23/07/2010
Rejeição a Yeda dificulta planos
da direita no Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul pode ser palco de uma das grandes vitórias do campo progressista na disputa pelos governos estaduais. Desde 2002, a esquerda está fora do executivo estadual. Até o momento, as pesquisas indicam vantagem para o ex-ministro Tarso Genro, candidato do PT ao Palácio Piratini, sewde do governo gaúcho. O petista aparece 9 pontos à frente de seu adversário, o ex-prefeito da capital José Fogaça (PMDB), e 24 pontos à frente da candidata tucana e atual governadora Yeda Crusius (PSDB).Embora as pesquisas mostrem que o presidenciável José Serra (PSDB) tem, até o momento, a preferência do eleitorado gaúcho, a conturbada gestão da tucana Yeda Crusius fragiliza o palanque presidencial da oposição de direita no estado, que também não conseguiu a adesão do peemedebista Fogaça.
O Rio Grande do Sul tem importância estratégica para a campanha presidencial, sobretudo para a candidata Dilma Rousseff. Foi no Rio Grande do Sul que Dilma reconstruiu sua vida após as perseguições que sofreu durante a ditadura. Projetou-se politicamente no estado, tendo ocupado a secretaria municipal da Fazenda de Porto Alegre no governo Alceu Collares (PDT) e mais tarde foi secretária estadual de Minas e Energia, tanto no governo de Alceu Collares como no de Olívio Dutra (PT). Esta trajetória pesou na escolha de Porto Alegre como palco da primeira atividade oficial da campanha de Dilma e pode também, ao longo da campanha, ajudar a diminuir a diferença entre ela e o adversário tucano no Estado. Segundo a última pesquisa Ibope, enomendada pelo Grupo RBS, Serra aparece na frente com 46% das intenções de voto dos gaúchos. Dilma Rousseff tem 37% e Marina Silva 6%. Já na pesquisa espontânea, Serra e Dilma estão tecnicamente empatados com 27% para o tucano e 24% para a candidata petista.
Mesmo com o PMDB nacional compondo a chapa dilmista para presidente, os pemedebistas gaúchos resolveram adotar uma pseudo-neutralidade. Camuflado por uma “imparcialidade ativa”, o que popularmente é conhecida como ficar em cima do muro, Fogaça vem adotando um discurso em que diz saber trabalhar com qualquer presidente da República, independente de seu partido. Isso justificaria a presença tanto de Serra como Dilma em seu palanque. Na realidade, ele está numa encruzilhada entre a aliança do PMDB nacional com Dilma e a preferência da maioria do PMDB gaúcho a Serra.
A candidata do PV ao Planalto, Marina Silva, tem no Rio Grande do Sul um palanque frágil, encabeçado pelo candidato a governador Motserrat Martins.
Disputa acirrada pelo governo estadual
A disputa pelo governo do RS está dividida em três nomes de peso: o ex-ministro da Justiça e da Educação e ex-prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro (PT, PCdoB, PSB, PR); o também ex-prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB, PDT, PTN, PSDC) e a atual governadora Yeda Crusius (PSDB, PRB, PP, PSL, PSC, PPS, PHS e PTdoB). Os demais candidatos devem participar da disputa como meros figurantes. São eles: Pedro Ruas (Psol), Humberto Carvalho (PCB), Aroldo Medina (PRP), Professor Guterres (PRTB), Júlio Flores (PSTU), Motserrat Martins (PV) e Carlos Shneider (PMN).
Ressaltar a ligação com o governo Lula é a aposta de Tarso, que conseguiu romper o isolamento do PT gaúcho e reeditar a aliança com o PCdoB e o PSB. O PSB ensaiou lançar a candidatura do deputado Beto Albuquerque ao governo estadual, mas desistiu por avaliar que não conseguiria aglutinar apoios suficientes de outros partidos para manter a candidatura competitiva. Assim, o PSB decidiu integrar a coligação de Tarso Genro.
O ex-prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), pretende repetir na disputa estadual a mesma estratégia utilizada nas últimas eleições municipais. Adotando um discurso pacifico, ele evitará o embate direto com os adversários e o envolvimento no debate acirrado que desenrolará entre Yeda e Tarso. O jeito de governar de Fogaça não se diferencia do que está em vigor no RS. Defensor do "Estado mínimo", não se preocupa com a prestação dos serviços públicos, educação, segurança e saúde pública. Assim como Yeda, prioriza o “déficit zero”, mesmo que decorrentes de baixo ou nulo investimento, da precarização dos serviços e do arrocho salarial. Fogaça ainda terá de conviver com a saia justa de ver o nome de seu vice, o pedetista Pompeu de Matos (PDT), na lista dos candidatos cuja candidatura pode ser impugnada pelo Ministério Público.
Mesmo enfrentando a oposição de José Serra, que fez de tudo para deter suas pretensões, a impopular governadora Yeda Crusius resolveu concorrer à reeleição. A tucana busca um novo mandato após um governo conturbado, que enfrenta altos índices de rejeição, acusações de prática de caixa dois e desvio de verbas relativas à campanha de 2006, truculência com os movimentos sociais e denúncias de corrupção no Detran gaúcho com envolvimento de membros do governo do estado.
Senado
A disputa pelas duas vagas ao Senado também é acirrada no Estado. Os principais candidatos são o senador Paulo Paim (PT), que tenta a reeleição, o ex-governador Germano Rigotto (PMDB) e a jornalista Ana Amélia Lemos (PP). O senador Sérgio Zambiasi (PTB), cujo mandato termina neste ano, desistiu de tentar a reeleição. Ele pretende atuar como apresentador de programa de televisão a partir do ano que vem. O outro senador gaúcho, Pedro Simon (PMDB), tem mandato até 2015.
Assim, o petista Paulo Paim é o único a disputar um segundo mandato no Senado. Sua companheira de chapa é a caxiense Abgail Pereira (PCdoB), que vem ganhando destaque no cenário eleitoral por sua larga trajetória no movimento social. A candidata tem sua trajetória ligada ao movimento sindical e também foi candidata a vice-prefeita na chapa encabeçada pelo deputado federal Pepe Vargas nas eleições municipais de Caxias do Sul em 2008. A dobradinha com Paulo Paim pode garantir uma boa votação para a candidata comunista ao Senado.
Apostar num único nome para senador foi a estratégia adotada por duas das maiores coligações. Liderada por PSDB, PPS e PP, a Confirma Rio Grande indicou a jornalista Ana Amélia Lemos, que estréia na política com respaldo dos ruralistas gaúchos e tem a seu favor os anos de exposição nos veículos da RBS, maior grupo de comunicação do estado. Rigotto é a aposta do PMDB, numa espécie de prêmio de consolação, após o ex-governador ter visto sepultada sua ambição de voltar ao Piratini.
A última pesquisa Ibope/RBS mostra Paim e Rigotto empatados com 46% e Ana Amélia em terceiro, com 40%. Distantes dos três primeiros colocados estão ainda Vera Guasso (PSTU), com 5%, José Schneider (PMN), com 3% e Abgail Pereira (PCdoB), Bernadete Menezes (PSol), Luiz Carlos Lucas (PSol), Marcos Monteiro (PV), Paulo Sanches (PCB) e Roberto Gross (PTC), cada um com 2%.
Proporcionais
Dos atuais 31 deputados federais gaúchos, 26 disputam a reeleição. O PCdoB lançou nominata com 13 nomes numa coligação que inclui ainda o PR e o PSB. Entre os destaques da chapa está a campeã de votos de 2006 e candidata à prefeita de Porto Alegre em 2008, Manuela d'Ávila, que tenta a reeleição para a Câmara; e o vereador mais votado de Caxias do Sul em 2008 e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do município, Assis Melo. Para a Assembléia gaúcha, o PCdoB busca ampliar sua participação e lançou 32 nomes em chapa composta também com o PSB e o PR. O atual líder da bancada comunista na Assembléia, Raul Carrion, tenta a reeleição. ao lado da ex-superintendente do Grupo Hospitalar Conceição e deputada estadual por 16 anos, Jussara Cony, e da vice-prefeita de Santa Rosa, Sandra Padilha, entre outros nomes.
Para o presidente do PCdoB/RS Adalberto Frasson "o Partido vive um momento de crescimento e expansão, nós vamos enfrentar o desafio de reeleger nossos parlamentares e ao mesmo tempo aumentar a nossa participação no Congresso e na Assembleia Legislativa, e temos a confiança de que iremos ter sucesso nesta batalha".
Em 2006, os candidatos do PCdoB a deputado federal obtiveram 277 mil votos e na chapa estadual mais de 90 mil votos.
De Porto Alegre,
Barbara Paiva e Gustavo Alves
Colaborou: Cláudio Gonzalez
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