quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Um perfil do pensamento econômico de Dilma e quais poderão ser suas opções para o novo governo

A economia com Dilma

Coluna Econômica


Algumas pistas para entender como será a futura área econômica do governo Dilma Rousseff.
O primeiro passo é não acreditar em notícias que dão como certo fulano ou beltrano. O período imediatamente após as eleições não é propício a escolhas. É período de entressafra, com todo mundo descansando e os jornalistas precisando produzir notícias.
Nesses momentos, ficam nas mãos de dois tipos de manobra: os que "anunciam" candidatos, com o intuito de queimá-los; e os que levantam balões de ensaio com a intenção de lançar candidatos. Portanto, tudo o que sai pode ser verossímil, mas não é necessariamente verdadeiro.
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O segundo ponto é separar o pensamento da futura presidenta das contingências de ordem política.
No pensamento, Dilma é desenvolvimentista. Assim que assumiu a Casa Civil, ajudou a desmontar os estratagemas do Tesouro e da Fazenda para coibir os gastos públicos. Havia uma parafernália de truques que acaba por comprometer totalmente a qualidade do gasto.
Coube a Dilma definir as regras orçamentárias do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), selecionando projetos que ficariam a salvo do contingenciamento orçamentário – que praticamente paralisou os investimentos públicos por 12 anos.
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Pessoalmente, Dilma não tem simpatias pelo mercadismo nem por Henrique Meirelles. Nem por Antonio Palocci, como Ministro da Fazenda (o que não significa que não conte com ele para outras áreas). Sua afinidade é com Guido Mantega, Luciano Coutinho e Nelson Barbosa. Esses três desempenharão papel-chave na definição da política econômica.
Na área econômica há quatro cargos de ouro: Ministro da Fazenda, do Desenvolvimento, presidente do Banco Central e do BNDES.
Provavelmente nenhum deles será deslocado para o Banco Central. Apesar de desenvolvimentista, Dilma seguirá a receita de Lula, de fugir de qualquer medida de impacto, qualquer fator que possa criar turbulência nos mercados.
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Por isso mesmo, não se esperem soluções heróicas, de baixar os juros a tapa. Nas próximas semanas é possível que sejam tomadas medidas mais duras, mas por conta da guerra cambial global. Em condições normais de vôo, a política econômica, com Dilma, daria ênfase ao compromisso fiscal e iria gradativamente apertando o certo sobre os juros altos. Mais rapidamente do que o BC nos últimos 16 anos, mas sem gestos drásticos.
Para tanto, o melhor nome do BC seria um funcionário de carreira com cabeça mais arejada e menos prisioneiro dos dogmas de mercado. Eventualmente, até o próprio Palocci poderia ocupar essa área, já que há certo consenso no grupo mais próximo a Dilma de que ele não é dogmático.
Depois, se deixaria rolar o jogo até o momento em que o mercado levasse no peito o atual câmbio. Só aí, então, se manifestaria a parte diferenciada da estratégia, que consistiria em não permitir uma nova apreciação do real.
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Obviamente são deduções que não levam em conta os fatores imprevistos que, parece, voltarão em breve ao cenário internacional.

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