terça-feira, 31 de maio de 2011

Informações sobre saúde de Dilma teriam saido de dentro de casa. Será?

Observatório da Imprensa - LEITURAS DE ÉPOCA
A saúde da presidente
Por Luciano Martins Costa em 30/05/2011 na edição 643

Comentário para o programa radiofônico do OI, 30/5/2011

A manchete da revista Época desta semana poderia induzir a um interessante debate sobre limites do direito à informação. Sim, há limites para essa liberdade mesmo nas mais avançadas democracias do mundo. Uma dessas restrições diz respeito a informações sobre a saúde de alguém.

No caso da Época, trata-se de ampla reportagem vasculhando os exames médicos, boletins, medicamentos e cuidados dispensados à presidente da República, Dilma Rousseff.

Há quem diga que a vida pública tem tantas benesses que a eventual perda de privacidade seria um custo irrelevante. No entanto, no caso da atual presidente, a análise precisa levar em conta um contexto muito específico.

Em primeiro lugar, a capa de Época traz o relato sobre uma suposta vulnerabilidade na saúde de Dilma Rousseff no momento em que praticamente toda a imprensa tenta convencer a opinião pública de que ela também é politicamente frágil. Essa visão foi construída pelos jornais da semana passada ao relatar a votação do projeto de mudanças no Código Florestal em meio a discussões sobre o enriquecimento do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.

Informações facilitadas
Para dez entre dez comentaristas da imprensa, a entrada em cena do ex-presidente Lula da Silva, que reuniu lideranças de seu partido para animar um movimento de reação aos ataques contra Palocci, representava um sinal de fraqueza da presidente diante da primeira crise de seu governo.

No entanto, há bastante controvérsia sobre o papel exercido por Lula nesses dias – inclusive a possibilidade de seu protagnismo ter sido encomendado justamente para distrair a atenção da imprensa – suficiente para fundamentar interpretações opostas. Por exemplo, a de que Dilma, com isso, ganhou tempo para rearrumar a casa.

Se a reportagem de Época levasse o leitor a concluir que a presidente da República tem uma saúde tão frágil que poderia comprometer seu desempenho no cargo, estaria desenhado um quadro ao gosto dos adeptos de teorias conspiratórias.

Como o resultado da reportagem convence o leitor de que Dilma Rousseff teve, sim, problemas graves de saúde mas segue em boas condições e sob controle médico, resta concluir que as informações foram facilitadas pelo próprio governo, com a participação dos especialistas que a atendem.

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