(Foto: Ale Cabral/Futura Press) via São Gonçalo Notícia
A grande repercussão conferida após o artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mais do que dar uma luz à decadente oposição brasileira, cavou mais ainda o fosso oposicionista.
FHC em seu artigo faz uma ponderação sobre os rumos da oposição, e analisa o que tem representado sob sua ótica os governos de Lula e de Dilma.
Não há novidade sobre as visões de FHC. A única coisa nova é sua franqueza em alguns aspectos, e a repercussão tartufica de seus pares.
A “descoberta” do elitismo de FHC por seus pares chega ao extremo cinismo.
FHC nunca foi um político de massa, de povo, das camadas mais marginalizadas da sociedade brasileira.
Sua escola política está baseada em primeiro lugar pela formação elitista acadêmica da USP e da elite paulistana, em especial ao convertimento de setores da centro-esquerda brasileira ao neoliberalismo.
Mais do que princípios dogmáticos, FHC se fez pelo puro pragmatismo e subserviência aos interesses da velha política paulista.
Esta política paulista, se entende a política definida pelos donos do capital, que seguem a visão do Estado Mínimo e da regulamentação da economia pelo mercado, ou seja, quanto menos função tiver o Estado melhor.
Nesta visão de sociedade não há a tão chamada distribuição de renda. Na verdade, essa concepção conserva de forma perversa as distorções sociais que se impõem ao Brasil há 500 anos.
Vale lembrar que esta prática política levou o mundo a sua pior crise financeira dos últimos 70 anos, e o pior a conta paga pela irresponsabilidade do dito mercado foi pago com o dinheiro público.
Todavia, em seu artigo, FHC em meio às lamúrias de quem perdeu o poder, identifica o óbvio, ou seja, que seu partido não tem penetração nas classes populares brasileiras, e que é necessária a busca às classes mais elitizadas.
Essa nova classe, FHC denomina de nova classe media; aquela que ascendeu da pobreza e hoje participa da sociedade de consumo. O problema é que a nova classe media brasileira é fruto da política de desenvolvimento e de distribuição de renda impostos pelos governos Lula e Dilma.
Embora a análise de FHC seja correta ao identificar a falta de penetração ao povão, FHC erra ao apontar a nova classe media como alvo a ser perseguido pela oposição.
Óbvio que as forças progressistas também não conseguiram um bom diálogo com essa nova classe media que tem alguns vícios da velha classe media brasileira.
Mas, o desenvolvimento de nossa economia, aliado a algumas reformas como, por exemplo, a tributária é tarefa proposta ao governo de Dilma para o estabelecimento deste diálogo.
Já, a FHC e a oposição cabem uma nova reformulação doutrinária. É necessário se despir de algumas visões preconceituosas e reconhecer os equívocos cometidos em seus governos.
Mais do que isso, é preciso descer do pedestal e sair um pouco do sofisticado mundo de Higienópolis ou dos poderosos escritórios da Avenida Paulista e ir ao encontro do povão e de suas reais necessidades.
Tarefa complexa para os legítimos representantes da velha elite brasileira.
Henrique Matthiesen
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