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A democracia é algo formidável, principalmente na nossa nova era de sucessão da faixa presidencial. Algo que deveria ser ordinário no conceito republicano, mas que é ainda novidade no Brasil. Ao subir a rampa do
Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff escreve mais uma belíssima página na historia do Brasil.
Primeiro porque é a primeira mulher a assumir o cargo mais alto da República consagrada pelas urnas na escolha soberana do povo.
Esse fato por si só já é admirável, uma vez que a política brasileira sempre foi um reduto machista, bruto e nada cortês.
Dilma ao subir a rampa carregava em si milhões e milhões de mulheres, que enfim se viram no poder e puderam dizer: “Sim, nós podemos”; afinal numa democracia verdadeira e madura pode-se muita coisa.
Segundo é devido à sua biografia, sim sua luta contra a ditadura pela redemocratização do país.
Finalmente, a geração que abdicou de sua juventude para lutar contra os regimes dos generais chega ao poder.
A simbologia de Dilma chegando à Presidência é um marco histórico, porquanto, diferentemente de FHC e Lula, Dilma vem do período mais cruel e brutal da luta contra a ditadura.
FHC foi para o exílio e Lula surgiu como liderança no último ciclo ditatorial, nada que desabone nem FHC nem Lula, ambos contribuíram com o Brasil, mas Dilma vem da noite mais escura, vem dos porões da barbárie e da incivilidade, vem da luta armada, vem da inocência de uma geração que ousou mudar o mundo.
Integrante da Vanguarda Armada Revolucionaria (VAR) Dilma foi presa em 16 de janeiro de 1970, aos 22 anos de idade.
Submetida durante 22 dias as mais bárbaras torturas, Dilma caira no porão da intolerância e permaneceu 2 anos na prisão.
Passado 40 anos desse período, a ex-guerrilheira toma posse como presidente do Brasil, sinal inquestionável de amadurecimento de nosso país.
Entretanto, Dilma não se esqueceu de sua origem e de suas lutas e em pleno discurso de posse num Congresso Nacional lotado, a presidente diz:
“Queria dizer a vocês que eu dediquei toda a minha vida à causa do Brasil. Entreguei, como muitos aqui presentes, minha juventude ao sonho de um país justo e democrático. Suportei as adversidades mais extremas infligidas a todos que ousamos enfrentar o arbítrio. Não tenho qualquer arrependimento, tampouco não tenho ressentimento ou rancor.
Muitos da minha geração, que tombaram pelo caminho, não podem compartilhar a alegria deste momento. Divido com eles esta conquista, e rendo-lhes minha homenagem.”
Enfim, a geração que pagou caro por pegar em armas para enfrentar a ditadura militar brasileira chegou ao poder.
Enfim a luta pela democracia sobe a rampa.
Henrique Matthiesen
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