quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Gel PIP(caretagem). O escândalo que expõe mulheres e a negligência da fiscalização... no mundo todo!


Internacional| 12/01/2012


O caso do falso silicone
O escândalo do falso silicone distribuído por uma empresa francesa é tamanho que a partir dele a União Européia decidiu rever suas diretivas médicas de controle e fiscalização. O principal causador de tudo chama-se Jean Claude Mas, tem 72 anos, e é o fundador da PIP. Passou a usar o Gel porque ele era muito mais barato, custando 5 euros o litro contra 35 do original. Era o candidato a picareta do século, pois fundou a sua empresa sem ter qualquer qualificação no setor. O artigo é de Flávio Aguiar.

Flávio Aguiar - Direto de Berlim


Leio que a Anvisa nacional autorizou o SUS a pagar por cirurgias de substituição de implantes mamários feitos com falso silicone distribuído por uma empresa da França, a Poly Implant Prothèse, referentes a um caso conhecido hoje internacionalmente pela sua sigla: “o caso PIP”.

Foram implantes feitos desde há muito tempo com um gel de segunda mão fabricado por essa empresa, uma mistura não autorizada pelos serviço sanitário francês. O escândalo é tamanho que a partir dele a União Européia decidiu rever suas diretivas médicas de controle e fiscalização.

A Anvisa proibiu a importação deste Gel PIP a partir de 2010, quando se constatou que o material inadequado rompia as bolsas de implantes e vazava. Há suspeitas de que o material seja cancerígeno, embora isso ainda não tenha comprovação definitiva. O que se constatou é que depois do vazamento algumas mulheres, em diferentes países, manifestaram a doença.

E haja mulheres envolvidas nesse caso de picaretagem empresarial! Só no Brasil foram 20 mil, que fizeram os implantes com material diretamente importado da PIP ou através de outras empresas que terceirizaram o serviço para a PIP. Na França são 30 mil, e no Reino Unido 40 mil. Houve casos em outros países como nos Estados Unidos e na Costa Rica. O primeiro serviço sanitário a lançar o alerta foi o dos EUA e a partir dele os demais países – inclusive a França, sede da matriz – começaram a apertar a fiscalização.

O que se discute agora é como atender as mulheres vítimas desses implantes, uma vez que o material fora sancionado pelos diversos serviços de saúde pública. A decisão brasileira é a mesma da França: simplesmente autorizar o serviço público a pagar pela substituição, mesmo que o implante tenha sido feito apenas por razões estéticas.

Já no Reino Unido o caso é mais complicado. O Secretário Nacional de Saúde mostra-se disposto a autorizar apenas a retirada do material inadequado pelo sistema público, mas não a substituição. E diz que vai processar as empresas que usaram o material.

O principal desses grupos, no Reino Unido, é o Harley Medical Group. O chairman do grupo, Mel Braham, deu uma declaração pondo-se também no papel de vítima, dizendo que, no fim de contas, sua empresa usou o material porque tinha o aval da autoridade sanitária.

O principal causador de tudo chama-se Jean Claude Mas, tem 72 anos, e é o fundador da PIP. Passou a usar o Gel porque ele era muito mais barato, custando 5 euros o litro contra 35 do original. Era o candidato a picareta do século, pois fundou a sua empresa sem ter qualquer qualificação no setor.

Agora é também candidato a cara de pau. Veio à luz uma declaração sua à polícia francesa, feita em outubro do ano passado, em que confessava lhanamente que deu instruções a seus empregados para que iludissem a fiscalização, porque o material não tinha autorização, na verdade. Disse mais: que não está arrependido, que não deve explicação nenhuma às mulheres que logrou, que o seu material era melhor do que o oficial, e que se há dentre elas quem queira processa-lo, é apenas para arrancar-lhe dinheiro. Em suma, um exemplo para o capitalismo pós-moderno.

A primeira vontade que se tem diante de um caso desses é dizer que “o barato sai caro”. Mas isso não é tudo. O barato sai caro sim, mas só se faltar fiscalização com o rigor adequado. É impossível que o escroque tenha agido impunemente durante tanto tempo (uns dez anos) sem, no mínimo, negligência por parte da fiscalização.

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