terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Direita e Esquerda em desequilíbrio.

A crise da direita brasileira. 
Ainda que muitos analistas proclamem o fim do debate político entre direita e esquerda, há esta diferença no ideário político, sobretudo no Brasil.

A crise da direita brasileira está na sua perda de identidade, isso tudo agravado com as sucessivas derrotas eleitorais nos últimos anos.

Na verdade, a direita brasileira nunca foi adepta ao sistema democrático. Suas origens vêm do idealismo golpista.

È público e notório que a direita sempre teve seus partidos que davam vazão às suas idéias e às suas ambições de poder.

A velha UDN de Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, Arnon de Mello, dentre outros, tinha forte ascensão em importantes setores das Forças Armadas, do mesmo modo, tão golpistas quanto a UDN.

Eles eram contra a criação da Petrobras, a Consolidação das Leis Trabalhistas, as reformas de base, a construção de Brasília, a posse de Jango.....

A UDN defendia o liberalismo econômico, a não intervenção do Estado na economia, e a oposição sistemática ao trabalhismo e a democracia.

Com a efetivação do golpe de 64 finalmente a direita volta ao poder no Brasil e vale lembrar que a UDN foi um dos partidos principais da conspiração contra a democracia.

Contudo, a UDN foi da mesma forma traída com a decretação do Ato institucional II, que estabelecia a dissolvição de todos os partidos políticos criando em seguida um sistema bi partidário. O MDB oposição ao regime Militar e a Arena base de sustentação ao regime.

Obviamente todos os grandes nomes da UDN foram para a Arena.

Em fim, a direita brasileira estava agora representada na Arena, cúmplice fiel ao golpe, à democracia e às barbáries do regime militar.

O Brasil ali começava a seu longo período de obscuridão sob o regime ditatorial direitista.

A Arena, durante sua existência, apresentou ao Brasil inúmeros personagens da nossa política, personagens esses que foram fieis escudeiros dos militares e atuam na política ate hoje.

Podemos citar figuras Arenistas como José Sarney, Marco Maciel, Antonio Carlos Magalhães, Paulo Maluf, Jarbas Passarinho, Delfim Neto, Roberto Campos entre outros inúmeros nomes.

Com o fim do sistema bipartidário no Brasil e o começo da abertura política, surge o PDS que agregaria o ideário direitista do Brasil.

O PDS então, tornara-se o partido oficial do regime até as eleições presidenciais indiretas de 1985. Vale ressaltar que Maluf fora o candidato oficial do regime contra Tancredo Neves, e Sarney foi vice de Tancredo rompendo com o PDS Malufista.

Contudo, o Brasil amargou a morte de Tancredo Neves e viu um ex-filhote da Arena assumir o poder no Brasil.

Em 1985, também surge o PFL, também dissidente do PDS que da mesma forma representava o ideário direitista brasileiro.

O PFL profissionalizou-se em apêndice de governo, pois participou do governo Sarney, do governo Collor e do governo FHC.

Esses governos sempre representaram o que a velha direita sempre pregou o que fez do PFL um aliado sempre presente nestas administrações.

Com a eleição de Lula em 2002 a direita finalmente fora derrotada.

Daí surge a grande crise da direita brasileira.

O PFL maior partido da direita brasileira juntamente com setores do PSDB e do PPS apostou numa oposição raivosa contra o governo Lula.

Sob o manto hipócrita e da moralidade bateram sistematicamente no governo.

Porém, Lula se reelegeu em 2006 enfraquecendo ainda mais a direita brasileira.

Com um senso de oportunismo apurado, o PFL em 2007 tenta uma nova roupagem, e se transforma em DEM. Obviamente irônico, uma vez que o PFL de origem golpista e Udenista agora se apresenta como democrata.

Contudo, essa nova roupagem não funciona, pois o ideário direitista não mais convence a sociedade brasileira.

Como última esperança, o DEM apostou nas eleições de 2010 apoiando José Serra do PSDB, campanha esta que trouxe velhos ranços do discurso conservador, preconceituoso e raivoso.

Mais uma vez a direita amargou uma derrota, com Dilma eleita a primeira mulher Presidente do Brasil.

Hoje, o DEM vive uma profunda divisão, sabe que a democracia brasileira está forte, e que seu discurso não convence mais e piora a cada eleição perdendo mais espaço.

Este é o grande dilema que vive a direita brasileira oficial.

Evidentemente que muitos setores da direita apóiam o Governo por oportunismo, mas não conseguem mais influenciar os rumos que o país vem seguindo.

Cabe ao DEM uma nova identidade, novas lideranças, novas propostas...

Ate por que a direita é importante para balizar a própria esquerda.





Henrique Matthiesen


Um comentário:

  1. Eduardo, só agora vi seu comentário lá na Falha de São Pedro. Respondi por lá, mas adianto que pode publicar minhas postagens por aqui, se quiser. Basta citar a fonte e publicar o texto original (pode ser inteiro, ou só uma parte).

    Abraços,
    Leandro Arndt

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