Ainda que muitos analistas proclamem o fim do debate político entre direita e esquerda, há esta diferença no ideário político, sobretudo no Brasil.
A crise da direita brasileira está na sua perda de identidade, isso tudo agravado com as sucessivas derrotas eleitorais nos últimos anos.
Na verdade, a direita brasileira nunca foi adepta ao sistema democrático. Suas origens vêm do idealismo golpista.
È público e notório que a direita sempre teve seus partidos que davam vazão às suas idéias e às suas ambições de poder.
A velha UDN de Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, Arnon de Mello, dentre outros, tinha forte ascensão em importantes setores das Forças Armadas, do mesmo modo, tão golpistas quanto a UDN.
Eles eram contra a criação da Petrobras, a Consolidação das Leis Trabalhistas, as reformas de base, a construção de Brasília, a posse de Jango.....
A UDN defendia o liberalismo econômico, a não intervenção do Estado na economia, e a oposição sistemática ao trabalhismo e a democracia.
Com a efetivação do golpe de 64 finalmente a direita volta ao poder no Brasil e vale lembrar que a UDN foi um dos partidos principais da conspiração contra a democracia.
Contudo, a UDN foi da mesma forma traída com a decretação do Ato institucional II, que estabelecia a dissolvição de todos os partidos políticos criando em seguida um sistema bi partidário. O MDB oposição ao regime Militar e a Arena base de sustentação ao regime.
Obviamente todos os grandes nomes da UDN foram para a Arena.
Em fim, a direita brasileira estava agora representada na Arena, cúmplice fiel ao golpe, à democracia e às barbáries do regime militar.
O Brasil ali começava a seu longo período de obscuridão sob o regime ditatorial direitista.
A Arena, durante sua existência, apresentou ao Brasil inúmeros personagens da nossa política, personagens esses que foram fieis escudeiros dos militares e atuam na política ate hoje.
Podemos citar figuras Arenistas como José Sarney, Marco Maciel, Antonio Carlos Magalhães, Paulo Maluf, Jarbas Passarinho, Delfim Neto, Roberto Campos entre outros inúmeros nomes.
Com o fim do sistema bipartidário no Brasil e o começo da abertura política, surge o PDS que agregaria o ideário direitista do Brasil.
O PDS então, tornara-se o partido oficial do regime até as eleições presidenciais indiretas de 1985. Vale ressaltar que Maluf fora o candidato oficial do regime contra Tancredo Neves, e Sarney foi vice de Tancredo rompendo com o PDS Malufista.
Contudo, o Brasil amargou a morte de Tancredo Neves e viu um ex-filhote da Arena assumir o poder no Brasil.
Em 1985, também surge o PFL, também dissidente do PDS que da mesma forma representava o ideário direitista brasileiro.
O PFL profissionalizou-se em apêndice de governo, pois participou do governo Sarney, do governo Collor e do governo FHC.
Esses governos sempre representaram o que a velha direita sempre pregou o que fez do PFL um aliado sempre presente nestas administrações.
Com a eleição de Lula em 2002 a direita finalmente fora derrotada.
Daí surge a grande crise da direita brasileira.
O PFL maior partido da direita brasileira juntamente com setores do PSDB e do PPS apostou numa oposição raivosa contra o governo Lula.
Sob o manto hipócrita e da moralidade bateram sistematicamente no governo.
Porém, Lula se reelegeu em 2006 enfraquecendo ainda mais a direita brasileira.
Com um senso de oportunismo apurado, o PFL em 2007 tenta uma nova roupagem, e se transforma em DEM. Obviamente irônico, uma vez que o PFL de origem golpista e Udenista agora se apresenta como democrata.
Contudo, essa nova roupagem não funciona, pois o ideário direitista não mais convence a sociedade brasileira.
Como última esperança, o DEM apostou nas eleições de 2010 apoiando José Serra do PSDB, campanha esta que trouxe velhos ranços do discurso conservador, preconceituoso e raivoso.
Mais uma vez a direita amargou uma derrota, com Dilma eleita a primeira mulher Presidente do Brasil.
Hoje, o DEM vive uma profunda divisão, sabe que a democracia brasileira está forte, e que seu discurso não convence mais e piora a cada eleição perdendo mais espaço.
Este é o grande dilema que vive a direita brasileira oficial.
Evidentemente que muitos setores da direita apóiam o Governo por oportunismo, mas não conseguem mais influenciar os rumos que o país vem seguindo.
Cabe ao DEM uma nova identidade, novas lideranças, novas propostas...
Ate por que a direita é importante para balizar a própria esquerda.
Eduardo, só agora vi seu comentário lá na Falha de São Pedro. Respondi por lá, mas adianto que pode publicar minhas postagens por aqui, se quiser. Basta citar a fonte e publicar o texto original (pode ser inteiro, ou só uma parte).
ResponderExcluirAbraços,
Leandro Arndt