Internet há 13 anos, quando deslumbrou-se com um modem de 3200Kbps e os newsgroups da rede que engatinhava. Tem os dois pés na democracia da comunicação desde os 17 anos de idade, quando empostou sua forte voz num transmissor de FM pelos ares de São Paulo na segunda fase do movimento de rádios livres em 1989. Assessor de imprensa e comunicação, treinador de mídia, produtor de conteúdo web e pizzaiolo. Usuário de Linux há 6 anos. Como bom paulistano, continua procurando a pizza perfeita.

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