segunda-feira, 30 de maio de 2011

Lula foi escalado para atrair a marcação. Imprensa levou "olé".

CASO PALOCCI
A imprensa foi driblada
Por Luciano Martins Costa em 28/05/2011 na edição 643

Comentário para o programa radiofônico do OI, 27/5/2011

Os jornais de sexta-feira (27/5) dão grande repercussão às recentes manifestações da presidente Dilma Rousseff, que saiu em defesa do seu ministro da Casa Civil e veio a público anunciar que não aprova o material didático contra a homofobia que deveria ser distribuído em escolas públicas.

Como se todas as reportagens tivessem sido preparadas pelo mesmo editor, em todas elas está dito, explicita ou implicitamente, que a decisão da presidente de vir a público criticar a "politização" das denúncias contra Antonio Palocci foi resultado de uma orientação de seu antecessor, o ex-presidente Lula da Silva.

Da mesma forma, afirmam os jornais que a declaração da presidente a respeito do "kit" anti-homofobia foi uma imposição da chamada bancada religiosa.

O contrário
A imprensa tem todo direito – e é parte de suas atribuições – de buscar interpretações para os fatos. Esse é um dos elementos do processo pelo qual um fato vira notícia. No entanto, sem a apresentação de fontes qualificadas, a afirmação de que a principal autoridade do país só se move por estímulo externo é não apenas desrespeitosa com relação à figura da presidente, mas também revelação de desconhecimento sobre como funciona o sistema de decisões do Planalto.

Jornalistas que já frequentaram os centros do poder no país sabem que em torno de todas as decisões importantes sempre há um grupo de especialistas e que nenhum mandatário, nem mesmo o ex-presidente Fernando Collor, que tinha uma característica mais personalista, dispensava o auxílio de seus conselheiros.

Em momentos como o que tem vivido o governo nos últimos dias, o gabinete de crise reúne-se quase automaticamente, e dele fazem parte especialistas de diversas áreas. De modo geral, acontece quase naturalmente uma troca intensa de mensagens com opiniões, avaliações, dados estatísticos e até, eventualmente, pesquisas rápidas para previsão de resultados de cada alternativa apresentada. Acontece o mesmo nas grandes empresas, em eventos como acidentes graves e outros incidentes que possam prejudicar suas marcas.

A visita do ex-presidente Lula da Silva a Brasília, com sua proverbial capacidade para aglutinar e produzir factóides, pode ter sido exatamente o contrário do que supôs a imprensa. Enquanto Lula distraia a atenção dos jornalistas, o gabinete de crise penteava a declaração "de improviso" da presidente da República.

A imprensa tomou um drible no melhor estilo Neymar.

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