sábado, 9 de junho de 2012

Reescrevendo nossa história


Recentemente a presidente Dilma Rousseff nomeou e empossou os sete membros que compõe a Comissão da Verdade.

Esta Comissão é objeto do projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional que terá a árdua missão de esclarecer os casos de violação dos direitos humanos praticados no Brasil no período de 1946 a 1988.

Os fatos objetos de análise desta Comissão são os fatos que não foram reconhecidos pela história oficial e é um momento histórico, um marco para a nação brasileira, que tem sua verdade histórica negada pelos usurpadores de nosso povo.

O Brasil de hoje não pode mais apagar de suas páginas ou simplesmente renegar sua historia, ou meramente ocultar os erros de períodos tão duros da nação brasileira.

Até porque uma nação nada mais é do que o acúmulo de sua história, uma nação nada mais é do que a construção de um legado de milhares de brasileiros que ajudaram a fazer este país.

Nação é acima de tudo ter a historia de seu povo sentido em seu coração na construção de uma pátria livre, soberana e democrática.

Nossa historia não pode ser contada apenas como um país de oito milhões 513 mil km e nós não somos apenas 190 milhões de brasileiros, como também não somos apenas um povo privilegiado por ter em algumas regiões de 3 a 4 colheitas por ano.

Não somos só ricos em minério, ricos na produção de carne animal, ricos na produção de alimentos e petróleo.

Somos sim uma nação que busca diminuir nossas desigualdades, busca romper os ciclos de miséria que ainda temos entre nós e que busca nossa afirmação enquanto povo.

E não é possível alcançarmos este patamar sem conhecermos nossa verdadeira história. Uma vez que, a violação dos direitos humanos no período ditatorial de nosso país, tem como pano de fundo a dominação de nossa velha elite e a perpetuação de nossa miséria.

Faz-se necessário que as gerações futuras do Brasil saibam que aqui brasileiros foram torturados, sequestrados, assassinados e violentados pela democracia.

Faz-se necessário saber que nossas elites um dia não tiveram escrúpulos em rasgar nossa constituição e se aliaram com setores retrógrados de nossas forças armadas e deram um golpe de Estado no Brasil.

Faz-se necessário conhecer que em nome do Estado, direitos fundamentais foram suprimidos, que violações vitais de qualquer sociedade civilizada aqui foram negadas.

Cabe aos Membros desta Comissão da Verdade reescrever nossa verdadeira historia sem meias verdades, sem hipocrisia, mas também sem ódio e sem revanchismo.

O Brasil precisa saber a verdade para poder caminhar para frente e não mais cometer os equívocos históricos que um dia aqui se cometeu.

Cabe aos senhores:

- Gilson Dipp - Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) desde 1998 e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde 2011 e presidente da comissão designada pelo Senado para elaborar um novo Código Penal. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e corregedor-nacional de Justiça de 2008 a 2010.

- Senhor João Paulo Cavalcanti Filho - Graduado em Direito, atua como advogado, escritor e consultor. Foi presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), autarquia vinculada ao Ministério da Justiça Brasileiro. Também atuou como ministro interino da Justiça no governo José Sarney e secretário-geral do Ministério da Justiça.

- Senhora Rosa Maria Cardoso da Cunha - Doutora em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj), advogada criminalista, professora e escritora. Amiga de Dilma foi advogada da presidente durante a ditadura militar. Também foi membro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (de 1999 a 2002) e subsecretária de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (de 1991 a 1994)

- Senhor Paulo Sérgio Pinheiro - Professor, escritor e consultor, é relator da Infância da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Doutor em Ciência Política pela Université de Paris I foi secretário especial de Direitos Humanos e relator do Programa Nacional de Direitos Humanos. Atuou como relator da ONU para a Situação dos Direitos Humanos em Burundi (1995-1998) e em Myanmar (2000-2008), e foi um dos representantes da sociedade civil na preparação do projeto da Comissão da Verdade.

- Senhor Cláudio Fonteles - Foi procurador-geral da República de 2003 a 2005, no governo Lula. Na década de 60, atuou em movimento político estudantil e foi membro grupo Ação Popular (AP), que comandou a União Nacional dos Estudantes (UNE). Mestre em Direito pela Universidade de Brasília, também coordenou, em 1991, a Câmara Criminal e a antiga Secretaria de Defesa dos Direitos Individuais e Interesses Difusos (Secodid). Atualmente, é membro do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa.

-Senhora Maria Rita Kehl - Doutora em psicanálise pela PUC-SP, atua como psicanalista, ensaísta, crítica literária, poetisa e cronista. Foi editora do Jornal Movimento, um dos mais importantes nomes do jornalismo alternativo durante o regime militar no Brasil.

- Senhor José Carlos Dias - Advogado criminalista foi ministro da Justiça entre 1999 e 2000, no governo Fernando Henrique Cardoso. Graduado pela Faculdade de Direito em São Paulo, também foi secretário da Justiça do Estado de São Paulo (de 1983 a 1986) e presidiu a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, da qual é, atualmente, conselheiro. É autor de dois livros de poesia: Miragens do meu deserto (Editora Talarico, 1953) e Vozes perdidas (Editora Saraiva).

É com esses ilustres brasileiros que está o fardo de reescrever nossa historia.

Henrique Matthiesen

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