Política
Três dias depois, Serra
volta atrás e chama alternância
no poder de "burrice"
Três dias antes, em Blumenau, Serra exaltou a importância de revitalizar o Estado com alternância de partidos no poder. Em São Paulo, nesta segunda-feira, ele afirmou não se lembrar da declaração, que qualificou como provável "acesso de burrice"
São Paulo – Durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (26), o tucano José Serra denominou de "acesso de burrice" o comentário feito sobre a importância de partidos se alternarem no poder. Três dias antes, o candidato à Presidência da República defendeu a alternância de partidos no poder, durante o lançamento de sua campanha em Blumenau (SC).Na sexta-feira (23), Serra havia defendido a troca de legendas no governo de Santa Catarina como forma de "revitalizar o Estado" e também eliminar o "loteamento público", informou o portal Terra. Na tarde desta segunda, ele foi questionado sobre discurso similar de 2008. O jornalista perguntou se o conceito seria aplicável a São Paulo, onde o PSDB governa há dezesseis anos.
O candidato disse, inicialmente, não se lembrar do discurso de 2008, mas se posicionou contra sua própria afirmação. "Foi um acesso de burrice minha se eu fiz esse discurso. Não me lembro", arrematou.
Os desencontros de opinião do candidato aconteceram após uma palestra-almoço com empresários em São Paulo. No almoço, Serra voltou a criticar a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuaria (Infraero) e os aeroportos brasileiros e a indicar que se vencer o pleito à presidência vai transferir os aeroportos para a iniciativa privada. Segundo o tucano, os aeroportos brasileiros exploram pouco o potencial de comércio que em outros países é de 40%. "Terminal é shopping center", afirmou durante o almoço e repetiu durante a coletiva.
Logo no início da entrevista coletiva, a reportagem da Rede Brasil Atual, questionou qual seria a política de valorização do salário mínimo do presidenciável, que evitou dar detalhes, mas observou que será de melhorar "quando possível".
O tucano, acompanhado de seu vice, Indio da Costa, preferiu não falar sobre o resultado das pesquisas Datafolha e Vox Populi. "Eu até tenho minhas crenças pessoais, mas não comento pesquisa", esquivou-se.
Venezuela e MST
Para o presidenciável, "até as árvores da floresta sabem" que há relações entre Hugo Chávez e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Entretanto, acredita que o Brasil tem um papel pacificador no processo e alfinetou o presidente venezuelano. "Todo mundo sabe que o Chávez é partidário do espetáculo".Serra voltou a afirmar que o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) vai aumentar as invasões num possível governo da concorrente Dilma Rousseff (PT). Ele apontou que o MST já declarou apoio à candidata petista e isso vai se reverter em invasões.
Em 9 de julho, em entrevista a agência Reuters, o economista João Pedro Stédile, um dos coordenadores nacionais do MST, afirmou que as lideranças do movimento estão divididas entre Dilma e Marina Silva (PV), mas que nenhuma apoia Serra. "Se o Serra ganhar, será a hegemonia total do agronegócio. Será o pior dos mundos. Haverá mais repressão e, por isso, tensão maior no campo. A vitória dele é a derrota dos movimentos sociais", disse Stédile.
Filantropia e Copa
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Questionado por uma jornalista do periódico Última Hora, do Paraguai, sobre classificar a relação com países vizinhos de "filantropia", o presidenciável citou que tem muitos amigos no Paraguai. Entretanto, considera que "os termos de negociação em relação à hidrelétrica de Itaipu não são corretas". Ele reiterou que avalia a renegociação do acordo de fornecimento de energia elétrica da usina binacional excessivamente favorável aos vizinhos.>> Especial Eleições 2010
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Questionado sobre a abertura da copa do mundo em São Paulo, Serra explicou que está afastado do tema e preferiu brincar com a convocação do novo técnico da seleção. Mas o comentário respingou nos corintianos. "Mano foi uma boa escolha. Mano tirou suco de pedra no Corinthians", brincou.
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