segunda-feira, 19 de abril de 2010

Conferência no Irã pede que Israel assine Tratado Nuclear

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Mundo

18 de Abril de 2010 - 18h59
Anfitrião da Conferência, Ahmadinejad pediu que a ONU crie um conselho independente para gerenciar o desarmamento nuclear no mundo

Conferência no Irã pede que Israel assine Tratado Nuclear

Terminou neste domingo (18), no Irã, a conferência internacional que exige a adesão de Israel ao Tratado de Não Proliferação Nuclear para garantir um Oriente Médio livre de armas nucleares. Ao ficar de fora do tratado, Israel não é obrigado a abrir mão de armas nucleares ou receber inspetores em suas instalações que, segundo especialistas internacionais, produziram plutônios para até 200 ogivas.

Terminou neste domingo, em Teerã, a conferência “Energia Nuclear para Todos, Armas Nucleares para Ninguém” que debateu o desarmamento nuclear e fez um pedido para que Israel, "única potência" nuclear do Oriente Médio, assine o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

Segundo o comunicado final, lido pelo ministro de Assuntos Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, "um Oriente Médio livre de armas atômicas requer que o regime sionista aceite o TNP". A assinatura de Israel do tratado obrigaria este país, que não confirmou nem desmentiu a existência de seu arsenal nuclear, a abrir suas instalações atômicas à supervisão da comunidade internacional.

Durante o fórum, que contou com a participação de ministros de Assuntos Exteriores e vice-ministros de 14 países, além de representantes e especialistas de outros 45, os Estados Unidos foram criticados, além de diferentes organizações internacionais. "A conferência expressa sua preocupação pela existência de armas de destruição em massa, assim como seu uso ou a ameaça de fazê-lo", afirmou a nota final.

Interpretada como uma resposta à conferência mundial convocada nesta semana pelo presidente americano, Barack Obama, a conferência de Teerã sugeriu ainda a criação de um "grupo independente" com plenos poderes nas Nações Unidas, que dirija e controle o desarmamento nuclear do mundo.

Críticas aos EUA

No sábado (17), durante abertura da conferência, o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad propôs que "os Estados que possuem a arma nuclear, os que a tenham utilizado e os que ameaçam utilizá-la" sejam "suspensos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em particular os Estados Unidos".

Segundo o presidente iraniano, uma revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) deve ser "efetuada pelos países independentes que não possuem armas nucleares. A presença de países que possuem a arma nuclear, em especial Estados Unidos, impede a elaboração de um tratado justo", afirmou.

"O uso das armas nucleares é a principal razão da corrida nuclear. Os países que possuem armas nucleares são os mesmos que levam outros a proliferar", acrescentou o líder, que acusou Washington de possuir "a metade das armas nucleares existentes no mundo" e de ter ajudado a Israel a obtê-las.

"Os EUA são o único país do mundo a utilizar armas nucleares e ameaça a voltar a fazer o mesmo", afirmou Ahmadinejad, em alusão aos bombardeios americanos sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, durante a Segunda Guerra Mundial.

Ahmadinejad voltou a acusar a AIEA de nunca ter redigido um relatório sobre o programa nuclear americano e de "nem tem a intenção de fazê-lo".

"As guerras, as agressões, a ocupação, as ameaças, as armas nucleares, as armas de destruição em massa e as políticas expansionistas de certos países ameaçam a segurança internacional e regional", ressaltou.

Conselho da ONU

Na busca de aliados sólidos, o líder iraniano criticou com dureza a ONU, a qual acusou de ter fracassado em sua missão de manter a paz no mundo, e pediu a reforma do Conselho de Segurança, o que também é desejado por outros estados.

Para Ahmadinejad, o direito de veto dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU é "antidemocrático, injusto e desumano". Esse direito "deveria ser anulado, ou, se alguns insistem em conservá-lo, deveria ser ampliado a alguns países de América Latina, Ásia, África e Europa para reduzir assim seus efeitos negativos".

Os EUA tentam pactuar novas sanções contra o regime iraniano para frear suas pesquisas nucleares, medida que, por enquanto, foi recebida com reticência por alguns países, como a China.

O Irã nega que queira fabricar a arma atômica e indica que seu programa nuclear é puramente civil, e se recusa a suspender o enriquecimento de urânio.

"A grande mentira do Ocidente é ter equiparado a energia nuclear, limpa e barata, com as perigosas armas atômicas, e ter aproveitado desta falácia para pressionar outros países e monopolizar o uso da energia nuclear", destacou Ahmadinejad. E concluiu: "A era da bomba nuclear passou".

Da redação,
com agências


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