segunda-feira, 19 de abril de 2010

Brasil tornou-se centro da diplomacia mundial, com a reunião em Brasília dos chamados BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China)

Do portal do Nassif

19/04/2010 - 09:33

Os BRICs se preparam

Coluna Econômica 19/04/2010

Esta semana o Brasil se tornou o centro da diplomacia mundial, com a reunião em Brasília dos chamados BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China)
Um dos pontos principais da reunião foi o questionamento do cerne do poder dos industrializados: as regras do sistema financeiro internacional, o predomínio do dólar nas transações internacionais e o controle das instituições multilaterais, como o FMI.
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Em relação ao dólar, aprofundaram-se as conversas para criar moedas para o comércio bilateral entre países. Foram assinados acordos de cooperação na área espacial, com China e África do Sul.
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É muito rico esse processo de emergência de novos países no chamado concerto das nações.
A supremacia de uma moeda confere vantagens imensas ao país. Se falta recursos, imprime-se moeda. Se o excesso de moeda provoca inflação mundial, o país emissor ganha.
Se a economia mundial permite o livre fluxo de capitais entre países, mata-se qualquer possibilidade de política monetária autônoma por parte dos países periféricos.
Qualquer problema de liquidez nos países centrais provoca uma elevação de juros que acaba atraindo para a sede grande parte da moeda circulante. Foi assim com a Inglaterra no século 19, quando predominava o padrão-ouro – pelo qual um país só podia emitir moeda se tivesse lastro em ouro. Cada puxada nos juros, pelo Banco da Inglaterra, provocava terremotos cambiais monumentais nos países periféricos.
As sucessivas crises cambiais dos anos 90 comprovaram a vulnerabilidade das economias periféricas ante os grandes movimentos cambiais.
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Essa mesma vulnerabilidade existe no comércio internacional.
Nos anos 90, Brasil e Argentina tinham um comércio bilateral bastante evoluído. Mas a falta de dólares afetou as duas pontas.
Na reunião dos BRICs, um dos temas de discussão foi a criação de moedas próprias para o comércio entre os países.
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O momento atual é interessante para consolidar uma posição histórica da diplomacia brasileira: o pragmatismo para perceber os novos ventos geopolíticos.
No final do século 19, o aparecimento dos Estados Unidos, como nova potência, foi bem aproveitada pelas exportações brasileiras – especialmente de algodão.
Nos anos 30, as dificuldades cambiais enormes da Alemanha e da Itália – derrotadas na Primeira Guerra – permitiram a criação de esquemas de trocas, dos quais o Brasil foi amplamente beneficiário – máquinas e equipamentos por alimentos. Tão beneficiário, aliás, que provocou uma reação dos Estados Unidos, permitindo ao Brasil conquistar inúmeras vantagens comerciais e de investimento.
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Agora, com a China repete-se o fenômeno. Foi assinado um acordo de cooperação com vários itens, desde relativos ao comércio até à cooperação em vários campos tecnológicos, além de investimentos em um pólo siderúrgico.
Esse pragmatismo revela-se nas relações com a Venezuela e o Irã. Hoje em dia o maior superávit comercial brasileiro é com a Venezuela. Recentemente, quando, em um de seus assomos, Hugo Chávez expulsou empresas estrangeiras de lado, abriu espaço para uma ocupação maior do espaço por multinacionais brasileiras.

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