A miséria não é delicada.
Segundo o vocabulário, miséria vem do latim e significa: infortúnio, infelicidade.
Num julgamento mais objetivo é um estado lastimoso, deplorável, inópia extrema, indigência, penúria... é infame, torpe indigna.... Dentre outros adjetivos nela incontida em seu conceito selvagem e indelicado.
Contudo, apesar de sua pesadíssima carga contida, vivemos alheios a este fato tão bruto em nosso cotidiano.
A indignação necessária à miséria não é mais indigna, uma vez que o mundo não miserável não tem tempo para isso.
Pessoas dormindo nas ruas, crianças nos semáforos, barracos inabitáveis, não fazem parte de nossa reflexão.
Entretanto os efeitos da miséria são arremessados todos os dias em nossas caras, através dos jornais, e das barbáries diárias refletidas especialmente na violência.
Contudo a miséria é estúpida na sua existência.
Ela mata.
Ela violenta.
Ela desagrega.
Ela destrói.
Ela envergonha.
Ela desafia os valores civilizatórios.
Não obstante, a miséria não é um produto brasileiro, ela é um produto universal, muito associada aos países abaixo da linha do Equador.
Porém, ela é muito visível nos grandes centros urbanos brasileiros.
Por isso, é salutar que uma das metas do novo governo seja a erradicação da miséria em nosso país.
Não podemos mais fechar os olhos, sermos míopes e apáticos à miséria brasileira.
Obviamente que esta tarefa imensurável não se dará em apenas 4 anos.
Como também não se compactua o combate a miséria com a corrupção também diária de nossa classe política, responsável direta pelas diversas misérias brasileiras.
O combate a miséria é uma ação acima de tudo de cidadania, de delicadeza.
O primeiro passo para combater a miséria é deixarmos de sermos miseráveis, ou seja, deixarmos de sermos pessoas indiferentes, desprezíveis e vis.
Miséria é imoral.
Pobreza é imoral.
Talvez seja o maior crime moral que uma sociedade possa cometer.
Ate por que a miséria é fruto da ação humana tão indelicada com sua própria espécie.
Henrique Matthiesen
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